O smartphone é um aparelho celular que possui um sistema operacional. É esse sistema que permite ao item exercer distintas funções por meio de programas ou aplicativos (os famosos apps), algo que era comum apenas em computadores. Os pequenos aparelhos têm revolucionado a vida de muitas pessoas, pois não importa em que local o usuário esteja (casa, trabalho, rua, praia), ele sempre poderá se conectar com o mundo e executar uma infinidade de tarefas complexas com a ponta de seus dedos. O smartphone se tornou um bem quase essencial no dia a dia contemporâneo, mas pouca gente conhece os impactos ambientais causados por esse celular inteligente.
Se antes o celular era usado principalmente para fazer ligações, hoje o smartphone faz quase tudo menos chamadas. É um verdadeiro minicomputador. Com tantos atrativos, a indústria de smartphones cresceu rapidamente e lança novas funcionalidades “essenciais” em uma enxurrada de aparelhos. Mas eles não duram muito, pois a obsolescência é muito bem programada pelos fabricantes. Você já deve ter passado pela situação de, após um certo período, ver seu smartphone começar a apresentar defeitos diversos, sem nenhuma razão aparente senão o fato de ele estar ficando velho. Esse é apenas um dos impactos ambientais dos novos celulares.
Se muitos “computadores de bolso” são produzidos anualmente, todos eles deixam rastros no planeta, pois requerem matérias-primas que são extraídas de diversas partes da natureza e o processo de fabricação possui pegadas (ecológica ou ambiental, hídrica e de carbono) bastante significativas.
Dentre os diversos recursos extraídos do meio ambiente para a produção de um smartphone, destacam-se minerais como lítio, tântalo e cobalto, além de metais raros, como a platina, o que intensifica a pegada global em 18 m² de solo, 12.760 l de água e 16 kg de emissões de carbono. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), em um banho econômico de chuveiro elétrico, utilizamos aproximadamente 15 l de água. Portanto, poderíamos tomar 850 banhos com a mesma quantidade de água utilizada na produção de um único smartphone.
Outro ponto impactante ao meio ambiente são os elementos de terras raras que são utilizados para a fabricação de imãs, baterias, luzes de LED, alto-falantes, placas de circuito impresso e telas de vidro polido. O mercado mundial desses elementos é dominado pela China que, ao extrai-los, causa fortes impactos ao meio ambiente. Os resíduos de sua extração incluem o arsênio, bário, cádmio, chumbo, fluoretos e sulfatos – a partir de uma tonelada de minério, 75 mil litros de efluentes ácidos são gerados, além de uma enorme quantidade de efluente gasoso e pouco menos de uma tonelada de resíduos radioativos.
O estanho é outro elemento de grande devastação ambiental e que está presente nos smartphones. Segundo a Friends of the Earth, a ilha de Bangka, na Indonésia, que fornece um terço da oferta mundial de estanho, sofre muito com esta mineração; além da prática causar fortes consequências ambientais ao meio ambiente local, destruindo florestas costeiras, contaminando a água potável, degradando o solo, danificando os recifes de corais e afetando populações de peixes. Além disso, a extração manual do estanho tem causado altas taxas de mortalidade e de ferimentos horríveis para os trabalhadores envolvidos.
A Trucost, empresa que calcula os custos ocultos do uso insustentável dos recursos naturais, obteve dados referentes às pegadas do smartphone. As embalagens foram responsáveis por mais de 50% da pegada ambiental de um smartphone; já as matérias-primas, como colas e plásticos, excluindo a mineração e as embalagens, foram responsáveis por mais de 39% da pegada. A fabricação dos componentes e a montagem do smartphone representaram a maior pegada hídrica de todo o processo, com aproximadamente 40% da água total gasta no processo – desses 40%, praticamente 95% são de água cinza, usada para diluir os seus poluentes.
Além disso, estudos indicam que as emissões decorrente da fabricação de um novo celular representam 85% a 95% do total de CO2 emitido pelo aparelho ao longo de seus dois anos de vida – em especial por conta da extração dos materiais raros que compõem o interior do celular. Leia mais na matéria: “Impacto dos smartphones no planeta é maior do que se podia imaginar“.
Existem diversos sites para calcular as suas pegadas. Mude de conceito, reduza a sua pegada hídrica, sua pegada de carbono e sua pegada ecológica. E não troque o seu aparelho celular só porque lançaram um modelo novo, prefira produtos ecologicamente corretos, desligue aparelhos eletrônicos da tomada quando não estiverem em uso (já que assim eles também consomem energia), recicle ou descarte de forma correta suas pilhas e baterias, desligue suas lâmpadas e troque-as por opções mais econômicas, obtenha uma relação mais agradável com o meio ambiente e, por fim, tenha uma pegada mais leve.
Também não é necessário deixar de usar o celular ou se desligar de toda a tecnologia que facilita a vida em diversos pontos, apenas reflita antes de fazer uma simples compra. Vai ser realmente importante adquirir um celular novo? O seu modelo antigo não pode durar mais um pouquinho? Qual os impactos ambientais que meu celular vai deixar?
Assista ao vídeo “Alo? Chamada para acordar! O perigo de um simples celular” que mostra os perigos no ciclo de vida de um smartphone por meio de animações.
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