Os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) são unidades que têm por finalidade receber e promover o cuidado de animais silvestres, principalmente apreendidos e resgatados do tráfico de animais. Além disso, os Cetas também recebem animais silvestres que são entregues pela população de maneira voluntária, sem qualquer custo.
É trabalho das equipes dos Cetas avaliar, tratar, recuperar e reabilitar esses animais, para que retornem à natureza, lugar de onde nunca deveriam ter sido retirados.
Em 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) era responsável por 24 Cetas. A lista atualizada e os contatos, por estado, estão no site do Ibama.
No entanto, existem outros Cetas, espalhados pelo Brasil, administrados por órgão municipais ou estaduais, ONGs, universidades e instituições privadas. Esses centros de apoio também são conhecidos como Cras ou Cetras, mas podem ter siglas específicas, de acordo com a entidade que os mantém.
A Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, por exemplo, conta com uma lista indicando os centros de atendimento de todo o estado.
É possível encontrar informações como essa, nos sites das Secretarias do Meio Ambiente de cada município ou estado.
Fauna significa vida animal e define grupos de animais que podem ter características variadas, dependendo do bioma que habitam e da época em que vivem. Dadas as características de cada grupo, a fauna pode ser dividida em silvestre, exótica, doméstica e sinantrópica.
Os animais silvestres são catalogados como espécies nativas ou migratórias. Um animal nativo é aquele que nasce naturalmente e pertence a determinado ecossistema. A onça pintada é um bom exemplo de animal silvestre nativo do Brasil.
As espécies migratórias também são consideradas nativas mas, como algumas espécies de aves por exemplo, se deslocam sazonalmente, migrando entre diferentes regiões.
Por outro lado, uma espécie exótica é aquela que foi introduzida numa região fora de sua origem. Esse tipo de introdução pode trazer um viés negativo, como o caso dos castores na província de Tierra del Fuego, na Patagônia argentina.
Com a intenção de desenvolver o comércio de peles na região, castores, originalmente encontrados no Canadá, foram inseridos no ecossistema patagônico, em 1946. Décadas depois isso se mostrou um terrível erro, pois a ausência de predadores naturais causou a superpopulação de castores e, por consequência, a degradação ambiental, com a derrubada de inúmeras árvores.
A fauna doméstica, por sua vez, inclui aqueles animais que têm forte dependência do ser humano, que são provenientes de animais silvestres, mas que se adaptaram (ou foram adaptados) e podem, inclusive, ter uma aparência diferenciada.
Cães e gatos são clássicos exemplos de animais domésticos presentes em nosso cotidiano. Mas além desses, animais usados em competições esportivas, como cavalos ou ainda para fins pecuaristas, como vacas e porcos, também são classificados assim.
Já a fauna sinantrópica é composta por animais que vivem em áreas habitadas por humanos, compartilhando seus recursos. Pombos domésticos, maritacas e ratos, são algumas das espécies de animais que vivem e sobrevivem no meio urbano.
No Brasil, o órgão responsável pelo mapeamento da fauna é o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo o Instituto, o Brasil tem a maior biodiversidade do mundo.
Dividida entre ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, toda essa riqueza e variedade de espécies traz consigo uma grande preocupação: o risco da extinção.
Em agosto de 2023, o ICMBio lançou o Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade, a plataforma Salve. O projeto, que vinha sendo desenvolvido desde 2016, tem por objetivo melhorar a gestão das avaliações de risco de extinção de espécies. Além disso, ele é responsável por organizar o catálogo de informações sobre a fauna brasileira.
De acordo com o Salve, em fevereiro de 2024, o território brasileiro possuía 1253 espécies de fauna ameaçadas de extinção. Nesse números estão incluídas diferentes espécies:
Um estudo, publicado pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), analisou o mecanismo de rewilding (refaunação) e destacou a importância da conservação da fauna e flora para manter os ecossistemas em harmonia.
Os animais são os responsáveis por espalhar sementes e pólen na natureza, essenciais para o equilíbrio ecológico. O Salve mostra que, de todos os biomas brasileiros, a Mata Atlântica é o que mais tem espécies vulneráveis e em perigo de extinção. Esse fato está diretamente relacionado à degradação vegetal, que é maior nesse bioma do que em qualquer outro.
Ações antrópicas são a principal causa da extinção de espécies animais (e de toda a biodiversidade). Atividades de caça, a pesca predatória, o desmatamento, a degradação ambiental, o agravamento da poluição em diferentes níveis e, por consequência, as mudanças climáticas, são os fatores que implicam na dizimação das espécies.
O descarte irresponsável e o acúmulo de lixo nos ambientes terrestres e aquáticos destroem habitats. Incêndios florestais causam o sofrimento e a morte de inúmeros animais, além de destruírem biomas inteiros. O aumento desenfreado de áreas urbanas ou agropecuárias pressiona os ecossistemas e obriga os animais a saírem em busca de alimentos, correndo riscos de todo tipo de acidente.
Apesar de todos esses fatores contribuírem para o sofrimento e a extinção dos animais, as pesquisadoras apontam que o grande destruidor de fauna no Brasil é o tráfico ilegal de animais.
O hábito de criar animais silvestres, em ambientes domésticos, é uma herança bem inconveniente, que vem desde os tempos de Brasil Colônia. Já nessa época, principalmente aves costumavam ser capturadas e mantidas em cativeiro, como parte da decoração, por conta de suas características.
Nos tempos modernos, essa prática financia o tráfico ilegal de animais e os maus tratos que esses seres sofrem em razão disso.
A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) estima que 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza anualmente. Além disso, nove de cada dez animais, vítimas do tráfico, morrem devido às péssimas condições de armazenamento e transporte.
Além disso, o tráfico de animais silvestres também traz uma série de riscos biológicos para a humanidade. É só lembrar que o coronavírus, o vírus que desencadeou a pandemia de Covid-19, tem ligação com espécies de morcegos.
A Renctas também reforça que o tráfico de animais silvestres é a terceira maior atividade ilegal do planeta, perdendo apenas para o tráfico de armas e de drogas. Só no Brasil, essa atividade cruel movimenta cerca de 2 bilhões de dólares anualmente.
A dignidade e o respeito aos animais está presente no artigo 225 da Constituição e mantém como obrigatório a todo cidadão “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”.
Para além da obrigatoriedade, o respeito à vida e a dignidade dos animais é uma questão de humanidade, de consciência ecológica e de entendimento de que dividimos esse planeta com outros seres vivos, sencientes, que são tão (ou mais) donos dessa terra quanto nós.
Um informativo, divulgado pelo Ibama, orienta sobre o que fazer e o que não fazer, caso você encontre animais silvestres debilitados, feridos ou ainda, filhotes sozinhos.
Não é recomendado tocar ou pegar o animal, a não ser que não apresente risco para a sua segurança e o animal precise de socorro imediato. Em caso de contato, utilize luvas, isso evita o risco de contrair possíveis doenças.
Se encontrar filhotes, o recomendado é não tirá-los do local até que se tenha certeza de que são órfãos. O Ibama também alerta que animais mamíferos podem parecer sozinhos e perdidos, enquanto os pais saem em busca de alimento.
É comum que filhotes de aves, que estão aprendendo a voar, passem dias no chão, quando ainda são alimentados por seus pais. Caso encontre um filhote de ave ferido, procure pelo ninho e o devolva. Caso não seja possível, encontre um lugar seguro nas proximidades, onde os pais possam ver e improvise um ninho.
Além disso, você pode entrar em contato com a Guarda Municipal, a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros (disque 193) do seu município.
Para denúncias sobre maus-tratos ou comércio ilegal de animais, você também deve contatar a Polícia Ambiental.
Em caso de emergência, disque 190 e fale com a Polícia Militar. Não se esqueça, possuir qualquer animal silvestre sem licença é ilegal e crime previsto em lei.
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