O cloreto de vinila é um gás altamente inflamável e tóxico. Ele não ocorre naturalmente, o que significa que é produzido industrialmente para uso comercial. Para possibilitar seu transporte e manuseio, o cloreto de vinila é confinado sob alta pressão em recipientes próprios. Isso faz com que, apesar de ser um gás em condições normais do ambiente, ele exista no estado líquido.
Por ser altamente tóxico e cancerígeno, o cloreto de vinila pode causar danos à saúde humana.
O cloreto de vinila é utilizado, principalmente, para fabricar o policloreto de vinila, um polímero mais conhecido como PVC. O PVC, por sua vez, é uma resina plástica que compreende cerca de 12% da utilização total de plástico em escala mundial. Alguns exemplos de produtos plásticos feitos de PVC incluem embalagens, tubos, mangueiras, forros e revestimento de fios e cabos.
Além disso, o gás também é usado na produção de outros compostos clorados e como componente em plásticos feitos de monômeros diversos. Antigamente, ele era utilizado como solvente, propelente e gás refrigerante.
O processo de fabricação desse gás é feito a partir da reação do cloro (Cl) com etileno (C2H4), resultando em cloreto de etileno ( C2H4Cl2). Quando esse produto é aquecido na presença de um catalisador de carvão, ele se torna o cloreto de vinila.
Outro método, chamado de oxicloração, produz o gás pelo aquecimento de etileno, ácido clorídrico (HCl) e oxigênio em um catalisador de cobre. Essa reação resulta em cloreto de vinila e água.
O cloreto de vinila também é encontrado na fumaça do tabaco ao sofrer o processo de combustão.
A contaminação por cloreto de vinila se dá, principalmente, por meio da inalação do gás. No geral, a população pode ser exposta ao composto por meio da inalação de ar contaminado ou fumaça de tabaco. No entanto, os níveis mais elevados desse gás são encontrados ao redor de fábricas que usam o cloreto de vinila como matéria-prima.
A inalação de cloreto de vinila também pode ocorrer a partir de vazamentos acidentais desse composto. Isso aconteceu em 2023, quando um trem descarrilou em Ohio, nos Estados Unidos. O trem transportava cloreto de vinila e outros materiais perigosos e, como estratégia para evitar explosões, a tripulação liberou os componentes inflamáveis dos vagões. Tal decisão resultou na contaminação do ar pelo gás tóxico.
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), a inalação desse gás é associada ao aumento do risco de desenvolver câncer de cérebro, câncer de pulmão, linfoma e leucemia.
Além disso, o cloreto de vinila é fatal para o fígado. Isso porque a exposição a esse composto pode desencadear um tipo raro de câncer de fígado, conhecido como angiossarcoma hepático, e câncer primário do fígado (carcinoma hepatocelular).
Da mesma forma, o gás pode provocar esteato-hepatite associada a tóxicos (Tash). Essa condição faz com que os fígados de pessoas saudáveis sejam tão suscetíveis a acumular gordura e inflamar quanto um fígado de alguém com cirrose causada por álcool ou obesidade.
Esses efeitos requerem níveis altos de exposição, normalmente sofridos por um trabalhador industrial em fábricas que usam o cloreto de vinila como matéria-prima, por exemplo. No entanto, as exposições a níveis mais baixos também proporcionam risco. Isso porque pouco se sabe sobre os impactos do gás em exposições de baixo nível para a saúde do fígado.
Alguns sintomas que podem aparecer devido a contaminação por cloreto de vinila são:
Em casos mais graves e constantes, a exposição pode provocar até a morte.
Os impactos ambientais do cloreto de vinila são, em sua maior parte, resultantes do processo de produção e descarte de materiais feitos de PVC. Na produção, são liberados alguns poluentes orgânicos persistentes (POPs), como dioxinas, furanos e PCBs. Eles são caracterizados por persistirem no meio ambiente, serem tóxicos, bioacumulativos e perigosos para a saúde dos seres vivos.
O descarte desse plástico, por sua vez, pode resultar em sua incineração. Porém, ao queimar o PVC, compostos clorados são formados e liberados ao meio ambiente. Esses compostos são substâncias altamente tóxicas, tais como a dioxina.
Além disso, grande parte dos materiais de PVC não é reciclada. Isso porque esses produtos consistem em uma mistura de aditivos, o que dificulta e encarece o processo de reciclagem. A poluição física é outro problema relacionado ao uso de PVC, já que os plásticos podem levar mais de 400 anos para se decomporem na natureza completamente.
Há também preocupações sobre os potenciais riscos ambientais da reciclagem do PVC. A reciclagem mecânica pode liberar aditivos, incluindo ftalatos e estabilizadores, que podem ser dispersos nos produtos reciclados ou no ambiente.
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