Mudanças legislativas visam garantir bem-estar e direitos dos animais no país, mas enfrentam oposição de alguns membros da academia
A Colômbia está considerando proibir pesquisas que envolvem o uso de animais vivos, o que poderia ter um impacto significativo nos estudos ecológicos. Vários projetos de lei em discussão no país têm o potencial de mudar o cenário da pesquisa, impedindo o uso de animais vivos na ciência e na educação. Embora um projeto de lei tenha sido retirado após protestos de cientistas, um segundo projeto de lei e uma emenda constitucional ainda estão em debate no senado.
Nataly Castelblanco-Martínez, uma bióloga de mamíferos aquáticos que colabora frequentemente com cientistas na Colômbia, expressa preocupação com essas propostas, destacando que embora haja a necessidade de regulamentação, esses projetos de lei afetariam quase todos os aspectos da pesquisa científica.
A Colômbia é conhecida por sua biodiversidade, mas um movimento “animalista” recente tem colocado em risco o trabalho dos cientistas. Um projeto de lei anterior, que proibia o uso de animais selvagens na educação e em estudos biológicos, foi retirado da Câmara dos Representantes após a oposição dos cientistas. No entanto, a discussão sobre o uso de animais em pesquisas acadêmicas e científicas continua.
Além disso, há debates sobre como lidar com uma população de hipopótamos invasores que escaparam da propriedade de Pablo Escobar. Algumas organizações de bem-estar animal defendem métodos não violentos de controle desses hipopótamos, enquanto outros argumentam que eles ameaçam as espécies nativas e devem ser mortos.
A senadora colombiana Andrea Padilla Villarraga apresentou um projeto de emenda constitucional que reconheceria os animais como pessoas, com proteções legais proporcionais, algo que os cientistas argumentam ser problemático.
O projeto de lei pendente no Senado também restringiria a pesquisa animal e afetaria a forma como os alunos são educados, exigindo que eles esperem até os últimos dois anos da universidade para interagir com animais sob supervisão. Isso teria um impacto significativo na pesquisa e educação, especialmente em instituições menores e rurais.
A comunidade científica colombiana está se organizando para enfrentar essas ameaças, com um grupo chamado Biodiversos, composto por mais de 2.750 membros, trabalhando ativamente para proteger os recursos naturais do país e se opor às restrições propostas.