Estudos recentes indicam uma relação entre os microrganismos do nosso intestino com a nossa saúde mental
Pesquisadores estão concluindo que a diversidade de microrganismos no nosso intestino não afeta apenas a saúde do nosso estômago, mas também a nossa saúde mental. Os experimentos estão sendo feitos, principalmente, em ratos, mas já foram testados em humanos, investindo numa dieta com mais probióticos (alimentos como iogurte contém microrganismos que atuam no sistema de quem o ingeriu).
Não é a primeira vez que se percebe uma conexão entre o intestino e a nossa saúde mental, é muito comum que problemas gastrointestinais sejam encontrados em pessoas ansiosas ou depressivas. Mas essas pesquisas estão evoluindo – um estudo recente mostrou que o microbioma influencia a regulação de genes relacionados à mielina (substância que reveste os nervos) no córtex pré-frontal, parte do cérbero responsável por muitos transtornos psiquiátricos, como depressão e esquizofrenia.
As evidências ainda são confusas, é complicado dizer o que exatamente é causa e o que é efeito e os estudos realizados em humanos ainda são muito incertos para se chegar a uma conclusão. O que não quer dizer que os probióticos não funcionem em humanos, muito pelo contrário, isso apenas mostra a complexidade da relação entre o intestino e cérebro.
O professor Jonathan Eisen, da Davis University of California diz não haver dúvidas de que nossa dieta tem influência no microbioma do nosso intestino. “O que é debatível é se podemos ou não guiar o microbioma numa direção que trará benefícios”, afirma Eisen. Os resultados das pesquisas em animais têm sido bem promissores, mas em humanos os dados ainda não são concretos o suficiente para afirmar que há uma ligação entre os micróbios em nosso intestino e nossa saúde mental.
Os estudos sobre microbiomas e probióticos parecem um caminho promissor para entender essa ligação. A inflamação, por exemplo, é um vínculo comum entre diabetes, doenças autoimunes e câncer e poderia explicar o porquê de aparecerem tão frequentemente junto com doenças mentais. Entender o papel dos microrganismos do nosso intestino e essas conexões pode ser um passo para tratamentos mais efetivos de sintomas que parecem isolados.