A cidade que nunca dorme começa a tomar providências para lidar com a produção de 10 mil toneladas de lixo por dia
A grande cidade turística de Nova Iorque, nos EUA, conhecida pelas lojas, restaurantes, moda, e por uma das maiores festas de ano novo do mundo, é também o município do desperdício. Nova Iorque produz 10 mil toneladas de lixo e 1,7 tonelada de recicláveis por dia. Segundo o artigo de Dave Levitan, publicado na Yale environment 360, revista eletrônica do departamento de Silvicultura e Meio Ambiente da Universidade de Yale dos EUA, todo o desperdício vai parar em pilhas de lixo em aterros. Mas isso está para mudar, pois um novo programa tem como objetivo implantar a compostagem como um projeto sustentável da cidade.
O prefeito Michael Bloomberg afirmou que o desperdício de alimentos será a fronteira de reciclagem final. Segundo a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA, sigla em inglês), em 2011, os Estados Unidos produziram 250 milhões de toneladas de lixo, dos quais 56% poderiam ir para compostagem. Segundo o conselheiro de defesa de recursos naturais, Eric Goldstein, mais de 150 comunidades do país estão trabalhando na coleta de orgânicos – essas novas atitudes se tornaram tendência nacional, ainda que a maioria dos programas ainda seja voluntário.
O lixo acumulado em aterros é muito prejudicial ao meio ambiente, pois a decomposição de alimentos e outros produtos orgânicos produz o gás metano, que é um gás de efeito estufa – 25 vezes pior que o dióxido de carbono. E de acordo com a EPA, os aterros estão em terceiro lugar na produção desse gás, logo depois da indústria e agricultura. Por outro lado, a compostagem transforma parte desse lixo em fertilizantes, possibilitando assim a diminuição da emissão do gás metano, do acúmulo de lixo, e até mesmo dos custos, pois são gastos US$ 85 milhões para enviar o lixo aos aterros.
Exemplo de São Francisco
Em Nova Iorque, o serviço de coleta de compostagem está sendo oferecido em apenas um bairro, e 100 escolas estão participando também do projeto que pretende se expandir pela metrópole. A cidade de São Francisco já está bem mais à frente, pois uma lei de 2012 estabeleceu uma meta de diminuir em 75% do lixo em aterros até 2015, e atingir o desperdício zero em 2020. Em 2009, foi acrescentada mais uma lixeira para além da de lixo comum e de materiais recicláveis, na cidade. Obrigatória em todas as residências, essa terceira lixeira é destinada aos orgânicos. Até agora, o município caminha bem para seu objetivo final – já conseguiu diminuir o desperdício em 78%.
Na União Europeia, estabeleceu-se a meta de reduzir materiais biodegradáveis em 35%, de 1995 até 2016. Hoje, é feita a compostagem e reciclagem de 40% do lixo e, em muitos países europeus, o lixo enviado para aterros chega a ser abaixo de 3%, ainda que em outras nações os programas de compostagem sejam quase inexistentes. Além disso, na Europa, é feito um processo de digestão anaeróbia, o qual transforma matéria orgânica em biogás, que pode ser utilizado para gerar energia elétrica.
Nova Iorque caminha ainda a passos lentos, mas a iniciativa de um projeto já traz esperanças futuras para a cidade do desperdício. Países que já consolidaram bem seus programas de compostagem servem de exemplo para que implantemos cada vez mais projetos para remediar os impactos causados pela humanidade.
E no Brasil?
Para saber sobre a quantas anda a discussão no Brasil clique aqui ou aqui. E aproveite para saber mais na matéria “Compostagem doméstica: como fazer e benefícios“.