Por Danilo Roberto Silva Queiroz em Jornal da USP | Com a chegada da estação das flores, um grupo de mulheres indígenas chama a atenção para uma nova primavera: o ativismo indígena, que vem ocupando as ruas e os espaços políticos. Para marcar a data, no dia 22, acontece na USP o primeiro Encontro Primavera Indígena na Universidade – Saberes e Experiências de Indígenas Mulheres. O evento será realizado das 14 às 17 horas no Instituto de Psicologia (IP) da USP e terá transmissão ao vivo pelo canal do IP no Youtube.
O encontro é promovido pelo Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política, juntamente com a Rede de Atenção à Pessoa indígena (RAPI), ambos do IP, com o apoio da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da Universidade.
A programação começará com uma apresentação de músicas tradicionais na Casa de Culturas Indígenas. Em seguida, haverá uma roda de conversa com lideranças indígenas no Auditório Carolina Bini, localizado no Bloco G do instituto, até as 17 horas. Para acompanhar a transmissão do evento clique aqui.
Serão recebidas as lideranças indígenas Sônia Guajajara, Chirley Pankara e Kellen Natalice Vilharva Guarani Kaiowá, com mediação e comentários de Julieta Paredes. A intenção é estabelecer um diálogo intercultural sobre as experiências e desafios enfrentados pelos povos indígenas na atualidade brasileira, em especial por lideranças, mulheres, que se lançam em busca de representatividade dentro das instituições públicas.
O encontro pretende abrir espaço de escuta para as vozes, saberes e experiências dessas mulheres indígenas com notável trajetória política e nas áreas acadêmicas. Cada uma das convidadas falará desde sua cosmologia, seu campo de estudo e sua trajetória pessoal e comunitária, dando ênfase às lutas e desafios enfrentados enquanto representações e lideranças indígenas.
Saiba mais sobre as convidadas no Facebook da PRIP.
A Primavera Indígena surge a partir dos movimentos que se iniciaram no ano passado em defesa da preservação dos povos originários, contra os desmatamentos e as violências sofridas por algumas etnias ao redor do Brasil. De acordo com os organizadores, o evento foi pensado para ocorrer justamente no início da primavera e reafirmar o ativismo indígena como uma nova estação que vem chegando e ocupando as ruas e as urnas.
Para os organizadores, esse é um momento que pretende abrir espaço de escuta para vozes, saberes e experiências. Entre os temas de debate, há destaque para a saúde mental dos povos tradicionais a partir de suas próprias vivências. Outras questões como lei de cotas, participação política e representação indígena no ensino superior também serão abordadas no evento.
“A saúde mental não pode ser pensada descolada da situação concreta dos povos indígenas. Ela é uma dimensão fundamental para compreender o desenvolvimento de política que respeite as particularidades de cada povo”, relata Raoni Jardim, pós-doutorando do Departamento de Psicologia Clínica do IP e um dos organizadores do evento.
Dentro da USP, a Rede de Atenção à Pessoa Indígena é um serviço ligado ao Departamento de Psicologia Experimental do IP. O objetivo da rede é articular pessoas e perspectivas que envolvam as comunidades indígenas e acadêmicas na construção de práticas psicológicas que considerem as experiências concretas desses povos. A RAPI propõe somar-se à luta indígena por reconhecimento, soberania e participação nas instituições e políticas públicas brasileiras e é coordenada pelo professor Danilo Guimarães, do IP.
O serviço é responsável pela Casa de Culturas Indígenas, denominada Xondaro kuery Xondaria kuery onhembo’ea ty apy – espaço de aprendizado de saberes ancestrais da USP. O local concentra indígenas de diversos povos e apoiadores, estudantes da graduação e pós-graduação, bem como indígenas que não integram a comunidade universitária, mas se somam às pautas de ingresso diferenciado.
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