Cloro: vilão ou mocinho para a saúde?

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O cloro é um elemento químico puro, encontrado naturalmente em estado gasoso, de coloração amarelo-esverdeada. Quando em estado gasoso ele é duas vezes e meia mais pesado que o ar. Bem como tem um odor sufocante intensamente desagradável.

Além disso, ele é extremamente venenoso. Em sua forma líquida e sólida, é um poderoso agente oxidante, branqueador e desinfetante. O elemento pertencente ao grupo 17 da tabela periódica foi descoberto em 1774 pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele.

Onde se usa o cloro?

O cloro só é encontrado na natureza quando combinado com outros elementos, principalmente o cloreto de sódio (NaCl). A partir dele, pode-se fazer a eletrólise do cloreto de sódio, que resulta em gás cloro e sódio metálico. Além disso, o hipoclorito de sódio (um derivado de cloro com hidróxido de sódio) é diluído em água para obter a água sanitária utilizada para limpeza doméstica.

Já o ácido hipocloroso (HClO) é obtido pela diluição da água sanitária diluída em água potável, é um poderoso agente desinfetante de áreas abertas, superfícies, pisos, vasos sanitários e outros ambientes. Outro derivado do cloro é usado em limpeza e desinfecção doméstica: o ácido clorídrico, formado pelo cloreto de hidrogênio (HCl) dissolvido em água.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o gás de cloro foi utilizado pelos países em conflito como arma química contra os adversários. Na tabela periódica, é encontrado sob o símbolo Cl, número atômico 17. Foi reconhecido como elemento pelo químico britânico Humphry Davy, em 1810, e batizado em razão de sua cor (em latim, chlorum significa “verde”).

De lá para cá, o cloro e seus derivados têm sido amplamente utilizados na purificação da água, na limpeza de piscinas, em desinfetantes, alvejantes e outros produtos de limpeza. Ele também está presente, direta ou indiretamente, na produção de produtos de papel, antissépticos, corantes, alimentos, inseticidas, tintas, plásticos, medicamentos, têxteis, solventes e muitos outros produtos de consumo. Mas existem níveis seguros para sua utilização?

O que o cloro faz no corpo humano?

Os efeitos do cloro na saúde humana dependem da quantidade da substância e da duração e frequência da exposição. Eles também dependem da saúde do indivíduo ou das condições do ambiente quando ocorre a exposição. Mas respirar pequenas quantidades de cloro por curtos períodos de tempo afeta adversamente o sistema respiratório humano. Os efeitos variam de tosse e dor no peito à retenção de água nos pulmões.

Em algumas condições, particularmente em crianças pequenas, a asma pode ser desencadeada pela exposição à água clorada. Episódios de dermatite também foram associados à exposição ao cloro e hipoclorito, mas todos esses elementos ainda não foram discutidos nos últimos relatórios de referência disponíveis.

O cloro pode reagir com várias substâncias diferentes. Na água bruta, pode haver uma série de impurezas diferentes para reagir com o cloro adicionado, resultando em um aumento da demanda. Como resultado, mais cloro precisará ser adicionado para o mesmo nível de inativação. Algumas das principais impurezas que podem existir na água incluem ferro dissolvido, sulfeto de hidrogênio, bromo, amônia, dióxido de nitrogênio e material orgânico.

Em alguns casos, o resultado da reação do cloro com impurezas aumentará a qualidade da água (eliminando os elementos indesejáveis), enquanto em outros casos, as reações do cloro com as impurezas criarão produtos colaterais indesejáveis ​​que são prejudiciais à saúde humana. O cloro primeiro reage com impurezas inorgânicas (ferro dissolvido, bromo, amônia, etc.), antes de reagir com os compostos orgânicos (material orgânico dissolvido, bactérias, vírus, etc.).

Reações perigosas

O bromo na água pode resultar na produção de compostos indesejáveis. Os íons de bromo podem reagir com o ácido hipocloroso para criar o ácido hipobromoso. O ácido hipobromoso também tem propriedades desinfetantes e é mais reativo do que o ácido hipocloroso. Ambos reagem com o material orgânico na água e cria subprodutos halogenados, como os trihalometanos, que foram associados ao aumento no risco de câncer.

Por isso, o cloro pode ser tóxico não apenas para os microrganismos, mas também para os humanos. Para humanos, é irritante para os olhos, vias nasais e sistema respiratório. O gás deve ser manuseado com cuidado, porque pode causar efeitos agudos à saúde e ser fatal dependendo da concentração. No entanto, o cloro gasoso também é a forma menos cara para tratamento de água, o que o torna uma escolha atraente, independentemente da ameaça à saúde.

Faz mal tomar água da torneira com cloro?

Foto de Andres Siimon na Unsplash

Na água potável, a concentração de cloro é geralmente muito baixa. Por isso, não é uma preocupação na exposição aguda. Mais preocupante é o risco de câncer a longo prazo devido à exposição crônica à água clorada.

Isso se deve principalmente aos trihalometanos e outros subprodutos da desinfecção, que são subprodutos da cloração. A água clorada foi associada ao aumento do risco de câncer de bexiga, cólon e reto.

OMS alerta para os perigos

Em razão do aumento de consumo de produtos à base de cloro na prevenção ao coronavírus, a OMS nas Américas emitiu um alerta a respeito dos efeitos nocivos que eles podem causar. O comunicado indica que, apesar de seu alto potencial para eliminar bactérias e microrganismos, não há evidências de que a substância possa curar Covid-19 ou outras doenças.

Além disso, em hipótese alguma esses produtos devem ser ingeridos ou inalados por muito tempo, pois podem causar, entre outros problemas:

  • Irritação na boca, esôfago e estômago;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Doenças hematológicas, cardiovasculares e renais graves;
  • Edema pulmonar;
  • Espasmos;
  • Pneumonite química;
  • Edema da glote.

O que o cloro causa no meio ambiente?

O cloro é um gás altamente reativo. Os maiores usuários dessa substância são empresas que fabricam dicloreto de etileno e outros solventes clorados, resinas de policloreto de vinila (PVC), clorofluorocarbonos (CFC) e óxido de propileno. As estações de tratamento de água e esgoto usam cloro para reduzir os níveis de água de microrganismos que podem espalhar doenças para os humanos (desinfecção).

A substância se dissolve quando misturado com água. Ele também pode escapar da solução aquosa e entrar no ar sob certas condições. A maioria das liberações diretas de cloro para o meio ambiente ocorre no ar e nas águas superficiais.

Uma vez no ar ou na água, o cloro reage com outros produtos químicos. Ele se combina com material inorgânico na água para formar sais de cloreto. Em contrapartida, ele também se junta com material orgânico na água para formar produtos químicos orgânicos clorados. Por sua reatividade, o cloro provavelmente não se moverá pelo solo e entrará nas águas subterrâneas.

Exposição ao cloro prejudica também os animais

As plantas e os animais provavelmente não armazenam cloro. No entanto, estudos de laboratório mostram que a exposição repetida ao cloro no ar pode afetar o sistema imunológico, o sangue, o coração e o sistema respiratório dos animais.

Além disso, a água sanitária pode ter efeitos nocivos em uma escala muito maior do que apenas em sua casa. O alvejante é frequentemente usado em processos industriais e liberado no meio ambiente em grandes quantidades. Os impactos desta poluição levaram muitos a argumentar pela restrição da água sanitária como um esforço para proteger a saúde e o meio ambiente.

Frequentemente, os fabricantes lançam resíduos contendo alvejante em corpos d’água. Uma vez na água, o alvejante reage com outros produtos químicos para formar, entre outros produtos, dioxinas. As dioxinas são conhecidas por serem toxinas altamente perigosas que podem ter graves impactos na saúde. O cloro também coloca a vida selvagem em risco, pois seus subprodutos foram associados ao câncer em estudos com animais de laboratório.

A água sanitária é especialmente prejudicial ao meio ambiente porque dura muitos anos. Mesmo pequenas quantidades do produto químico tóxico podem se acumular no ar e na água ao longo do tempo. Isso pode resultar em efeitos adversos à saúde.

O que pode substituir o cloro?

Álcool isopropílico pode ser muito eficaz para limpar as superfícies plásticas dos eletrônicos. O peróxido de hidrogênio é uma substância atóxica que pode ser usada para desinfetar superfícies domésticas. Ao contrário da água sanitária e outros produtos à base de cloro, o peróxido de hidrogênio é seguro para uso em produtos alimentícios.

Por último, o sabão e a água morna podem limpar quase tudo em sua casa sem representar nenhum risco. Esfregar os ambientes infectados com sabão antibacteriano mata as bactérias, assim como os produtos químicos mais agressivos. Logo, é possível reduzir o uso de alvejantes e água sanitária sem colocar a saúde em perigo.

Produtos de limpeza sustentáveis: por que usar e como fazer

Procurando produtos de limpeza mais ecológicos e menos prejudiciais à saúde? Confira no vídeo abaixo uma receita de sabão caseiro sustentável:

Isabela

Redatora e revisora de textos, formada em Letras pela Universidade de São Paulo. Vegetariana, ecochata na medida, pisciana e louca dos signos. Apaixonada por literatura russa, filmes de terror dos anos 80, política & sociedade. Psicanalista em formação. Meu melhor amigo é um cachorro chamado Tico.

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