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Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou a primeira parte do relatório na Suécia

Mudancas climáticas se intensificam e apontam para um quadro preocupante para governos de todo o mundo, segundo o quinto relatório do IPCC, apresentado dia 27 de setembro de 2013, em Estocolmo, na Suécia. O estudo foi baseado em milhares de pesquisas realizadas nos últimos cinco anos.

“Cabe a todos os setores da sociedade, incluindo os atuais governantes, agir sobre os fatos e em resposta à ciência apresentada neste relatório, que passou por um rigorosíssimo processo de revisão sem precedentes”, disse Stephan Singer, diretor global de políticas de energia da rede WWF.

Os cientistas projetaram quatro cenários diferentes de concentração de gases de efeito estufa para acontecer até 2100. Em inglês, essa projeção é conhecida como os Representative Concentration Pathways (RCPs). Para construir essas simulações, dois “ingredientes” são necessários: um modelo climático e uma hipótese sobre as emissões de CO2, de acordo com Paulo Artaxo, professor de física da USP que participou da elaboração do relatório.

Uma grande diferença entre o quarto relatório e este é a presença do impacto na radiação dos gases emitidos, segundo Artaxo. O balanço da radiação diz respeito à energia solar que entra e sai do planeta.

Quatro possibilidades

Dentre os quatro cenários desenvolvidos pelo relatório, o mais otimista prevê um aumento de 2,6 watts armazenas por metro quadrado (W/m²); a temperatura subiria entre 0,3°C e 1,7°C e o nível do mar aumentaria entre 26 cm e 55 cm. No segundo cenário, o armazenamento seria de 4,5W/m² e a temperatura aumentaria entre 1,1°C e 2,6°C, e a elevação do mar ficaria entre 32 cm e 63 cm. No terceiro caso, 6,0W/m² seriam armazenados, a temperatura subiria entre 1,4°C e 3,1°C e a elevação ficaria no intervalo entre 33 cm e 63. No pior caso, a energia armazenada seria de 8,5W/m², o aumento da temperatura ficaria entre os 2,6°C e os 4,8°C e o nível do mar subiria algo entre 45 cm e 82 cm.

O aumento das emissões de CO2 está ligado à queima de combustíveis e ao desmatamento, sendo que o metano, o óxido nitroso e o CO2 estão com as taxas mais altas dos últimos 22 anos. “Nós não podemos ignorar a realidade de que precisamos agir ou então teremos de encarar impactos assustadores. Sabemos que a maior parte das emissões de gases que causam aquecimento global vem da queima de combustíveis fósseis”, disse Samantha Smith, líder da Iniciativa Global de Clima e Energia da rede WWF.

Impactos no oceano

Em todos os cenários, há 90% de probabilidade dos níveis das águas subirem, esse resultado ocorre principalmente por causa do aumento da temperatura oceânica e do derretimento das geleiras. Uma das consequências graves desse desdobramento é a menor capacidade de absorção de CO2 por parte do oceano, o que deixa ainda mais poluição na atmosfera. A acidez também deve aumentar, com 99% de certeza, com uma queda de pH entre 0,30 e 0,32.

Os impactos no oceano causam muita preocupação porque mais de um bilhão de pessoas dependem dele para se alimentar e sobreviver. Desde 1900, o aumento na acidez foi de 30%, talvez o maior em milhões de anos. Essas alterações ameaçam peixes, corais e têm impacto direto em todo o bioma marinho.

Companheiro indesejado insistente

Os efeitos da poluição devem continuar sendo sentidos por muitas gerações, segundo o relatório apresentado. O CO2, por exemplo, deve manter concentração alta por mais de mil anos, porque a saída desse gás da atmosfera é lenta.

Projeção no Brasil

O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) noticiou recentemente, nove de setembro, resultados de seu primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1), elaborado de maneira similar ao relatório do IPCC.

De acordo com o estudo, o Brasil terá um aumento de temperatura entre 1°C e 6°C até 2100. As chuvas cairão com mais frequência no sul e no sudeste e serão mais escassas no norte, no nordeste e no centro do país.

Para saber mais sobre o relatório, clique aqui.

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