Comida azul: o que é e qual sua relevância?

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Comida azul é um termo usado para definir todos os organismos aquáticos comestíveis. Isso inclui peixes, mariscos e algas provenientes de sistemas de produção marinhos e de água doce (aquicultura e pesca). Devido ao potencial econômico desses alimentos, pesquisadores têm tentado encontrar maneiras de construir um sistema de produção mais sustentável.  

A comida azul, ou simplesmente alimentos aquáticos, fornecem as proteínas essenciais para mais de 3.2 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Isso porque ela é rica em nutrientes, como a vitamina B12 e ácidos graxos ômega-3. Fator que pode contribuir para a alimentação de países com altos níveis de deficiência nutricional, principalmente em certas regiões da África e da América Latina. 

A importância da comida azul também se dá pela sua presença na vida de populações costeiras, ribeirinhas, rurais e indígenas. Além de usarem os alimentos aquáticos para se alimentar, essas pessoas dependem da sua venda e troca para manterem a própria renda. 

Comida azul e a carne vermelha

Quando se compara a carne de alimentos aquáticos, como o peixe, com a carne vermelha, é possível encontrar uma diferença na absorção de nutrientes e na sustentabilidade de sua produção. Segundo estudos do pesquisador Christopher Golden, dados de mais de três mil amostras de comida azul mostram que elas são mais nutritivas do que a carne de animais como frango, porco ou a cabra.

Para os especialistas envolvidos na pesquisa, a combinação dos nutrientes da comida azul mais a aplicação de um sistema sustentável pode reduzir a má nutrição de mais de 166 milhões de pessoas até 2030.

Outras análises chegaram à conclusão de que a emissão de gases poluentes das comidas azuis é consideravelmente menor do que a da carne vermelha. Sendo que as espécies que geram mais impactos ambientais, quando falamos de piscicultura, são o salmão, a carpa, a truta e a tilápia. Todos esses peixes têm a mesma eficiência de produção que o frango.

Porém, diferente da carne de animais terrestres, a produção de comida azul tem mais chances de se tornar um processo ecológico. Por exemplo: a redução do uso de combustível e a melhoria da eficiência com que os alimentos para os animais são convertidos em biomassa podem representar maiores oportunidades para melhorar o desempenho ambiental da pesca de captura e da aquicultura de alimentação, respectivamente.

Quais os impactos da aquicultura?

Apesar de apresentar potencial financeiro e ambiental para o planeta, a comida azul é produzida majoritariamente por meio da aquicultura. Este processo gera alguns impactos ambientais, como:

  • Eutrofização;
  • Produção de efluentes;
  • Introdução e escape de animais exóticos;
  • Alteração da biodiversidade;
  • Liberação de plástico nos mares — devido ao uso das redes e outros equipamentos de pesca;
  • Introdução de organismos patogênicos em corpos d’água;
  • Modificação da paisagem;
  • Conflitos dos corpos d’água;
  • Sedimentação e obstrução dos fluxos de água;
  • Poluição por resíduos químicos.

Além disso, algumas pesquisas apontam que grandes criadouros de salmão da aquicultura são responsáveis pelo desenvolvimento de parasitas perigosos, como o piolho de peixe. Além disso, ao serem instalados em regiões inadequadas, esses criadouros podem causar acúmulo de metais pesados, como cobre e zinco.

Para saber mais sobre como funciona a aquicultura e quais seus impactos no meio ambiente, confira a matéria:

Aquicultura: o que é e impactos ambientais

Como a indústria da comida azul pode contribuir para o consumo sustentável?

Um estudo, da Universidade de Melbourne, na Austrália, mostrou que para além dos impactos negativos da aquicultura, existem benefícios na produção da comida azul. Sendo eles:

É importante frisar que esses benefícios só são adquiridos quando a prática da aquicultura é feita de forma sustentável. Ou seja, a sociedade precisa se juntar para que grandes empresas não tomem o controle de toda a produção da comida azul. Afinal, elas cooperam para reduzir os benefícios de produtores indígenas e tradicionais e focam em gerar mais do que a natureza pode criar.

O estudo da Universidade de Melbourne recomenda que os países criem políticas públicas que invistam na produção sustentável de comida azul. Logo, cabe a esses governos a criação de medidas que garantam a aquicultura:

  • Regularizada;
  • Ambientalmente correta;
  • Com menor emissão de gases poluentes possível;
  • E que contribua para o desenvolvimento de populações costeiras e ribeirinhas.

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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