O Cinturão da Ferrugem, do inglês Rust Belt, é uma região dos Estados Unidos conhecida por seu passado com a manufatura. O termo é usado como forma de se referir aos locais onde a indústria manufatureira já foi frutífera, mas que desde 1970 se encontram em declínio, causando abandono da população local e desemprego em massa.
Anteriormente, a região do Cinturão da Ferrugem era conhecida como Cinturão da Manufatura (Manufacturing Belt em inglês). Ela era dominada pela produção de ferro e pela indústria de carvão, mas com o avanço da globalização acabou entrando em declínio. Por isso, muitas fábricas foram abandonadas e deixadas para enferrujar, o que culminou no nome Cinturão da Ferrugem, fazendo referência às indústrias de ferro abandonadas.
Alguns moradores da região consideram o termo como algo derrogatório, de forma que traz uma imagem negativa para as indústrias que permaneceram no local. Porém, o nome é comumente usado quando há debate sobre as áreas industriais dos Estados Unidos, e por políticos em busca de eleitores.
Não existe uma determinação física ou geográfica sobre onde começa e termina o Cinturão da Ferrugem. Afinal, o termo foi cunhado com intenções políticas, e debatido apenas nesta esfera, com intuito de alcançar aqueles que sofreram com o declínio da economia local. No entanto, especialistas entendem os seguintes estados como parte do Cinturão:
Existem outros estados estadunidenses que também passaram pelo declínio da manufatura. Porém, eles ficam localizados mais ao Sul do país, e por isso não são considerados uma parte do Cinturão da Ferrugem.
O avanço da manufatura na região no século XX ocorreu devido a grande quantidade de matéria prima que se encontrava ali. O Cinturão de Ferrugem é cercado por grandes lagos e rios, onde era possível fazer a extração de ferro e carvão, utilizados na produção de carros, máquinas e armas.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Cinturão da Manufatura enfrentou o seu auge, com o país fechado para o mercado internacional e a necessidade de maior produção de armamento. Desta forma, houve um aumento considerável da população, já que estadunidenses pobres e imigrantes se direcionaram para a região em busca de empregos.
No entanto, isso durou apenas até a década de 50, quando a economia começou a entrar em declínio. Na época, as manufaturas do Cinturão da Ferrugem ainda usavam maquinários caros, o que começou a afetar seus ganhos conforme o país foi se abrindo novamente para a economia internacional — através da importação e exportação.
A região, que antes era dominada por monopólios, foi perdendo sua força pois competia com a indústria de manufatura do exterior, que oferecia valores menores. Foi então, em 1970, que o Cinturão da Manufatura se tornou o Cinturão da Ferrugem.
Com o desemprego em alta e os preços dos produtos em baixa, várias empresas começaram a fechar e os trabalhadores se viram na obrigação encontrar sustento em outros estados. Assim, o Cinturão da Ferrugem se tornou uma área de extrema pobreza, abandonada pelas indústrias que antes exploravam as matérias primas locais.
Especialistas em política entendem o Cinturão da Ferrugem como uma região essencial para as eleições estadunidenses. Isso porque, desde o início do século XXI, são os estados que formam o Cinturão que determinam os presidentes eleitos.
Esse fator foi observado com maior profundidade durante as eleições de 2016, em que o ex-presidente Donald Trump venceu depois de conseguir conquistar até mesmo os estados mais democratas. O Cinturão da Ferrugem funciona como um ponto decisivo, em que os candidatos eleitos são decididos através da campanha focada na região — aquele que prometer mais avanço para os estados do cinturão pode ganhar o maior apoio.
Em 2016 a campanha do ex-presidente Donald Trump focou na promessa de garantir mais empregos para a população do Cinturão. No entanto, logo no primeiro ano de seu governo, a taxa de novos empregos continuava caindo, e em 2020, Trump acabou perdendo para Joe Biden — que conquistou estados como a Pensilvânia.
A extração de matéria prima e abandono de estruturas no Cinturão da Ferrugem afetou permanentemente a flora e fauna local. Além de vazamentos tóxicos em indústrias abandonadas, a região sofre com enchentes, ondas de calor extremas e a falta de água potável para toda a população.
Estudiosos apontam que esses problemas também contribuem para reforçar o racismo ambiental encontrado no Cinturão. Afinal, grande parte dos moradores vem de cenários de pobreza e formam grupos minoritários na sociedade — como imigrantes, negros e indígenas. Para saber mais sobre o conceito, confira a matéria: “O que é racismo ambiental e como surgiu o conceito”.
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