Cientistas descobrem o que torna o sapo-de-vidro “transparente”

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Uma pesquisa publicada no Science.org descobriu um dos maiores mistérios do mundo animal relacionado à aparência do sapo-de-vidro. O anfíbio da família dos Centrolenídeos recebe seu nome devido à sua característica única — tornar-se quase invisível. 

Anterior ao estudo, cientistas não sabiam apontar as causas diretas do fenômeno. Contudo, foi descoberto que isso se dá à habilidade do sapo de esconder seus glóbulos vermelhos.

Jesse Dalia, pesquisador do Museu de História Natural e co-autor do estudo, colocou os animais em placas de Petri e observou o sistema circulatório de cada sapo através da pele translúcida característica da espécie. Porém, quando voltou ao laboratório um tempo depois notou que parecia que o sangue dos sapos havia desaparecido. 

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Confira as fotos divulgadas no site do NPR aqui.

De acordo com a análise, cientistas afirmam que os sapos-de-vidro possuem a capacidade de esconder cerca de 90% de seus glóbulos vermelhos dentro de seus fígados. Em geral, acredita-se que esse efeito faz com que os sapos pareçam até 60% transparentes. 

O fígado dos animais duplica de tamanho para abrigar os glóbulos vermelhos. Então, quando estão inativos, a sua circulação é inteiramente composta de plasma.

Isso é uma forma de mecanismo de defesa desses anfíbios, que se tornam transparentes quando estão em repouso e não conseguem se defender de predadores. Como são animais noturnos, esse efeito cessa durante a noite — quando seus fígados voltam ao tamanho normal devido à liberação dos glóbulos vermelhos. 

Assim, voltam à sua coloração comum, mas um pouco avermelhada devido ao sangue do animal. 

A descoberta foi feita com a ajuda de uma tecnologia de imagem de luz e ultra-som.

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Além de descobrirem um dos mistérios da natureza, os cientistas envolvidos no estudo acreditam que a pesquisa pode ajudar no campo da medicina. 

Em outros animais, a falta de circulação de sangue oxigenado por horas pode ser fatal. E, por outro lado, essa concentração de sangue em um único local pode levar à coagulação severa do sangue.

Portanto, os pesquisadores acreditam que estudos futuros sobre essa característica dos sapos-de-vidro podem fornecer informações sobre o possível desenvolvimento de medicamentos anti-coagulantes. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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