Cerca de 4,4 bilhões de pessoas vivem em áreas urbanas, que representam, ao total, 80% da economia global. Porém, parte da desigualdade social, além de outros problemas como o lixo e as emissões de gases do efeito estufa também habitam grandes cidades.
O contexto econômico das regiões urbanas demonstra uma grande capacidade de expansão, com a possibilidade de melhorias para a diminuição dos impactos socioambientais desses locais. Pensando nisso, diversos especialistas se reuniram para a criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável — um projeto da ONU que, entre suas metas, possui a aceleração de mudanças positivas nas cidades.
Assim foi criado o Cidades+B, uma iniciativa com o objetivo de impulsionar o 11º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, como estipulado pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. A partir da meta de “tornar as cidades inclusivas e sustentáveis”, o projeto conta com o incentivo de empresas e redes de negócios a tomarem a responsabilidade e consciência de seus impactos socioambientais.
Isso é feito com um foco em cinco áreas prioritárias: habitação, mobilidade, segurança alimentar, economia circular e trabalho e renda.
O projeto concebido pelo Sistema B Internacional, que reúne diversos países da América Latina, foi iniciado em 2015, através de sua primeira cidade — o Rio+B. Desde então, o Cidades+B se expandiu, conquistando cidades no mundo inteiro, como Mendoza, Barcelona, Santiago de Chile, Asunção e São Paulo.
Preta Ferreira, liderança do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), presente no lab de Habitação, afirma: “A questão da moradia é um problema de todos, por isso a solução precisa vir de todos, incluindo o intercâmbio entre os setores público e privado e os movimentos sociais”.
O Sistema B é um movimento global que promove, por meio de diversas soluções, a adoção de práticas de impacto positivo, impulsionando os negócios como força pro bem e promovendo o desenvolvimento socioambiental. Ele foi desenvolvido por líderes empresariais dos Estados Unidos em 2006, com o objetivo de desenvolver negócios inclusivos, equitativos e regenerativos para as pessoas e para o planeta.
Globalmente conhecido como B Lab, o movimento reúne mais de 7.500 Empresas em 92 países. A iniciativa se expandiu para a América Latina, com o nome de Sistema B, e chegou ao Brasil em 2013. Hoje conta com mais de 300 Empresas B Certificadas no país e já contribuiu com mais de 10 mil negócios que utilizaram a Avaliação de Impacto B para medir seu impacto socioambiental e incorporaram práticas sustentáveis em seu modelo de negócios
O Sistema B Brasil busca oferecer diferentes soluções que promovam impacto positivo, desde a capacitação de profissionais por meio da formação de Multiplicadores B, a aplicação de jornadas de adoção de métricas de impacto conhecidas como Caminho+B, a Certificação de Empresa B, a atuação em rede para promoção de melhores práticas, influência em políticas públicas e projetos de articulação multissetoriais, como o SP+B.
Em 2015, a ONU lançou a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. Ela conta com 17 objetivos que devem ser atingidos até 2030 para a garantia de um futuro sustentável.
Dentre os 17 objetivos da ODS, tornar as cidades inclusivas e sustentáveis foi o 11º estipulado pela organização. A justificativa para esse objetivo foi dada através de previsões de que até 2050, 7 bilhões de pessoas viverão em cidades.
A partir dessa estimativa, líderes nacionais e internacionais propuseram planos governamentais e econômicos para que as cidades habitadas no futuro pudessem comportar confortavelmente e sustentavelmente todos os seus habitantes.
Entre esses planos, algumas metas foram estabelecidas para serem cumpridas até 2030, como:
A partir dessas metas, alguns visionários tentaram impulsionar a mudança necessária para que as cidades do mundo inteiro começassem a abraçar o desenvolvimento sustentável. Assim, criando o Cidades+B.
O Cidades+B é um esforço colaborativo entre o Sistema B Internacional, Gulliver (uma agência de inovação certificada como Empresa B e que se especializa em cultivar ecossistemas colaborativos) e BMW Foundation. Ele foi criado em 2015 através de sua primeira cidade, o Rio+B. O projeto foi erguido a partir da Avaliação de Impacto do Sistema B, uma plataforma utilizada por mais de 100 mil empresas e mais de 4 mil Empresas B em todo o mundo para avaliar e comparar seus impactos sociais e ambientais. Nela, empresas da região metropolitana do Rio de Janeiro responderam questões sobre Governança, Trabalhadores, Comunidade, Meio Ambiente e Modelo de Negócio.
Esse questionário possibilitou que a ideia do desenvolvimento sustentável no Rio fosse mais tangível, erguendo possíveis áreas de melhoria para que a cidade e seus contribuintes caminhassem para o caminho certo. Ou seja, ao diagnosticar seu impacto na cidade, as empresas participantes conseguiram atuar com mais eficiência com os outros setores para resolução de possíveis problemas.
Cerca de 20% das empresas selecionadas foram convidadas para o Laboratório Rio+B, uma experiência interativa de implementação de planos de ação e melhorias de impacto socioambiental positivo. Esse espaço tinha o objetivo de criar algo capaz de recomendar transformações nas cidades através do trabalho co-criado por todas as empresas, oferecendo a infraestrutura necessária para que pudessem acessar seus impactos.
O sucesso do Rio+B impulsionou a criação de outros projetos similares, que foram fundados pelo nome de Cidades+B, em que cidades do mundo todo trabalham para alcançar as metas estabelecidas na Agenda 2030.
O projeto funciona a partir do que é chamado de “Entrelaçamento de Stakeholders”, em que profissionais dessas empresas, fornecedores e clientes, além de governos e outras instituições são convidados a trabalharem juntos para gerar um impacto positivo na cidade, e se propõem a atuar em um formato de governança multissetorial.
Desde a sua criação até hoje, o Cidades+B impulsionou melhorias em diversas cidades no mundo todo. Mais de 3 milhões de dólares foram arrecadados para a promoção das pautas da ODS nas cidades do projeto com a ajuda de mais de 700 empresas que tomaram responsabilidade e ação sobre seus impactos socioambientais.
A colaboração entre stakeholders tem possibilitado a formação de uma nova comunidade de consciência ambiental elevada, que caminha junta para ver as mudanças em suas cidades nativas.
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