Saber como escolher colchão é muito importante para preservar a saúde, evitar problemas ortopédicos e minimizar danos ao meio ambiente. O tipo de colchão varia: existem opções de colchão de espuma, molas, molas ensacadas, látex, viscoelástico e muitos outros. O mercado é cheio de opções; por isso, é importante procurar informações sobre cada tipo para escolher o colchão que mais se adeque às suas necessidades.
Os colchões de adultos, crianças e de bebês são constituídos por várias camadas de diferentes materiais, que podem ser naturais ou não. Grande parte dos colchões comercializados possui componentes nocivos à saúde humana. Alguma vez você já sentiu um incômodo com relação aos odores de um colchão novo?
Com a transição de uma sociedade industrial para a sociedade do risco, esses novos materiais para colchão passaram a oferecer mais do que conforto e tornaram-se medidas de segurança física e epidemiológica, por meio da adição de compostos retardantes de chamas, fungicidas, bactericidas, entre outras formas de química nociva.
Na hora de escolher um colchão, é importante saber que tanto os de espuma quanto os de mola são constituídos de várias camadas. O processo de fabricação de um colchão inicia-se na escolha da parte central; em seguida, vem o preenchimento com espumas e, por fim, a capa de cobertura para acabamento do colchão.
Nos colchões de mola, os metais são colocados na parte central e depois preenchidos com espumas. Os materiais das molas não são tóxicos para a saúde e podem ser reciclados. O impacto ambiental provocado pela utilização de molas está no processo de mineração.
O primeiro passo para escolher o colchão ideal é estabelecer a densidade que você procura. As lojas de colchão costumam ter tabelas com as opções indicadas à sua altura e peso. É importante notar que quanto mais denso, mais duro ele será.
Escolher um colchão mais mole ou mais rígido é uma decisão particular. No entanto, especialistas sugerem evitar extremos: o ideal é optar por um colchão nem muito duro, nem muito mole, para evitar o desalinhamento do tronco em relação ao pescoço.
O prazo de validade de um colchão é de cerca de dez anos. Para mantê-lo em bom estado de conservação, uma dica é girá-lo a cada trinta dias, invertendo a área da cabeça e do pé. Outra sugestão é expor o colchão ao sol pelo menos uma vez por mês, para evitar a proliferação de ácaros e, consequentemente, o surgimento de problemas respiratórios.
Um dos principais materiais de composição de um colchão é o poliuretano, um polímero que permite a fabricação de diversos tipos de produtos. O poliuretano é uma espuma plástica derivada do petróleo e que está entre as mais vendidas no mundo, por ser barata e leve. O colchão de viscoelástico, por exemplo, que ficou conhecido como “colchão da NASA”, é feito com uma espuma viscoelástica de poliuretano, que tem a propriedade de se adaptar à forma do corpo com o tempo.
Na fabricação do poliuretano são utilizados compostos nocivos à saúde. O diisocianato de tolueno está presente em quase todos os poliuretanos do mercado. Esse tolueno, em temperatura ambiente, é constantemente liberado pela espuma e por meio do ar ou contato com a pele. Ele é considerado extremamente tóxico, podendo causar asma, desmaio e acúmulo de líquido no pulmão em virtude do odor desagradável e dos gases liberados.
Além disso, pode provocar dor de cabeça, tosse, irritação nos olhos e sensação de embriaguez. O maior problema do poliuretano, no entanto, é que ele pode aumentar as chances de câncer, sendo classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) como possível carcinogênico para humanos. A espuma de poliuretano utilizada no colchão também provoca impactos negativos no ambiente, porque, além de conter substâncias tóxicas, como o tolueno, é um material de difícil reciclagem e seu tempo de decomposição pode levar centenas de anos.
Outra espuma para colchão derivada do poliuretano é aquela que contém uma pequena porcentagem de óleos vegetais (soja ou mamona), conhecida como espuma a base de soja ou espuma feita a partir de vegetais. Certamente, esse tipo causa menor impacto negativo ao ambiente, como a redução do uso de petróleo, porém pode provocar os mesmos efeitos negativos na saúde porque ainda é feita de poliuretano.
O látex sintético é feito a partir de compostos do petróleo e pode ser misturado com látex natural para formar uma mistura. Nesse processo de fabricação do látex sintético, são adicionados compostos orgânicos voláteis (VOCs), que poluem o ar de residências e possuem odor caraterístico: estireno e butadieno. O estireno causa irritação nos olhos, problemas gastrointestinais e aumenta o risco de câncer. O butadieno é classificado pela IARC como carcinogênico (comprovadamente cancerígeno), além de produzir os mesmos efeitos que o estireno.
Para escolher o colchão ideal, também é importante ficar de olho nos retardantes de chama. Os retardantes de chamas são compostos que possuem a capacidade de reduzir a inflamabilidade de um determinado material que normalmente é altamente inflamável, como os plásticos. Apesar de essas substâncias serem utilizadas como medidas de segurança, elas são nocivas à saúde e uma defesa perigosa contra o fogo.
O documentário Toxic Hot Seat revela que a fumaça emitida pela combustão desses retardantes contém substâncias cancerígenas, que teriam sido responsáveis por elevar a taxa de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos integrantes do corpo de bombeiros de São Francisco, nos Estados Unidos, tornando esse índice seis vezes maior que a média nacional.
Os PBDEs (éteres de difenilas polibromadas) são os principais químicos tóxicos utilizados como retardantes de chamas em colchões, por serem os mais baratos. No entanto, eles provocam contaminação e estão associados a diversos problemas de saúde, como doenças do coração, rins, pulmões, câncer, disfunções hormonais e problemas reprodutivos.
Para prevenir o risco de incêndio, lembre-se de não fumar próximo ao colchão, não deixar velas acesas ao dormir, não deixar crianças brincarem na cama com isqueiros e acendedores de cozinha e apagar velas ao sair do quarto.
Se o colchão que você for comprar for composto pelos materiais listados abaixo, você estará menos exposto a contaminantes tóxicos e, aplicando a sustentabilidade como ingrediente em sua escolha, poderá melhorar sua qualidade de vida.
Por isso, fique atento na hora de comprar um colchão.
Esse material feito a partir da seiva da seringueira é, naturalmente, um bactericida. Muitas vezes, componentes orgânicos voláteis são adicionados no processo de fabricação do colchão. Para tirar proveito dos benefícios do látex natural, existem colchões que são VOCs-free.
É um produto natural. Quando orgânico, não contém pesticidas durante a fase de plantio e crescimento. Já o algodão que vem da agricultura tradicional, possui no seu processo de cultivo a adição de pesticidas. Tanto para o algodão orgânico quanto para o algodão provindo da agricultura tradicional, é possível que seja adicionado ácido bórico como retardante de chamas. Ao utilizar um colchão de algodão, após o período em que ele começar a diminuir de volume, é possível preenchê-lo novamente com algodão e ter um “novo” colchão. É importante deixar o colchão feito com algodão no sol, a cada um ou dois meses.
A lã é um retardante de chamas natural por causa da pouca quantidade de oxigênio presente nas suas fibras e por ser necessário 600°C para iniciar a combustão. Raras vezes pode causar alergias, mas isso depende de cada pessoa.
Esse material é natural, provindo de um processamento do coco. Assim como a lã, em algumas pessoas pode desencadear alergias. É importante verificar porque é frequente a mistura de látex com a fibra de coco. Já existem pesquisas que testaram as propriedades das fibras de bambu e concluíram que o material pode ser uma boa alternativa às espumas feitas a partir de poliuretano. Se quiser adquirir um colchão ou outros produtos acolchoados que não ofereçam risco de incêndio e riscos à saúde por conta dos produtos tóxicos, opte pela lã, que é um retardante de chamas natural.
A reciclagem dos colchões tradicionais, que possuem muitas camadas de materiais que podem ser nocivos à saúde, como a espuma de poliuretano, retardantes de chamas e outros compostos, como colas, adesivos e sprays bactericidas, é muito dificultada por conta dessa complexidade e mistura de materiais que são de difícil separação. No Brasil, o mercado de reciclagem de colchões não é difundido, tornando o processo mais custoso.
Em outros países, já existem empresas e medidas tomadas por governos. Ohio, nos Estados Unidos, e Vancouver, no Canadá, são exemplos de cidades que trabalham no processo de reciclagem de colchões. É possível realizar a reciclagem de alguns componentes do colchão, como a madeira, as molas, o algodão e até mesmo a espuma.
O tempo de vida de um colchão pode chegar a onze anos. Apesar disso, muitos colchões são descartados todos os dias, ocupando muito espaço nos aterros e lixões e permanecendo por dezenas ou centenas de anos até ser degradado pela ação dos micro-organismos e do tempo. Por isso, é importante fazer o descarte ecológico do produto.
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