Colecionar rochas é um ótimo jeito para se conectar com o meio ambiente enquanto descobre mais sobre a geologia da sua região. Existem diversos métodos diferentes para começar a sua coleção, que podem variar dependendo de seu conhecimento sobre os minerais. No entanto, não é necessário ser um geólogo profissional para começar.
Em geral, criar uma coleção de rochas é uma porta de entrada para o fascinante mundo da geologia. Pode ser um passatempo agradável, uma maneira de explorar seu ambiente local e também uma maneira de entender a história da Terra e os processos que a moldam.
Portanto, embora possa ser feito por todos, é interessante entender mais sobre as rochas antes de começar a sua coleção.
As rochas vêm em muitos formatos e tamanhos diferentes. Porém, ao todo, elas podem ser categorizadas em três tipos diferentes:
Em geral, todas as rochas são formadas por minerais. Os minerais encontrados na crosta terrestre são extremamente diversificados. E, embora existam alguns tipos comuns de minerais, há praticamente uma infinidade deles.
Assim, é importante pesquisar a geologia local (ou a geologia de onde quer que você queira ir coletar rochas).
A América Latina como um todo “é essencialmente estruturada em rochas metamórficas de fácies anfibolito a granulito de idade arqueana e associado a unidades proterozóicas que são frequentemente representadas por faixas dobradas de fácies xisto verde e cobertura sedimentar e vulcânica (raramente metamorfoseada), bem como vários granitóides.” (1)
A geologia do Brasil é composta, em sua maioria, por esses tipos de rochas. No entanto, você pode ir mais afundo em suas pesquisas através de diversos mecanismos usados por geólogos, incluindo:
Quando falamos sobre os materiais compostos por minerais, em geral, o correto é usar a terminologia “rochas”. Isso porque, em linguagem popular, a palavra “pedra” é usada para definir todo componente sólido da crosta terrestre.
Para começar a colecionar rochas você não precisa de ferramentas. Contudo, algumas delas podem ajudar e ser adquiridas ao longo do tempo. Algumas das ferramentas que são comumente utilizadas incluem:
E lembre-se: tenha cuidado ao quebrar as rochas. Sempre use o material de segurança necessário para evitar acidentes.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, existe um certo parâmetro a ser seguido para que as espécimes consigam ser, de fato, parte de uma coleção:
“Uma coleção, seja do que for, deve ser um conjunto bem classificado e ordenado de peças. Quem assim não fizer não será bem um colecionador, mas mais um ajuntador”, escreve o geologista brasileiro Pércio de Moraes Branco.
De acordo com o especialista, algumas orientações para começar a colecionar rochas incluem:
Para mais dicas, confira o guia do SGB.
Antes de começar a colecionar rochas é importante fazer algumas considerações sobre os possíveis impactos da prática. Embora possa parecer uma atividade eco-friendly, alguns métodos de extração de rochas podem oferecer riscos à biodiversidade e ao meio ambiente em geral.
Esses impactos provém, principalmente, da extração de rochas através da mineração.
A mineração de superfície apresenta algumas vantagens como alta recuperação de um depósito, maior eficiência, maior capacidade de mineração seletiva, melhor segurança e higiene ocupacional e melhores condições de trabalho. Porém, quando implementada em maior extensão, a mineração de superfície possui com desvantagem o alto grau de transformação do território, que se expressa por meio de mudanças edafoclimáticas no ambiente.
Os impactos podem afetar a litosfera, onde o relevo do território, altitude e o caráter do ambiente rochoso são alterados. A atmosfera, onde podem ocorrer mudanças nas quantidades climáticas e a qualidade do ar pode ser afetada. A biosfera, onde os componentes vegetais, animais e microbióticos dos ecossistemas sofrem degradação ou são completamente destruídos (fitocenose, zoocenose, cenose microbiana).
Quanto às alterações observadas no nível da paisagem, a mineração produz impactos não somente sobre os componentes dos ecossistemas naturais, mas também sobre os aspectos sociais e econômicos no interior do território em que a atividade ocorre. Residências, instalações industriais, infraestrutura técnica da paisagem, estruturas de atividades agrícolas, florestais, de gestão de água e de recreação são devastadas para dar lugar às obras de mineração em larga escala.
Em relação à prática de colecionar rochas, a grande maioria desses impactos ocorre quando um colecionador decide comprar os materiais de empresas de mineração — responsáveis por instalar atividades mineradoras a fim de lucrar sob a venda dos minérios. No entanto, isso não significa que pequenas coleções são isentas de impactos.
As rochas servem como esconderijos e abrigos ideais para uma grande diversidade de insetos. Seu material resistente permite que algumas espécies usem-nas como casas.
As abelhas da espécie Megachile spp. fazem ninhos em rachaduras ou fendas presentes em alguns tipos de rocha. Outras abelhas que nidificam em túneis, como algumas abelhas escavadoras (Anthophora spp.), usam água para amolecer o arenito e escavar nele. As abelhas-bombus (Bombus spp.) fazem suas casas em cavidades protegidas dentro de pilhas de rochas e paredes, enquanto os besouros terrestres (família Carabidae) e vários outros insetos benéficos fazem suas casas em buracos ou tocas escavadas no solo sob uma rocha.
Além disso, os minérios mantêm as condições abaixo deles relativamente estáveis, mesmo durante climas mais extremos. Ao meio-dia em um dia seco, por exemplo, o espaço abaixo de uma pilha de rochas fica sombreado, fresco e úmido. Durante uma tempestade, insetos amontoados nas brechas de uma parede de rocha provavelmente ficarão seguros e secos.
Em geral, as rochas são habitats naturais para muitas espécies de musgos, líquens e insetos. Portanto, removê-las do meio ambiente pode impactar negativamente o microecossistema.
As rochas ajudam a estabilizar o solo e a reduzir a erosão causada por vento e chuva.
“Erosão” é um termo utilizado para descrever a remoção de materiais por agentes naturais em movimento na superfície terrestre. Esses materiais podem ser naturais ou construídos pelo ser humano. A água corrente, o gelo e o vento são alguns exemplos de agentes erosivos.
E, apesar de ser um processo natural, a erosão vem sendo intensificada pela ação humana e uso inadequado dos solos. As principais consequências desse fenômeno são lixiviação, assoreamento, deslizamento de terra e desertificação, processos que causam graves prejuízos para diversos ecossistemas.
Sendo assim, retirar as rochas do meio ambiente pode aumentar a vulnerabilidade do terreno à erosão, especialmente em áreas inclinadas.
A remoção de rochas de suas áreas naturais pode impactar a estética e integridade do habitat. Esse fator também contribui para os valores éticos de colecionar rochas, ponto que foi levantado pelo geologista Craig McClarren.
“Certamente, quando você pega uma rocha e a leva para casa, ela não está mais lá para os outros aproveitarem. É tudo um pouco ganancioso e egoísta, não é? Mas faz parte da nossa natureza — gostamos de colecionar coisas bonitas”, diz em seu depoimento no Medium.
“O sudoeste do deserto é um estudo de caso nisso. Quando os colonos começaram a chegar no Arizona, na década de 1800, a paisagem estava coberta de madeira petrificada. Ela estava literalmente em todo lugar! Ao longo das décadas, pedaços foram coletados e a terra foi praticamente limpa. Um dos poucos lugares restantes onde você poderia encontrar alguma coisa foi transformado no Parque Nacional da Floresta Petrificada”, continua.
“Ainda assim, os colecionadores vieram e escolheram as terras protegidas, de modo que só restam algumas peças realmente boas em todo o parque nacional. É patético. Hoje, há câmeras de vigilância observando cada canto do parque, cada quiosque de informações avisa sobre a pena de prisão e multas que você enfrentará por tocar em uma pedra, a segurança vagueia por cada área visitada, as autoridades revistam suas malas e verificam seu carro, os guardas do parque observam você como um falcão”.
Em algumas regiões, mesmo pequenas coletas podem violar leis ambientais ou normas de proteção do patrimônio geológico. Portanto, é importante verificar se há restrições na área antes de tentar amplificar sua coleção.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais