Coletor menstrual: vantagens e como usar

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O coletor menstrual é uma das alternativas mais populares aos absorventes descartáveis, graças à sua praticidade, eficácia e durabilidade. Para você ter uma ideia, um único copinho dura cerca dez anos, se for mantido em boas condições de conservação e higiene.

Normalmente, os coletores são feitos de silicone hipoalergênico e podem ser usados por até 12 horas ininterruptas, dependendo do fluxo durante a menstruação. O coletor menstrual é colocado na entrada da vagina, ao contrário dos absorventes internos. Por isso, não representa riscos para a saúde.

Para quem gosta e se adapta, o coletor é uma excelente escolha de consumo sustentável, porque reduz significativamente a geração de resíduos. Repensar nossos hábitos pode ser o primeiro passo para adotar uma postura ecologicamente responsável, com respeito ao planeta e à natureza.

Absorvente interno: riscos e impactos ambientais

Por que dar uma chance ao coletor menstrual?

Todos os meses, os corpos femininos em idade reprodutiva se preparam para a fertilização. Quando ela não ocorre, o endométrio se desprende, provocando a eliminação do óvulo não fecundado e do revestimento interno do útero.

Essa eliminação não pode ser controlada, então foram criados métodos para guardar o sangue menstrual sem manchar roupas ou causar desconforto. O método mais popular é o absorvente externo descartável, que chegou ao Brasil em 1930 e dominou o mercado por muitos anos.

Esses absorventes conquistaram a preferência feminina pela praticidade e a eficácia em reter o sangue menstrual. O problema é que seus impactos ambientais são altos. Uma mulher usa cerca de 10 absorventes descartáveis em cada período menstrual. Ao longo da vida reprodutiva, ela usa de 10 mil a 15 mil absorventes.

De acordo com a Menstrual Health Alliance India, um absorvente descartável pode levar de 500 a 800 anos para se decompor no meio ambiente. E, segundo a organização Friends of Earth, a maioria desses produtos contém mais de 90% de plástico. Além disso, cada um desses produtos é equivalente a quatro sacolas plásticas. 

Um relatório de 2018 diz que cada pessoa que menstrua joga fora cerca de 400 kg de embalagens de absorventes durante a vida.

Segundo o Instituto Akatu, entidade que promove o consumo consciente, a reciclagem desse tipo de resíduo no Brasil ainda é embrionária. Além disso, a produção de absorventes descartáveis emite gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas. 

E o pior de tudo é que esses resíduos nocivos geralmente acabam em aterros sanitários, sistemas de esgoto e cursos d’água, causando desequilíbrio aos ecossistemas e prejudicando a vida selvagem.

O que é e como funciona o coletor menstrual?

Uma vez inserido na vagina, o coletor menstrual impede o vazamento de sangue, mas funciona de forma diferente do absorvente tradicional. Ele existe desde os anos 1930 e é um copinho que pode ser feito em silicone medicinal (atóxico e translúcido), borracha ou elastômero termoplástico de grau hospitalar que é inserido na entrada da vagina. O coletor é discreto, se molda ao corpo e evita o desconforto dos absorventes comuns.

Como o nome indica, o coletor menstrual apenas coleta o fluxo menstrual, sem interferir na umidade, no pH ou na ecossistema local. O coletor é indicado para pessoas alérgicas, pois são hipoalergênicos e não contêm substâncias químicas, látex, gel, bisfenol, dioxina, cola, perfume, pesticidas ou agentes branqueadores.

O mecanismo do coletor funciona por pressão. Ele faz um vácuo e se prende às paredes vaginais. Se inserido corretamente, não há risco de vazamento.

Os fabricantes afirmam que, dependendo do volume de fluxo, os coletores menstruais podem ser utilizados por um período de oito a doze horas. Respeitando o tempo de troca, você também pode dormir com seu coletor. Depois é só retirar, lavar e usar novamente.

Outro fator a ser considerado é que, como não há contato com o ar, desse modo, não ocorre a proliferação de bactérias que geram odores.

Coletor menstrual versus absorvente interno

O absorvente interno não absorve somente o fluxo menstrual, mas também a umidade natural do local, podendo causar ressecamentos – 35% do que é absorvido é umidade do corpo e não sangue. Com a região ressecada, o algodão atrita com o interior da vagina e pode causar irritação. Absorventes internos estão associados inclusive à perigosa síndrome do choque tóxico.

Já o coletor menstrual retém apenas o fluxo, não ressecando nem abafando a vagina, como fazem tampões e absorventes externos descartáveis. Isso ajuda a diminuir o risco de infecções, pois inibe o crescimento de fungos e bactérias.

O coletor menstrual pode armazenar cerca de três vezes mais conteúdo que absorventes internos de alta absorção e precisa ser trocado com menos frequência. Dependendo da adaptação ao uso, ele pode ser mais seguro que os absorventes convencionais em relação a vazamentos. Se estiver aberto e posicionado no lugar correto, o coletor vedará toda a passagem de fluxo.

Absorventes tradicionais podem causar uma série de alergias, seja pelas diversas substâncias químicas que possuem, pelo abafamento da região ou pelo contato direto com a pele. Já o coletor menstrual não gera esses problemas por ser atóxico e não alterar as condições fisiológicas da região, como umidade, pH, flora vaginal e ventilação.

Um modelo comum de coletor menstrual é o feito com silicone medicinal. O material tem sido amplamente usado na área da saúde por não causar reações no corpo, ser biocompatível e de fácil higienização.

O silicone não funciona como um meio de cultura para bactérias como os absorventes internos, não irrita a pele como os externos e nenhuma substância se desprende do coletor e passa para o corpo, além de ter uma durabilidade muito grande. A validade do produto depende de fatores como: frequência e modo de higienização, pH vaginal e produtos de limpeza utilizados.

Como usar o coletor menstrual

O método de como colocar o coletor menstrual é muito diferente dos demais absorventes, e por isso requer paciência na adaptação. É natural demorar até quatro ciclos para se adaptar. Então, inicialmente, enquanto você ainda não sabe muito bem como usar o coletor, você pode utilizar um absorvente de pano em conjunto para se sentir mais segura.

Culturalmente, mulheres não são estimuladas a conhecer o próprio corpo. Para inserir o coletor, é preciso conhecer sua anatomia e se tocar. No começo, isso pode gerar desconforto e estranhamento para muitas pessoas, mas é preciso entender que a menstruação faz parte de um processo natural e não é nojenta.

O coletor precisa estar inserido na altura correta, abrir-se completamente e, assim, gerar o vácuo que irá vedar a passagem de sangue. Para inseri-lo na cavidade, podem ser realizadas diferentes dobras e a ideal será a que você melhor se adaptar. Se você tem o ciclo bem regulado, poderá colocar o coletor antes mesmo de menstruar.

Como fazer a menstruação descer?

Antes de colocar o coletor, é muito importante lavar as mãos com sabão e garantir que o coletor esteja bem limpinho. Lembre-se de enxaguar muito bem, porque sabão no canal vaginal pode causar infecções.

Procure uma posição confortável, na qual você se sinta relaxada. Pode ser em pé, agachada, sentada no vaso sanitário, etc. Faça a dobra do coletor e insira dobrado. Após colocar, enfie o dedo e sinta a borda do copinho, tentando perceber se ele está completamente aberto. Se ele não estiver, você pode tentar abrir o coletor manualmente.

Imagem de Karolina Grabowska no Pexels

Como retirar e limpar o coletor menstrual

O vácuo deve ser removido para esvaziar o coletor menstrual, pois caso contrário a retirada pode ser um pouco dolorosa. Utilize a força da musculatura vaginal para empurrar o coletor para baixo e depois aperte o copinho para eliminar a pressão.

Se você tiver posicionado o coletor mais perto do colo do útero, pode ser difícil removê-lo. É importante relaxar, procurar instruções no manual e tentar retirá-lo com calma para não se machucar. Não tente tirá-lo sem apertá-lo.

Esvazie o conteúdo, lave com água e sabão neutro e insira novamente. Esse processo deve ser feito de acordo com a intensidade de seu fluxo menstrual, mas em média se faz necessário de duas a três vezes ao dia. Se você tiver que esvaziá-lo em um banheiro público, pode limpar apenas com papel higiênico, lenços umedecidos ou com o auxílio de uma garrafinha com água. Nesses casos, na troca seguinte, faça uma higiene mais cuidadosa com água e sabão.

Ao final de cada ciclo, é recomendado fervê-lo por cinco minutos. Não se deve usar panelas de alumínio ou antiaderentes, pois elas soltam substâncias metálicas que podem danificar o silicone. Você pode utilizar uma panelinha de ágata ou higienizá-lo no micro-ondas usando recipientes para esterilizar chupetas e mamadeiras no vapor. Não use produtos que podem danificar ou aumentar o risco de irritação, como desinfetante, sabão de máquina de lavar louça, álcool, etc.

Alguns fabricantes recomendam que o coletor menstrual seja trocado a cada dois ou três anos, mas cada consumidora pode decidir quando trocar seu coletor de acordo com seu estado. Basta conferir se não há sinais de deterioração como alteração da cor, se está pegajoso, se tem odor ou partes quebradiças. Ele pode durar até 10 anos se for bem cuidado e higienizado.

Como escolher o tamanho do coletor

Escolher o tamanho de coletor adequado é fundamental para prevenir vazamentos. Nem o peso, nem a quantidade de fluxo interferem na escolha do modelo. Pessoas com fluxo intenso provavelmente farão a limpeza com intervalo menor.

A escolha do tamanho é feita de acordo com a tonicidade do assoalho pélvico. A tonicidade e elasticidade naturalmente diminui com a idade e após a gestação. Pessoas que já fizeram cirurgia íntima ou que têm os músculos extremamente fortalecidos por causa de exercícios de kegel, comuns nas atividades físicas como ioga, pilates e pompoarismo, podem ter maior tonicidade independente da idade.

As marcas em geral possuem coletores menstruais confeccionados em diferentes tamanhos. Os modelos com o diâmetro maior normalmente são recomendados para pessoas acima de 30 anos ou que tiveram filhos (independente do tipo de parto). Contudo, pessoas com essas características também podem se adaptar aos modelos menores, por possuírem maior tonicidade devido a exercícios ou cirurgia.

De forma geral, quanto mais tonicidade, menor o coletor. Mas essa é uma questão muito particular e varia de pessoa para pessoa. Meninas também podem usar o coletor desenhado para virgens, isso depende se há presença de hímen (algumas nascem sem) ou se ele é grosso demais – nesse último caso, até a relação sexual com penetração pode não ser capaz de rompê-lo.

E se eu não puder usar ou não me adaptar ao coletor?

O ideal é procurar ajuda médica de um profissional de saúde ginecológica para saber se é possível utilizar o coletor. Mas lembre-se que a virgindade sexual independe da presença ou não de hímen, por isso você não vai deixar de ser virgem se utilizar o coletor, a virgindade só se perde quando há a primeira relação sexual.

Colocando na ponta do lápis, o coletor menstrual se torna econômico também para o bolso. Você deixa de gastar todos os meses com absorventes descartáveis e poupa o meio ambiente.

Mas nem todas as pessoas se adaptam ao coletor, algumas sentem cólicas por conta da pressão e outras não conseguem colocá-lo corretamente, sofrendo com eventuais vazamentos. Embora a adaptação possa ser complicada, com o tempo você fará o processo em segundos. Pela economia financeira, pelo aspecto ecológico ou para evitar substâncias químicas alergênicas, com certeza vale vencer o preconceito e testar o coletor menstrual.

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Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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