Uma cidade-esponja é uma solução natural que usa a paisagem para reter a água da chuva, evitando enchentes e outros problemas resultantes da precipitação. Elas são comumente construídas em áreas urbanas com áreas naturais abundantes, como árvores, lagos e parques, que auxiliam na absorção da água.
O conceito de “cidade-esponja” foi popularizado em 2013 através da proposta do professor da Universidade de Arquitetura de Pequim e arquiteto chinês Kongjian Yu. A inspiração por trás do desenvolvimento dessas áreas deriva de estratégias internacionais de gestão integrada de águas urbanas, incluindo sistemas de drenagem sustentáveis e desenvolvimentos de baixo impacto.
Em 2015, o governo chinês lançou o The National Sponge City Pilot Program, apoiando 30 cidades chinesas e contribuindo para a redução dos riscos de inundação no país. Em todas as cidades, aproximadamente 56 mil quilômetros de vias verdes e cerca de 72 mil quilômetros quadrados de áreas verdes e parques foram construídos.
Segundo um relatório do Asian Development Bank, a implementação dessa solução resolveria os maiores problemas relacionados à água enfrentados em regiões urbanas do país: a escassez e excesso de água, a poluição e a água barrenta.
De acordo com um relatório do IPCC, cerca de 700 milhões de pessoas vivem em áreas de extrema precipitação. Assim, estima-se que a implementação de cidades-esponjas pode contribuir para o urbanismo sustentável, promovendo a resiliência e melhoria da habitabilidade dessas regiões.
Existem quatro problemas principais que as cidades-esponjas podem resolver:
Uma cidade-esponja possui espaços que promovem a absorção de água, diferentemente de áreas asfaltadas. Portanto, ela necessita de:
No entanto, a adição de espaços verdes, implementação de parques urbanos, plantações de árvores e outras soluções naturais também podem contribuir para o poder de absorção das cidades. Ou seja, existe a possibilidade da adaptação de cidades já existentes à cidades-esponjas.
De fato, dados da Arup comprovaram que as formas naturais de absorver a água urbana são cerca de 50% mais acessíveis do que as soluções artificiais e 28% mais eficazes.
“Normalmente, em ambientes urbanos, você tem telhados, áreas pavimentadas e tudo isso cobre sujeira e vegetação que costumavam agir como uma esponja. Telhados verdes, jardins de chuva e outras intervenções podem ajudar a desacelerar a água e começar a desfazer esta alteração em grande escala no ciclo hidrológico”, disse Michael Kiparsky, diretor do Wheeler Water Institute da Universidade da Califórnia, Berkeley.
As principais características de uma cidade-esponja incluem:
“Mais do que nunca, enfrentando as mudanças climáticas globais e as tecnologias industriais destrutivas, temos de repensar a forma como construímos as nossas cidades, a forma como tratamos a água e a natureza, e até mesmo a forma como definimos a civilização.”
“As cidades-esponjas são inspiradas na antiga sabedoria da agricultura e da gestão da água que utiliza ferramentas simples para transformar a superfície global em grande escala e de forma sustentável”, disse Yu ao portal Euronews.
Especialistas do Asian Development Bank identificaram três desafios principais para a implementação de cidades-esponjas. São eles:
Embora a agravação da crise climática e do aquecimento global, a prioridade dos governos locais se desvia do urbanismo sustentável cada vez mais. Em vez disso, boa parte dos investimentos na luta contra as mudanças climáticas é desviado para outras áreas.
Uma cidade-esponja não pode ser a única arma na luta contra as enchentes decorrentes dos eventos climáticos. Isso é evidenciado através de algumas cidades pilotos do projeto, em que as inundações ocorreram como antes ou pioraram, deixando a percepção de que o conceito falhou.
Assim, é importante considerar que a cobertura da infraestrutura da cidade-esponja está longe de ser suficiente para reduzir significativamente o risco de inundações urbanas em uma cidade, destacando a necessidade de mais planejamentos sistemáticos.
O programa de implantação de cidades-esponjas não é capaz de superar a departamentalização de responsabilidades dos governos locais. Desse modo, a coordenação entre os departamentos de administração e especialistas é essencial para que o projeto funcione.
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