Você já ouviu falar que cochilar pode te ajudar a ser criativo? Parte da crença nesse fato pode ser atribuída a um dos inventores mais prolíficos do mundo, Thomas Edison. Segundo diversos historiadores, quando Edison passava por momentos de bloqueio criativo, ele tirava um cochilo curto — muito curto.
Entretanto, o método de Edison não é como qualquer cochilo e, se quer, pode ser considerado um. Diz a lenda que o inventor tirava uma soneca em uma cadeira, segurando bolinhas de gude, moedas, ou uma bola de aço. Quando estava prestes a entrar em um sono mais profundo, Edison derrubava o objeto em suas mãos, o que o acordava, supostamente resultando em momentos de “Eureka!” — que marcavam as soluções de seus problemas.
O conhecimento sobre essa história, em conjunto com o fato de que Salvador Dalí supostamente usava o mesmo método, ajudaram a disseminar a frase “cochilar pode te ajudar a ser criativo”, persuadindo algumas pessoas a tirar cochilos para refrescar a mente. No entanto, o método de Edison não é exatamente um cochilo. De acordo com a versão popular da história, o inventor entrava apenas no estágio inicial do sono, também conhecido como N1 ou hipnagogia,
Entretanto, isso não impediu que pesquisas científicas fossem realizadas para testar a hipótese.
Um estudo de 2021 do Paris Brain Institute ofereceu evidências experimentais de que o início do sono ajuda a gerar algum tipo de percepção criativa, como sugerido pela história de Thomas Edison.
Nela, os participantes receberam um problema matemático para resolver, que incluía uma regra oculta que permitia uma resolução mais rápida. Após 10 minutos, os participantes que não foram capazes de reconhecer a regra instantaneamente, foram instruídos a seguir o método de Edison: relaxar em uma sala mal iluminada segurando um objeto. Se eles cochilassem e deixassem cair o objeto que os acordou, eram solicitados a relatar seu fluxo de pensamentos.
Foi notado que três vezes mais participantes identificaram a regra oculta, em comparação com aqueles que permaneceram acordados durante o intervalo ou entraram diretamente em uma forma de sono mais profunda.
Seguindo as descobertas do Paris Brain Institute, especialistas do MIT e de Harvard se juntaram para estender esses resultados a domínios mais comumente associados à criatividade, como contar histórias.
Os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral dos participantes com um dispositivo chamado Dormio. O aparelho envolve uma luva que mede três marcadores fisiológicos do sono – alterações no tônus muscular, frequência cardíaca e condutância da pele, comunicando essas respostas a smartphones ou computadores.
À medida que alguém usando a luva entra no estado N1, o aplicativo solicita que sonhe com um assunto específico. Depois de alguns minutos, quando o usuário começa a entrar no próximo estágio do sono, o aplicativo o acorda, pede que relate o que estava sonhando e registra sua resposta.
Os resultados revelaram que os indivíduos que cochilaram durante 45 minutos tiveram o melhor desempenho na formação de pensamentos criativos. Ou seja, mesmo sem o método de Edison, foi constatado que o cochilo pode ser benéfico à criatividade.
Além disso, o estudo também descobriu que durante o início do sono, o cérebro foi capaz de reunir conceitos que não aconteceriam durante as horas de vigília.
Além dos 45 minutos indicados pela pesquisa anterior, acredita-se que o ser humano pode se beneficiar de sonecas mais longas: é o que acredita o Dr. Philip Gehrman, professor assistente de psicologia na Universidade da Pensilvânia.
Em geral, Gehrman sugere que um cochilo de 15 a 30 minutos (sem incluir o tempo que leva para adormecer) pode aumentar o estado de alerta e lhe ajudar a ficar acordado durante o dia. Porém, para a criatividade, sonecas mais longas podem obter mais resultados, segundo outros especialistas.
“Um cochilo de 90 minutos pode ajudá-lo a descomprimir e fazer fluir a criatividade, pois abrange um ciclo completo de sono, levando você dos estágios mais leves aos mais profundos do sono e vice-versa, para que você acorde revigorado”, diz a Dra. Sara Mednick, professora associada da Universidade da Califórnia em Irvine ao Times Union.
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