Um combustível com casca de banana é um tipo de combustível produzido através da extração de açúcares simples dessa parte da fruta. Considerado um tipo de biomassa, é uma fonte de energia renovável e pode substituir o uso de combustíveis fósseis na indústria.
Com a crescente demanda de energia e o desejo pela diminuição de uso de combustíveis fósseis, acredita-se que o combustível feito com casca de banana pode ser uma opção economicamente viável.
E, embora a biomassa não seja mais considerada uma fonte de energia renovável em muitos países, a sua extração através da casca de banana possui um menor impacto ambiental.
Um dos primeiros combustíveis de casca de banana foram feitos no Departamento de Engenharia Química da Laval University. Lá, a professora Marie-Josée Dumont, em parceria com colegas da McGill University, desenvolveram a biomassa através das características da casca de banana.
De acordo com Dumont, a casca de banana é rica em celulose, hemicelulose e lignina. Em teoria, é possível extrair açúcares simples, como glicose e frutose, e os convertem por tratamento térmico em uma molécula chamada hidroximetilfurfural (HMF).
“O HMF é uma molécula muito versátil. Pode ser usada para sintetizar combustíveis ou diversos produtos industriais, inclusive remédios. O Departamento de Energia dos Estados Unidos considera o HMF uma das fontes moleculares mais promissoras”, disse a professora.
Normalmente, a extração dos açúcares necessários para a produção de HMF envolve um processo de tratamento com solventes e catalisadores químicos. No entanto, o processo feito por Dumont e seus colaboradores usa enzimas e processamento mecânico.
No processo, conhecido como mecano-enzimático, as cascas de bananas são inseridas em um moinho, que tritura mecanicamente a biomassa para facilitar o trabalho das enzimas. Em três horas, é possível obter 405 gramas de glicose e 172 gramas de frutose de um quilo de casca de banana. Respectivamente, isso é 1,2 e 1,9 vezes mais que o processo por hidrólise química — além da ausência de um tratamento químico agressivo.
Entretanto, esse não é o único método utilizado.
Uma pesquisa realizada por cientistas suíços conseguiu criar a biomassa de casca de banana com ajuda de lâmpadas.
Normalmente, existem dois métodos de conversão química de biomassa usando calor: gaseificação e pirólise. A gaseificação explode o material orgânico a temperaturas de 1000°C, convertendo-o em gás de síntese — uma mistura de hidrogênio, metano, monóxido de carbono e dióxido de carbono. Que, então, é usado como biocombustível.
Já a pirólise decompõe a biomassa em temperaturas mais baixas, de 400 a 800°C, em recipientes oxigênio. Esse método, por sua vez, necessita de reatores específicos que podem lidar com altas temperaturas e pressões, o que dificulta o processo.
Por outro lado, o método desenvolvido através da pesquisa é chamado de foto-pirólise, usando uma lâmpada de xenônio. Nele, as cascas de bananas são secas a cerca de 100°C por 24 horas, depois moídas e peneiradas até um pó fino antes de serem colocadas em um reator de aço inoxidável.
Depois, as lâmpadas de xenônio emitem uma luz branca brilhante, que pode desencadear a conversão de biomassa em apenas alguns milissegundos.
O processo cria um subproduto conhecido como “biochar”, ou “biocarvão”. O material pode ser adicionado ao solo para melhorar a saúde das plantas ou armazenado como uma estratégia de captura de carbono, confira:
De acordo com a política de hidrogênio da União Europeia, o hidrogênio ‘renovável’ deve ser produzido a partir de biomassa (matéria vegetal e animal), desde que determinados critérios de sustentabilidade sejam atendidos. Entretanto, a produção de biomassa pode, muitas vezes, ser responsável por uma maior liberação de CO2 do que se é armazenado.
Entretanto, a produção de combustível com casca de banana é diferente. Além de ser uma opção econômica e segura para o clima, acredita-se que essa biomassa é uma solução “inteligente, rápida e ecológica” para a produção de hidrogênio.
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