Os cigarros mentolados são caracterizados pela adição de mentol em sua fórmula, um componente químico encontrado naturalmente na hortelã e outras plantas similares, mas que também pode ser feito em laboratório. O mentol foi adicionado ao tabaco durante as décadas de 20 e 30 como um meio de reduzir a irritação da nicotina e a fumaça do cigarro.
Desde então, o seu uso foi normalizado por diversos fabricantes de cigarro como uma forma de amenizar o produto, tornando-o mais convidativo para pessoas que não fumavam o tabaco tradicional. Contudo, o cigarro em si já é um produto prejudicial à saúde. Portanto, existem diversos questionamentos éticos sobre o aditivo de mentol, além de outros sabores e compostos que alteram sua fórmula original para amenizar o efeito do cigarro.
Quando inalado, o mentol presente nos cigarros mentolados pode reduzir as dores nas vias aéreas causadas pelo cigarro, além de suprimir a tosse, dando a ilusão de que o usuário consegue respirar mais facilmente. Entretanto, assim como todo outro tipo de cigarro, o cigarro mentolado não oferece esse benefício — e nenhum outro ponto positivo para a saúde.
Além de oferecer os mesmo malefícios que o cigarro convencional, o cigarro mentolado pode apresentar ainda mais riscos à saúde. Acredita-se que esse produto seja responsável por aumentar a probabilidade de se tornar viciado e também o grau de dependência do usuário.
Evidências também apontam que o mentol pode ser mais difícil de largar do que o cigarro normal. Isso acontece porque o mentol evidencia os efeitos da nicotina no cérebro — componente viciante presente nos cigarros.
Os aditivos presentes em tipos de cigarros diferentes também conquistam outro público alvo, os jovens. Especialistas acreditam que tanto o mentol quanto outros componentes saborizantes tornam o cigarro, cigarros eletrônicos e vapes mais atrativos para os jovens, encorajando-os a começar a fumar mais cedo.
Diversas pesquisas nos Estados Unidos comprovaram que produtos de tabaco que contém mentol possuem um público alvo diferente que o cigarro convencional. Jovens, mulheres, indivíduos da comunidade LGBTQI+, hispânicos e negros são mais propensos a consumir cigarros mentolados do que o cigarro normal.
Frente ao aumento de jovens consumindo produtos com nicotina, o United States Food and Drug Administration (FDA) está empenhado em proibir a adição de mentol em produtos de tabaco. A regulamentação tem o objetivo de diminuir o vício em populações mais jovens, que foi comprovado por um estudo realizado entre 2013 e 2019.
O estudo mencionado anteriormente foi publicado em 2022 pela JAMA Network Open e comprovou o aumento de fumantes de 12 a 17 anos em até 56% e que os cigarros mentolados foram responsáveis por esse crescimento. Especialistas justificam esse comportamento pela presença do mentol, que não só ameniza o tabaco, mas também resulta na maior absorção de nicotina pelos pulmões por conta da sensação de resfriamento.
Essa maior absorção acelera a dependência ao cigarro, que consequentemente faz com que pessoas jovens fumem mais.
Acredita-se que a proibição da adição de mentol em cigarros poderia evitar mais de 600 mil mortes nos Estados Unidos. Portanto, o FDA continua firme em sua decisão.
Entretanto, é necessário lembrar que o cigarro mentolado não é o único culpado no aumento de fumantes. Outros produtos de nicotina com mentol, como pods, vapes e cigarros eletrônicos também contribuem para esse crescimento.
O atrativo desses produtos não é apenas o mentol, mas também os diversos outros aditivos e saborizantes que amenizam o gosto e efeito do tabaco, mas que potencializam os efeitos da nicotina.
Desde 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) prevê um tipo de regulamentação que proíbe aditivos em derivados de tabaco. As resoluções não foram acatadas por lei, uma vez que a ANVISA não possui poder legislativo sobre essas decisões.
Desse modo, o poder legislativo do país deve criar uma regulamentação, seguindo as recomendações da ANVISA. A recomendação é de que a comercialização desses produtos seja proibida por conta de seus efeitos nocivos à saúde, além de seu poder atrativo no uso do cigarro, principalmente ao público jovem. O mentol, assim como cravo, baunilha, chocolate e frutas entram na categoria de aditivos.
Em 2018, o julgamento do STF em relação à regulamentação foi favorável à ANVISA, porém, nenhuma decisão foi tomada na efetiva proibição de comercialização de tais produtos.
Quer parar de fumar cigarros mentolados? Confira nossa matéria com algumas dicas de métodos naturais para interromper o tabagismo: “Como parar de fumar: dicas simples e práticas”.
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