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Chuva artificial é uma tecnologia utilizada para produzir chuva independente dos fenômenos naturais

A chuva artificial, conhecida cientificamente como bombardeamento ou semeadura de nuvens, é uma técnica utilizada com o objetivo de fazer com que as partículas de água das nuvens se juntem, formando gotas para a produção de chuvas. O primeiro cientista a dar o passo inicial para criação das chuvas artificiais foi Frederico di Carlo de Marco, um pesquisador e médico brasileiro.

Como funciona a chuva artificial?

Para que ocorra essa aglutinação, geralmente são usados sais de prata, como iodeto de prata. Isso acontece porque essas substâncias possuem geometria semelhante a de cristais de gelo. Outras possíveis substâncias que podem ser utilizadas são cloreto de sódio, dióxido de carbono sólido (gelo seco), água e carvão ativado.

Esses sais atuam como núcleos de condensação que, ao entrarem em contato com vapor d’água, agregam gotículas de água grandes o suficiente até que formem gotas mais pesadas. Elas se precipitam e fazem chover. O bombardeamento pode ser feito do céu. É feito o uso de aviões ou foguetes que dispersam as substâncias aglutinadoras dentro das nuvens para aumentar a chance de chover.

A chuva artificial não é uma técnica nova e já foi utilizada em situações curiosas. Por exemplo, durante a Olimpíada de Pequim, em 2008, que causou chuva antes das competições para evitar que o clima afetasse as disputas.

Importância da chuva

Existem regiões do mundo em que ocorrem poucas chuvas. Nos desertos do Saara, Atacama, Arábia, Dubai e Emirados Árabes Unidos, por exemplo, o índice de umidade é baixíssimo. Isto dificulta a formação de nuvens e das chuvas.

Além de ser fundamental para a manutenção da vida na Terra, a água da chuva tem importância no desenvolvimento de atividades econômicas. Em relação à produção agrícola, a água pode representar até 90% da composição física das plantas. A escassez de água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir lavouras e até ecossistemas. Na indústria, para se obter diversos produtos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produzido de material.

Por isso, a chuva artificial já é uma tecnologia muito utilizada em diversos países, principalmente na China e na Índia.

Chuva artificial no Brasil

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Imagem de reza shayestehpour no Unsplash

Em 1950, o Estado do Ceará começou seus primeiros experimentos de chuva artificial para tentar contornar a seca no Semiárido. O programa, criado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), durou décadas até ser encerrado no ano de 2000, por não demonstrar efeitos significativos nas precipitações.

Além do Ceará, o Estado da Bahia também coleciona uma história particular de indução de chuva artificial. Em meio à seca de 2012, foi criado um projeto para amenizar os estragos provocados pelas condições adversas do clima. A realização foi em conjunto entre as secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, produtores baianos e a empresa ModClima.

A ideia era estimular precipitação suficiente para garantir uma boa condição de solo e salvar a produção de abacaxi da região de Itaberaba. Foram realizados 17 voos de semeação usando água potável que geraram 14 chuvas, segundo a empresa. A empreitada custou aproximadamente R$200 mil, tirados de recursos próprios das secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.

Segundo afirmações feitas pelo secretário estadual de Agricultura do período, Eduardo Salles, a chuva artificial salvou a lavoura daquele ano. Apesar dos resultados satisfatórios, o governo baiano não levou o projeto à frente como parte de uma estratégia de gestão maior.

O argumento oficial foi de que o alto custo teria tornado a semeadura um projeto inviável para as pastas. Dessa maneira, a obra virou um plano B, “até porque não resolvia o principal problema, que são os baixos níveis de água nas barragens”, conforme afirmou o secretário de Agricultura na ocasião.

Efeitos da chuva artificial

A chuva artificial tem sido objeto de preocupação devido aos potenciais danos ao meio ambiente. Os produtos químicos utilizados como aglutinadores podem se misturar com a chuva artificial, trazendo riscos para organismos vegetais e animais. O iodeto de prata, por exemplo, pode acumular-se no ambiente e causar argiria em seres vivos, uma condição em que os olhos e a pele adquirem uma cor azulada. Além disso, esses produtos químicos podem desencadear quedas na atividade anaeróbica de micro-organismos, afetando sua capacidade de respirar sem a necessidade de oxigênio.

A contaminação da água pelos produtos químicos utilizados no processo de nucleação de nuvens também pode afetar negativamente a flora e a fauna aquáticas, reduzindo a biodiversidade e perturbando os ecossistemas locais.

Outra preocupação é o potencial impacto no clima. A manipulação do ciclo natural da água por meio da chuva artificial pode resultar em mudanças imprevistas nos padrões climáticos. A precipitação irregular causada por essas práticas pode levar a desequilíbrios nos regimes de chuvas e secas, afetando a agricultura e os sistemas de abastecimento de água, além de provocar desastres e outros fenômenos meteorológicos, como inundações.

Portanto, é essencial que a chuva artificial seja adotada com cautela e com base em estudos científicos e avaliações de impacto ambiental. É necessário um planejamento cuidadoso e monitoramento constante para garantir que os benefícios superem os potenciais danos. Além disso, medidas de mitigação devem ser implementadas em todo o mundo para minimizar os impactos adversos, garantindo a sustentabilidade das práticas de chuva artificial.


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