Aprenda como fazer uma horta urbana

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Você sabe como fazer uma horta? A prática da agricultura urbana traz uma série de vantagens: reduz desperdícios, evita poluição, diminui o consumo de industrializados, aproxima as pessoas da medicina caseira, revitaliza espaços ociosos, contribui para o microclima, biodiversidade, saúde, bem-estar e muito mais! Diversos vegetais com diferentes utilidades podem ser cultivados em ambiente urbano.

Os benefícios detalhados que esta atividade traz você pode conferir em nossa matéria “Agricultura urbana orgânica: entenda por que é uma boa ideia“. Montar uma horta urbana é uma ótima forma de aderir à prática. O primeiro passo é escolher um espaço. Arrume algumas ferramentas e mãos à obra!

Como fazer uma horta urbana: passo a passo

Antes de começar a fazer sua horta urbana, conheça nove itens essenciais e algumas dicas para um bom cultivo dos seus próprios alimentos orgânicos:

1. Arranje um espaço

Se você possui um espaço de terra já é um ótimo começo para sua horta urbana. A boa notícia é que esse espaço disponível não precisa estar necessariamente na sua casa ou ser seu. Pode ser um espaço público próximo à sua residência que possa ser compartilhado. Se houver pouco espaço com solo disponível, não se preocupe, pois a sua horta urbana pode ser feita em vasos ou suportes em pequenos espaços.

Você pode dar início à sua horta urbana em uma praça abandonada perto de casa, ou ainda conversar com o síndico e condôminos do seu conjunto residencial para iniciarem juntos uma horta no lugar subutilizado da grama. Saiba mais sobre como montar uma horta urbana comunitária em condomínios

Você também pode fazer uma mini horta caseira na sacada do seu apartamento. As hortas verticais também contam — a horta vertical cabe em qualquer cantinho da sua casa!

2. Escolha um local com Sol e água

Para cultivar uma horta em casa, é essencial que o local que abrigará a futura horta urbana possa receber luz solar, por pelo menos uma parte do dia. Também é importante ter uma fonte de água próxima ou garantir que seja possível transportar água com um balde ou regador.

3. Pense na fertilidade do solo

Se você encontrou um espaço de terra disponível para sua horta urbana, o primeiro passo é verificar a fertilidade, levando em consideração a preparação do solo. Se no local já estão presentes alguns tipos de vegetação, é muito provável que ele tenha potencial fértil. Mas, de qualquer forma, é indicado enriquecê-lo.

Evite os adubos solúveis, conhecidos como NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Eles parecem ser atraentes, pois são de fácil aplicação e as plantas apresentam rápida resposta. Mas eles provocam perda de fertilidade do solo por causa de diversas consequências. Elas incluem acidificação, mobilização de elementos tóxicos, imobilização de nutrientes, redução da matéria orgânica, destruição da bioestrutura e aumento da erosão.

Além disso, os alimentos obtidos através do uso desse tipo de adubo têm pior qualidade nutricional, duram menos e contêm excesso de nitratos e oxalatos. Essas substâncias, após serem metabolizadas, tornam-se substâncias cancerígenas.

Se o espaço que você pretende fazer a futura horta urbana for compartilhado, fica mais fácil convencer a vizinhança a fazer compostagem a partir de compostos orgânicos, como restos alimentares. Assim, todos geram matéria orgânica rica para a futura horta juntos.

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Se não for o caso, você pode utilizar a técnica de agricultura sintrópica e plantar a espécie de árvore acacia mangium. São vegetais que crescem bem em solos pobres e fornecem matéria orgânica para o local. Você pode plantá-la por sementes ou mudas e, depois de crescidas, podar a madeira e depositá-las no terreno para ir fornecendo matéria orgânica para o solo.

A função dessa espécie é apenas fornecer matéria orgânica para o local, pois se trata de uma espécie exótica (aquelas que não compõem os biomas brasileiros) e não deve ser propagada para além do local. Depois de realizar sua função, cada espécie pode ser completamente derrubadas no local e finalizar sua função de enriquecimento do solo.

Além das técnicas da agricultura sintrópica, você pode utilizar os métodos da agroecologia, da permacultura, da regenerativa, entre outras. O importante é que seja feito de forma orgânica, livre de agrotóxicos e pesticidas sintéticos.

Se o espaço que você dispõe é pequeno, é provável que apenas o composto a partir de restos alimentares de uma única família e coleta de galhos e folhas caídos nas ruas já contribua para a fertilização ideal.

Então destine uma parte do espaço reservado para fazer sua horta urbana para a compostagem. Depois de pronto o composto, misture-o ao solo. Assim você terá alimentos orgânicos, na medida do possível, já que não terá utilizado nenhum tipo de fertilizante tóxico, apenas fertilizantes orgânicos.

4. Onde plantar? Canteiros, vasos ou suporte

É importante usar canteiros para agrupar o solo. Isso irá contribuir para o cuidado diário, garantir o crescimento saudável e a manutenção dos vegetais da sua horta urbana. A largura dos canteiros deve ser o dobro do tamanho do seu braço estendido, de modo que com o braço estendido você alcance o centro do canteiro de ambos os lados. Assim, isso facilita o manejo da terra, das sementes, das podas e das colheitas.

Os canteiros ou vasos devem ser agrupados deixando-se espaços para caminhar entre eles, pois não se pode andar sobre o solo dos cultivos, isso iria compactar a terra. Para os canteiros de solo se manterem em pé e não serem levados embora pela chuva, é preciso o apoio de tijolos, telhas, madeiras ou outro tipo de material descartado facilmente. Veja o exemplo da imagem a seguir:

Foto: Por Herzi Pinki, sob CC BY-SA 4.0, em Wikimedia Commons

Ou em vasos:

Mudas em vasos. Imagem de Markus Spiske em Unsplash

Para fazer uma horta urbana em vasos você também vai precisar de argila expandida ou pequenas pedras (saiba mais sobre plantio em vasos).

5. Diversidade de variedades

Estamos acostumados a achar bonito tudo aquilo que é simétrico e padronizado. Mas para sua horta urbana dar certo não é bem assim. O ideal é que diferentes tipos de vegetais sejam plantados em conjunto, de acordo com sua função, formando uma miscelânea de cultivos e não monoculturas.

É interessante intercalar espécies que são repelentes de insetos como o alecrim, a citronela e a hortelã com espécies mais frágeis que são alvo fácil das presas, assim as primeiras servirão como uma proteção. Outra estratégia é plantar cultivos que atrairão mais insetos do que os cultivos de interesse. Assim os insetos atraídos por eles deixam de atacar os cultivos que te interessam de verdade.

Uma dessas espécies é a mamona, que ajuda a fixar nitrogênio no solo e a inibir o crescimento de ervas daninhas. Porém, deve ser plantada longe da alface e do feijão, pois inibe o crescimento deles também.

Exemplos

O falso boldo (Coleus barbatus B.) apresenta efeito estimulante sobre as sementes de alface e cebola. O mamão inibe o crescimento de outros mamoeiros, da alface, do tomate e da cenoura, mas auxilia o desenvolvimento da raiz do milho. Essas relações favoráveis e/ou desfavoráveis entre as plantas são chamadas de alelopatia e é importante fazer uso dessa ciência para alocar os vegetais de forma que se beneficiem.

Cultivos de raízes como cenoura, batata, beterraba e nabo devem ser feitos de forma variada com as hortaliças como rúcula, alface, agrião, repolho, couve e com frutíferas como tomate, feijão, limão, lentilha, abacate, manga etc.

Investir em cultivo de plantas alimentícias não-convencionais (pancs) também é uma boa para sua horta urbana. Isso porque, uma vez que incluindo mais plantas na dieta, você estará contribuindo para a biodiversidade. Ao mesmo tempo, você terá menos trabalho, pois o crescimento das plantas, como as pancs, muitas vezes é espontâneo e não precisam de muitos cuidados.

Em geral, deve-se plantar em conjunto plantas que possuam demandas diferentes de nutrientes e espaço para as raízes. Quanto mais biodiversificada a sua horta urbana, mais proteção contra pragas e menos empobrecimento do solo.

6. Alterne os cultivos

Para não desgastar o solo, os cultivos devem ser alternados. Onde foi plantado fruto (tomate, uva, melancia, etc.) uma vez, deve ser plantado outro tipo de vegetal de raiz (mandioca e beterraba, por exemplo) em sequência ou hortaliça (couve, alface, rúcula etc).

Cada cultivo tem a melhor época para ser plantado, então é importante levar esse quesito em conta também.

7. Escolha boas ferramentas

Lembre-se de ter um conjunto de pás para revolver e mexer na terra da sua horta urbana e na composteira e, para auxiliar o trabalho das plantas protetoras, um conjunto de pesticida natural – um exemplo é o neem.

Agricultura urbana. Imagem de John Bogna em Unsplash

8. Tenha iniciativa e use sementes orgânicas

Não é preciso ser expert em hortas e nem existe momento certo para começar a sua. Aliás, para cultivar sua horta é preciso colocar as mãos na terra e praticar. É na prática e errando que se aprende. Com as dicas anteriores e o espaço disponível, é hora de começar! Então adquira sementes orgânicas (livres de transgenia e agrotóxicos) e comece já sua horta urbana!

Agora que você já sabe tudo o que é necessário para começar uma horta urbana, que tal dar o primeiro passo? 

Confira a matéria:Curso de hortas orgânicas #1: conheça os princípios e saiba como planejar a sua“.

Equipe eCycle

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