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Cloropreno é uma substância com potencial cancerígeno usada para fazer borracha

O cloropreno é uma substância química usada para fazer policloropreno, ou neoprene, uma borracha sintética. Em sua forma original, o cloropreno é um líquido volátil feito de carbono e cloro, cuja polimerização é responsável pela produção do neoprene

O policloropreno foi desenvolvido durante a década de 30 e foi utilizado na indústria têxtil por ser um tecido inerte e resistente à degradação. No entanto, durante sua fabricação, o cloropreno pode entrar no ar devido à sua volatilidade, posando uma ameaça à saúde dos trabalhadores dessas indústrias. 

O potencial cancerígeno da substância foi descoberto em 1970. Porém, ela continua sendo usada na produção de equipamentos de proteção individual, uma vez que tenha a exposição controlada por órgãos governamentais. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency) estipulou o nível máximo permitido de exposição ao cloropreno em 0,2 µg/m3 ao longo de 70 anos, em uma tentativa de manter o risco adicional de câncer pela exposição abaixo de 100 casos por milhão de pessoas. 

Mesmo assim, a substância já havia sido responsável por diversos casos de câncer no país, especialmente em Nova Orleans, Louisiana. 

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Para que serve? 

O cloropreno (2-cloro-1,3-butadieno) é usado como matéria prima do neoprene. Este, por ser um tipo de borracha resistente, é usado principalmente na confecção de: 

  • Roupas de mergulho; 
  • Máscaras de proteção; 
  • Luvas; 
  • Juntas;
  • Vedações;
  • Mangueiras;
  • Isolamento elétrico;
  • Equipamentos esportivos. 

Riscos associados ao cloropreno

Como já mencionado, o potencial cancerígeno do cloropreno foi descoberto na década de 70, quando trabalhadores expostos à substância começaram a apresentar altas taxas de câncer. Um estudo de 1978 com 234 trabalhadores do sexo masculino de uma fábrica de neoprene nos EUA constatou 12 mortes por câncer em um período de 15 anos, três mortes a mais do que o esperado em comparação com a taxa entre os trabalhadores da empresa como um todo.

Foi observado que a taxa de câncer dos órgãos urinários em particular eram preocupantes. Cinco dos homens expostos morreram desses tipos de câncer ao longo de 15 anos, muito acima da taxa esperada de uma morte a cada 30 anos para uma população semelhante que não foi exposta ao cloropreno.

Outras pesquisas associaram a substância a outros tipos de câncer, como câncer de fígado, câncer de rim e leucemia.

Além disso, estudos em animais também mostraram que a ingestão ou inalação de cloropreno pode causar câncer.

Cancer Alley 

Parte do conhecimento público sobre a substância se deve a um processo judicial que ocorreu nos EUA em 2023. Em maio desse mesmo ano, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos entrou com uma queixa contra a Denka Performance Elastomer — a única fábrica de cloropreno nos Estados Unidos — alegando risco à saúde pública devido à poluição atmosférica cancerígena.

A fábrica da Denka é de LaPlace, em Louisiana, que é localizada na conhecida “Cancer Alley” — um trecho de terra de 85 milhas na Louisiana onde comunidades de baixa renda e minorias foram expostas a um risco desproporcional de câncer devido à concentração de plantas petroquímicas e refinarias de combustíveis fósseis.

Embora alguns defensores da indústria culpem os comportamentos de saúde dos moradores por essas altas taxas, um estudo de 2022 descobriu que, após controlar ocupação, tabagismo e obesidade, a incidência de câncer foi maior em setores censitários com maior exposição a compostos tóxicos da poluição do ar. 

A taxa nacional de câncer nos EUA é de cerca de 440 casos por ano por 100 mil pessoas na mesma faixa etária da população da Louisiana, afirma Kimberly Terrell, principal autora do estudo, ao Scientific American. A Louisiana tem uma média superior a isso, diz Terrell — cerca de 480 casos por 100 mil pessoas por ano. Na Cancer Alley, porém, os números parecem ainda piores.

“Os setores censitários mais poluídos que analisamos apresentaram uma taxa média geral acima de 500”, diz Terrell.

Processo contra a Denka

Há também evidências que associam a fábrica da Denka, em particular, ao risco de câncer. Em 2021, um estudo constatou uma maior incidência de câncer perto do local. 

Os pesquisadores encontraram uma taxa de câncer excepcionalmente alta em toda a área de estudo — 9,7% dos moradores relataram diagnóstico de câncer nos últimos 23 anos — e a taxa piorou com a proximidade da usina.

“Os níveis de câncer na Zona 1 [perto da usina] são muito mais incomuns, em comparação com as estatísticas nacionais de câncer, do que os níveis na Zona 2”, afirma Ruhan Nagra, professor associado de Direito da Universidade de Utah, que liderou o estudo.

Entretanto, embora as inúmeras evidências científicas sobre o potencial cancerígeno da substância, o governo Trump pode retirar a ação federal contra a DPE. 

“Este país nos abandonou aos caprichos da indústria petroquímica”, disse Robert Taylor, fundador do Concerned Citizens of St. John, um grupo de defesa que ele iniciou em 2016 após aprender sobre os perigos do cloropreno para a saúde, ao Scientific American.

“Quem decidiu nos sacrificar e a quem? Quem são os beneficiários do meu bisneto de três anos, que, aos 2,5 anos, já ultrapassou o nível de 70 anos de exposição a esses produtos químicos? … Eu e minha diretoria estamos em modo de emergência. Sabemos que precisamos nos unir e elaborar alguns planos. Não podemos nos acomodar diante disso”, explicou. 


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