Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia também é cotitular da patente que foi depositada em 2013 e teve registro no Inpi publicado neste ano
Um líquido rico em antioxidantes, fibras alimentares, vitamina C e açúcar. Esse é o mel de cacau, extraído da polpa do fruto, e durante muitos anos praticamente ignorado na confecção de chocolates, que utiliza somente as sementes do cacau. Mas estudos liderados por pesquisadores da USP e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) revelaram que o mel de cacau pode ser usado como um adoçante natural para o chocolate, trazendo melhor aproveitamento do fruto, além de agregar maior valor nutricional.
Essa descoberta foi feita em 2012, quando a professora Suzana Caetano da Silva Lannes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, e o professor Marcondes Viana da Silva, da Uesb, lideraram pesquisas para fazer o processamento do mel de cacau e utilizá-lo como um adoçante natural no chocolate, além da formulação de um sorvete à base do líquido extraído do fruto.
Para assegurar a propriedade da invenção, em 2013, eles entraram com o pedido de registro da patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), através da Agência USP de Inovação. E o resultado saiu em fevereiro deste ano.
O título da invenção é Composição Alimentícia com Mel de Cacau e é de titularidade (propriedade) da USP e da Uesb. Além dos professores das duas universidades, constam como inventores Elias Nascimento da Silva e Danilo da Cruz Ramos (ex-estudantes de iniciação científica da Uesb que colaboraram na pesquisa) e Fernando Su (ex-estudante da USP).
“O mel de cacau pode ser extraído de duas formas: centrifugando a polpa ou quando você abre o fruto; nessa abertura, escorre muito líquido. Ele tem uma série de propriedades antioxidantes, um teor de açúcar muito grande, vitamina C, e tudo isso determinamos nas nossas análises”, explica a professora Suzana.
Ela conta que durante os estudos eles avaliaram o processo de secagem do mel de cacau para colocar no chocolate. “Fizemos os testes substituindo a sacarose do chocolate, que é estruturante, pelo pó do mel do cacau, conservando todas suas propriedades bioativas.” Foi justamente o processamento e aplicação do mel do cacau que foi patenteado.
Para Marcondes Viana da Silva, da Uesb, a aplicação tecnológica do mel de cacau, em composições alimentícias, vai agregar valor nutricional aos produtos formulados, além de trazer o conceito de sustentabilidade à produção de cacau.
“Com o aproveitamento deste subproduto, permite-se, assim, a competitividade no mercado, exclusividade na exploração, possibilidade de sua comercialização, valorização do esforço despendido, proteção legal contra exploração por terceiros e contribuição para a sociedade”, declarou em entrevista ao site de notícias da Uesb.