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Entenda o que é carne industrial e como a sua produção afeta o meio ambiente

O termo “carne industrial” é usado para denotar um segmento da produção de alimentos de origem animal. Em geral, ela é reconhecida como todo tipo de carne produzida através de grandes indústrias que controlam parte da cadeia de mantimentos.

Com a expansão da indústria da carne, seus sistemas de produção foram adaptados de acordo com a demanda do alimento. Assim, métodos como o confinamento de animais e outras técnicas de controle moldaram a produção de carne no mundo todo. 

Entretanto, os quatro maiores frigoríficos do mundo controlam mais de 80% da indústria. Esse monopólio, em conjunto com a alta produção de carne, resulta em um sistema de alta intensidade, seja no meio ambiente como nos animais. 

Portanto, a carne industrial é responsável por grande parte dos impactos ambientais derivados da produção de alimentos, que, ao todo, causa 35% de todas as emissões de gases do efeito estufa do mundo. Dentro desses 35%, a carne contabiliza mais da metade das emissões, mostrando-se um grande capacitador da crise climática

Entenda a produção da carne de confinamento

Qual é o problema da carne industrial? 

Diversos fatores da produção da carne industrial possuem impactos ambientais, incluindo:

Desmatamento

A criação de gado é essencial para a produção de carne industrial. Porém, com a produção em massa resultante de uma alta demanda, a expansão de áreas de pasto resulta no desmatamento de milhares de hectares de áreas verdes ao redor do mundo. 

A floresta amazônica comporta cerca de 40% de toda a concentração de rebanhos bovinos do Brasil e já perdeu 17% de todo o seu território devido ao desmatamento. Embora a agropecuária seja apenas uma das diversas atividades intensivas na Amazônia, de acordo com dados da ONU, cerca de 40% das terras do planeta já foram degradadas por ações humanas, com a maior parte dos danos causados sendo um resultado da produção de alimentos.

Emissões de gases do efeito estufa

Dentro da agropecuária, incluindo a produção de carne industrial, diversos fatores são responsáveis por emissões de gases do efeito estufa. O metano, por exemplo, é um dos gases do efeito estufa mais significativos em potencial de agravamento do aquecimento global e é liberado em grandes quantidades através da produção de gado para o consumo humano. 

Além disso, a agropecuária também é responsável pela liberação de gases do efeito estufa através da produção de ração, transporte de animais e emissões liberadas pelo processo de abate.

Uso da água

A produção de um quilo de carne bovina consome, em média, 15.415 litros de água. Isso é um resultado da água necessária para sustentar e alimentar os animais ao longo do tempo antes do abate, do processamento e embalagem de produtos e rega dos pastos. Além disso, a produção de alimentos para o gado requer quase 20% da água doce do mundo.

Em comparação com proteínas de origem vegetal, como de legumes, o uso da água para a produção de proteína animal, como a carne industrial, é seis vezes maior, resultando em uma pegada hídrica significativa. 

Fertilizantes

Os fertilizantes são comumente utilizados na plantação para alimentar o gado. Eles são criados a partir da mistura de esterco e outros produtos químicos ricos em nitrogênio, que são usados ​​para melhorar a qualidade do solo para muitos grãos prontos para ração, como o milho e a soja — que possui uma área de plantação de mais de 75 milhões de hectares ao redor do mundo, com a sua maior parte indo para a alimentação do gado. 

Entretanto, boa parte dos fertilizantes derivados da produção de carne industrial possuem uma ameaça ao meio ambiente. Ao serem dissolvidos no solo, o óxido nitroso de sua composição é liberado, contribuindo para o aquecimento global. 

Por outro lado, os fertilizantes muitas vezes acabam no escoamento que é levado para grandes fontes de água, causando danos à bacia hidrográfica mundial. 

Entenda quais são os poluentes da atividade agropecuária

Qual é o efeito da carne industrial na saúde humana? 

Além de oferecer riscos ao meio ambiente, a carne industrial já foi associada a diversas condições de saúde, como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. Entretanto, boa parte da preocupação com o seu consumo também provém dos farmacêuticos usados no tratamento do gado. 

A carne industrial depende do uso de produtos farmacêuticos para continuar a produção em massa, que resultam em animais maiores, com tempo de vida mais curtos e com resistência a algumas doenças que podem afetar o gado. 

De acordo com uma pesquisa de 2015, o uso de antibióticos em animais pode aumentar o risco de transmissão de bactérias resistentes a medicamentos para humanos, seja por infecção direta ou pela transferência de “genes de resistência da agricultura para patógenos humanos”. A resistência a antibióticos é responsável por 25.000 mortes anuais na União Europeia e 23.000 mortes anuais nos EUA. (1)

O que fazer? 

Seguindo a lógica, a interrupção do consumo da carne industrial pode evitar grande parte dos problemas oferecidos por esse alimento. De fato, diversas pesquisas já comprovaram os benefícios ambientais e à saúde associados à dietas sem carne. 

Uma matéria publicada pelo site Scientific American conseguiu comprovar que a eliminação total de carne e seus derivados pode salvar o planeta do colapso ambiental. Se essa substituição acontecesse e o consumo de carne fosse extinto em até 15 anos, as emissões de dióxido de carbono anuais diminuiriam em 68%, número equivalente a 1 bilhão de toneladas de CO2.

Adicionalmente, dietas sem carne podem aumentar as bactérias intestinais saudáveis, que contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico e para a diminuição de bactérias aeróbicas nocivas no organismo. 

No entanto, essa transição, principalmente devido à familiaridade da carne na rotina, pode ser complicada. Portanto, é recomendável começar em passos pequenos, como a própria redução do consumo de carne. 

Por outro lado, se comprometer à uma adaptação para dietas veganas e vegetarianas também pode não ser viável para grande parte da população. Por isso, a redução pode ser um método mais simples para minimizar o impacto da dieta no meio ambiente e na saúde.

Quer saber como começar? Veja algumas dicas em nosso vídeo: 


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