Cientistas extraem amônia do subsolo sem emitir CO2

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Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) estão desenvolvendo uma forma inovadora de produzir amônia, vital para a produção de fertilizantes e uma possível alternativa para combustíveis limpos. O estudo, publicado no periódico Joule, revela que, ao explorar as forças naturais da Terra, como calor e pressão no subsolo, pode-se gerar amônia sem recorrer a processos que demandam grandes quantidades de energia ou geram emissões de CO2. A descoberta abre portas para uma solução mais sustentável, capaz de produzir amônia suficiente para sustentar a demanda por mais de 2 milhões de anos.

A abordagem inovadora foi inspirada em um fenômeno geológico raro observado na década de 1980, em Mali, na África Ocidental, onde moradores encontraram um poço jorrando gás hidrogênio. Cientistas mais tarde associaram essa emissão a uma reação química entre água e rochas ricas em ferro sob a superfície terrestre. A partir dessa observação, Iwnetim Abate e sua equipe passaram a explorar a possibilidade de utilizar as forças geológicas para produzir amônia de maneira mais limpa e eficiente.

O processo envolve a mistura de água com nitrogênio e rochas ricas em ferro, criando uma reação que resulta na formação de amônia. O estudo mostra que, ao contrário dos métodos industriais tradicionais, essa técnica não consome energia externa e não emite CO2. Os pesquisadores testaram o processo em condições ambientais, utilizando minerais sintéticos, e, em seguida, o aperfeiçoaram com rochas naturais, como a olivina, além de introduzir um catalisador de cobre para aumentar a eficiência. Com isso, produziram 1,8 kg de amônia por tonelada de olivina em 21 horas, o que demonstra a viabilidade do método.

Essa solução, que pode ser adaptada em diversas regiões do mundo, tem o potencial de transformar a produção de amônia de maneira mais sustentável e econômica. O custo da produção geológica de amônia é competitivo, cerca de US$ 0,55 por quilo, próximo dos preços dos métodos convencionais, que variam entre US$ 0,40 e US$ 0,80. Além disso, essa tecnologia pode contribuir para o tratamento de águas residuais, utilizando o nitrogênio presente nelas para gerar amônia, o que representa uma estratégia vantajosa tanto para a produção de fertilizantes quanto para a redução de poluição.

O próximo passo da pesquisa envolve testes em maior escala, com a perspectiva de implementação até 2026. Essa abordagem, se bem-sucedida, não apenas reduziria o impacto ambiental da produção de amônia, mas também poderia criar novas oportunidades para o uso sustentável dos recursos naturais da Terra.

Equipe eCycle

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