A China quer deixar de ser a “lixeira do mundo” e desde o dia 1º de janeiro baniu a entrada de 24 categorias de materiais e despejos sólidos no país. A indústria do lixo é um assunto sobre o qual muita gente não tem conhecimento, mas que movimenta muito dinheiro e ajuda os países no modo como eles lidam com seus dejetos. Os países ricos, em especial, costumam vender boa parte de seu lixo para países mais pobres, que os reciclam.
Até o final de 2017, a China foi um dos grandes compradores do lixo mundial – em 2016, por exemplo, 70% de todo o plástico descartado no mundo foi para a China, sendo reciclado ou se acumulando em lixões por lá. Só de plástico foram 7,3 milhões de toneladas, incluindo o volume que entra por Hong Kong. O país importou mais de 163 milhões de toneladas de lixo dos países desenvolvidos, em sua maioria proveniente dos Estados Unidos, União Europeia e Japão. Segundo dados da ONU, o comércio desses produtos com a China e Hong Kong movimentou US$ 21,6 bilhões em 2016.
Até o Brasil chegou a enviar resíduos para os chineses. Em 2017, foram vendidas 25,3 mil toneladas de papéis para reciclagem, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) levantados pela BBC Brasil. Além disso, o país asiático também recebeu 14,6 mil toneladas de resíduos e restos de metais para reciclagem, principalmente cobre (12,3 mil toneladas), alumínio e aço.
Mas o gigante asiático não quer mais lidar com o lixo dos outros. A decisão foi anunciada em julho na Organização Mundial do Comércio e causou preocupação nos países desenvolvidos. Entre os materiais que não serão mais comprados estão alguns tipos de plástico recicláveis, papéis mesclados e restos de tecido – por enquanto o país continuará comprando papelão, por exemplo.
A China começou a comprar lixo nos anos 1980, para suprir a demanda por matérias-primas através da reciclagem. Atualmente, porém, conforme sua população e poder de compra cresceram, o país já produz o lixo de que precisa para suprir sua demanda por produtos reciclados. Com isso, o olhar das autoridades chinesas se voltou para a contaminação e poluição causadas pelo yang laji, o “lixo estrangeiro”.
Um dos exemplos emblemáticos do problema que o lixo importado causa na China é o bairro de Guiyu, na cidade de Shantou, no sul do país. Ali, montanhas de lixo de todos os tipos se acumulam pelas ruas e a localidade tem um dos mais elevados índices de câncer do país. Uma boa parte das resíduos que chegam na cidade, no entanto, entra de forma ilegal, pois há empresas que não seguem as normas de reciclagem chinesas e preferem contrabandear o seu lixo.
O setor de reciclagem conta com várias empresas sediadas na China e muitas delas já estão transferindo suas produções para países do sudeste asiático, que contam com regras menos rígidas tanto para o recebimento de materiais quanto para as condições dos trabalhadores. Nos Estados Unidos e na Europa já há portos abarrotados de lixo a espera de uma destinação.
Países como Índia, Paquistão, Bangladesh, Tailândia, Vietnã, Camboja e Malásia são possíveis destinos para o lixo reciclável, mas essa não é uma solução viável a longo prazo. Nenhum desses países conta com o espaço ou a infraestrutura oferecidas pela China e transferir os resíduos para lá só irá gerar novos focos de poluição e contaminação. Repensar a produção de lixo é a grande urgência e deveria passar a ser o foco de todos os países.
Confira o vídeo e entenda mais sobre a questão do descarte de lixo na China.
Veja onde descartar os seus itens corretamente. Sempre que possível, evite a produção de lixo (saiba como diminuir os resíduos que vão para o lixo comum). Faça compostagem do lixo orgânico e reutilize frascos e embalagens. Confira 15 dicas rápidas de como reutilizar o lixo que não é lixo.
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