Coffea liberica é uma das quatro principais espécies de café produzidas para o consumo humano. Relativamente desconhecida, essa espécie representa apenas 2% de toda a produção de café do mundo, diferentemente das espécies Robusta e Arábica, que representam, em conjunto, 90% de todo o cultivo de café.
Embora seja nativa da Libéria, na África Ocidental, hoje ela é predominantemente cultivada no Sudeste da Ásia. De fato, a Coffea liberica é a principal espécie do gênero Coffea cultivada na Malásia e nas Filipinas, contabilizando cerca de 70% de todo o café produzido.
De acordo com a especialista Pacita Juan, membra do Comitê Diretor do Departamento de Instalações Florestais e Agrícolas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a planta potencialmente foi da Libéria à Etiópia e depois ao Oriente Médio. De lá, foi consequentemente introduzida à Ásia.
Além disso, acredita-se que a viagem da Coffea liberica à Ásia seja originária do processo de colonização:
“A maior parte do sudeste da Ásia foi ocupada pelos franceses, holandeses ou espanhóis. Esses colonos europeus traziam café com eles, o que influenciou os hábitos de consumo de café na maior parte do Sudeste Asiático”, disse Pacita ao Perfectly Daily Grind.
Apesar de ser desconhecida atualmente, durante o século 19, a espécie foi uma das mais utilizadas para a produção de café. Isso foi um resultado da epidemia de ferrugem-do-cafeeiro de 1890, que afetou mais de 90% de todas as plantas de arábica em todo o mundo.
Essa é uma consequência de uma das principais características da Coffea liberica, que também está contribuindo para a sua popularização nos dias atuais: sua resistência. Diferentemente do café arábico, o café liberiano é mais resistente à ferrugem-do-cafeeiro e consegue ser cultivado em climas quentes.
As árvores de Liberica são altas, atingindo cerca de 17 metros, o que dificulta a colheita dos grãos de café. Esses grãos são relativamente maiores do que outras espécies de café e possuem um gosto diferente do café convencional.
Um dos maiores obstáculos para a popularização da Coffea liberica é o processamento e torração dos grãos. Quando o processo não é feito corretamente, o café liberiano pode apresentar um gosto definido como “vegetal”.
Porém, quando é produzido corretamente possui um gosto adocicado, uma vez que possui muita polpa, que fermenta quando seca naturalmente. Muitas pessoas acreditam que o café derivado da planta é semelhante ao gosto da jaca.
Existem três principais motivos para a falta de utilização da Coffea liberica na produção de café mundial: gosto, preço e teor de cafeína. Enquanto a espécie Arábica é mais conhecida pelo seu sabor único e a Robusta é mais popular pelo seu conteúdo de cafeína, a Liberica fica para trás nas considerações finais de melhor safra de café.
Além disso, fora de onde é cultivada, a planta pode ser duas vezes mais cara que o café arábico convencional.
Entretanto, muitas plantações de café estão sofrendo com as consequências do aquecimento global. Problemas como secas, pragas e más condições de crescimento contribuíram para o aumento do preço do café convencional.
No Brasil, o maior produtor mundial de café, o preço desses grãos quase duplicou entre 2021 e 2022. Portanto, pode-se esperar um aumento da produção da Coffea liberica.
Como a produção de café é quase exclusiva de duas espécies, a Coffea liberica é uma espécie em ascensão. Diversos exportadores começaram a explorar a sua produção em massa por conta de sua resistência a pragas comuns e por ser uma possível alternativa ao café convencional.
Enquanto a espécie não é cultivada mundialmente, confira alguns dos benefícios do café comum:
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