Cérebro “prefere” alimentos que sejam mais calóricos aos mais saborosos para armazenar energia

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A pesquisa verificou que o valor calórico e a reação de sabor evocam diferentes vias do cérebro

Imagem: Pixabay/ CC0 Public Domain

Alimentos para o cérebro podem ser mais diferentes do que imaginávamos. A sensação de prazer que sentimos quando comemos um doce nem sempre é a melhor opção, sabe por quê? O cérebro “prefere” alimentos que sejam mais calóricos aos mais saborosos para armazenar energia.

Um estudo feito pela Yale University, nos Estados Unidos, em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e do Centro de Matemática, Computação e Cognição da Universidade Federal do ABC (CMCC-UFABC) foi o responsável pela descoberta.

A pesquisa verificou que o valor calórico e a reação de sabor (que é percebida pela liberação de dopamina no organismo) evocam diferentes vias do cérebro. Segundo Tatiana Lima Ferreira, pesquisadora do CMCC-UFABC e atuante no estudo, “observamos que há diferentes circuitos neuronais em uma mesma região cerebral envolvidos na percepção da sensação de prazer proporcionada pela ingestão de um alimento doce que são diferentes, por exemplo, daqueles que codificam a caloria desses alimentos”.

O experimento foi feito com camundongos e tornou possível que os pesquisadores percebessem que a sensação de prazer e o valor nutricional evocam circuitos do estriado (região do cérebro), contudo, são distintos: os circuitos neuronais da parte ventral do estriado são responsáveis pela sensação de prazer (que é sentida quando se come algo adocicado), enquanto os neurônios da parte dorsal se responsabilizam em reconhecer o valor calóricos destes alimentos.

A pesquisa

O estudo foi desenvolvido utilizando ratos de laboratório que lambiam o bico de um bebedouro com adoçante não calórico e outra com açúcar. Assim, analisou-se o nível de dopamina liberada e notou-se que independentemente do valor calórico, a dopamina era liberada no estriado ventral assim que sentia um gosto agradável. “Os circuitos neuronais dessa região do cérebro não discriminam se o alimento que está sendo ingerido tem ou não caloria. Basta que ele seja palatável para a dopamina ser ativada nessa região”, afirmou Ferreira.

Em contrapartida, do lado dorsal do cérebro libera dopamina quando entra em contato com alimentos mais calóricos, e, tem uma diminuição significativa no nível de prazer encontrado no lado ventral. Isso ocorre porque o cérebro seleciona os alimentos que vão lhe ser mais útil (ou seja, mais calórico) para guardar energia necessária para o corpo.

A partir desses dados, Ferreira concluiu que “dados indicam que o açúcar recruta neurônios da via dopaminérgica ao estriado, que, em geral, priorizam a ingestão de caloria, mesmo em uma situação desagradável com relação ao sabor do alimento”. Assim, é possível perceber que apesar da opção normal de querer aquilo que é de agrado, o seu cérebro vai contra, indo em direção sempre ao que é mais calórico.



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