Cientistas criam substância magnética que pode remover microplásticos da água

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Um time de cientistas da RMIT University da Austrália criou uma substância capaz de remover microplásticos da água. O material, feito a partir de lixo reciclado, pode capturar pedaços minúsculos e quase invisíveis da água. 

Ao todo, a composição da nova tecnologia consiste de estruturas nanopilares compostas de metal bidimensional separados por óxido de ferro encapsulado em carbono. De acordo com uma pesquisa publicada no Chemical Engineering Journal, o material foi responsável pela remoção de aproximadamente 100% de microplásticos encontrados na água em apenas 60 minutos — em comparação, grande parte das tecnologias atuais levam dias para filtrar essas substâncias. 

Atualmente, estações de tratamento de água conseguem filtrar pedaços maiores de microplástico, o que impede apenas uma parte da contaminação. No entanto, pedaços microscópicos ainda são liberados em corpos d’água. 

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Nicky Esthiaghi, líder da pesquisa e professora de engenharia química da RMIT University, acredita que “devido à falta de instrumentos de detecção apropriados e fáceis e à falta de tecnologia para remover microplásticos menores que um micrômetro, uma enorme quantidade de microplástico é liberada em baías e no mar”.

Por isso, o objetivo dos cientistas na criação do material foi de aprimorar uma tecnologia capaz de coletar essas micropartículas antes que elas atingissem esses locais. 

O Dr. Nasir Mahmood, pesquisador co-líder do estudo, enfatiza a importância da descoberta: 

“Microplásticos menores que 5 mm, que podem levar até 450 anos para se degradar, não são detectáveis ​​e removíveis por meio de sistemas de tratamento convencionais, gerados em milhões de toneladas lançadas no mar todos os anos. Isso não é apenas prejudicial para a vida aquática, mas também tem efeitos negativos na saúde humana.”

Em geral, grande parte dos microplásticos, quando voltam aos oceanos e outros corpos d’água depois de passar por estações de tratamento, acabam não só contribuindo para a poluição como também contaminando a fauna aquática que é consumida pelos seres humanos. De fato, uma pesquisa de 2021 realizada no Canadá comprovou que 99% dos peixes amostrados na análise tinham pelo menos uma partícula de microplástico presente em seus organismos.

Ciclo do microplástico: o que é importante saber

Desse modo, a invenção da RMIT University pode impedir que essas substâncias entrem na cadeia alimentar. 

Porém, não é só isso. De acordo com o Dr. Mahmood, o material criado é capaz não só de remover os microplásticos, como também dissolver poluentes da água.

Como é composto majoritariamente de metal, o time de pesquisadores foi capaz de remover os microplásticos da água usando o material com ajuda de ímãs e, assim, separando poluentes das partículas de plástico. 

Até então, os pesquisadores liderados por Esthiaghi estão procurando parceiros industriais para ampliar a tecnologia.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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