Como reduzir o consumo de plástico? Essa é uma pergunta feita por quem começou a entender os efeitos nocivos desse material. Para reduzir o lixo orgânico doméstico, já temos a resposta: evitar o consumo desnecessário e desperdício — e praticar compostagem. Mas qual seria a solução para reduzir a quantidade de outros tipos de lixo, como o plástico? Afinal de contas, apesar de possuir muitas qualidades convenientes, o plástico é um dos grandes motivos atuais de preocupação.
Existente em diversos tipos e formatos, leve, flexível, moldável, barato e muitas vezes reciclável, o plástico possui impactos ambientais que são gerados na produção, no consumo e no descarte. Esses impactos são causados pela poluição causada por substâncias indesejáveis emitidas para o ambiente, pelo gasto de energia demandada na produção e distribuição, entre outros mais.
Durante o consumo, os plásticos contendo vários tipos de bisfenol vão parar no organismo humano, causando graves danos à saúde. Após o descarte – mesmo que este seja feito corretamente -, os plásticos podem escapar para o ambiente e acabam no organismo de animais, nos lençóis freáticos, no solo e na atmosfera. Uma vez no organismo animal, o plástico é nocivo química e fisicamente, causando disfunções hormonais, morte por sufocamento, redução de populações por causa de problemas de reprodução, entre outros danos.
Durante o consumo, em contato com os alimentos, alguns componentes do plástico, como o bisfenol, vão parar no organismo humano após a ingestão de alimentos contaminados, causando abortos, tumores, síndrome dos ovários policísticos, infertilidade e problemas nos testículos, para citar apenas alguns exemplos.
Um agravante é que todo plástico, além de demorar muitos anos para se decompor, um dia se tornará microplástico e nanoplástico. No ambiente, esse tipo de material fragmentado acaba sendo um concentrador de outras substâncias tóxicas presentes no ambiente, como os POPs. O microplástico contaminado pelos POPs potencializa a contaminação de seres vivos pelo plástico, uma vez que, devido ao seu pequeno tamanho, alcança locais impensáveis: você sabia que o microplástico já está presente na água potável do mundo inteiro, no gelo polar, nos alimentos, na atmosfera, em animais da base da cadeia alimentar e no sal?
Diante de todas as desvantagens que os milhões de toneladas de plástico produzidos todos os anos trazem, sem dúvida, concluímos que precisamos reduzir o consumo desse material e pensar isso de forma que as soluções propostas sejam mais eficientes do que somente o uso de sacolas retornáveis.
Para responder a essa pergunta, é preciso primeiro refletir sobre onde ele está presente.
Você certamente imagina que o plástico está em muitas coisas, mas já parou para pensar que esse material compõe os fios das roupas, as tintas, os acabamentos dos móveis, os eletrodomésticos, os carros, esfoliantes de pele, resinas dentárias, seringas, bijuterias e até nos esmaltes de unha? O plástico está presente nos lugares e formatos mais diversos.
Desse jeito fica complicado dizer que seria fácil zerar o consumo deste material. Mas, falando em termos mais palpáveis, é possível sim, ao menos, reduzir o lixo plástico no mundo ao reduzir o seu consumo. Afinal de contas, pela regras dos três Rs, primeiro devemos reduzir o consumo, em segundo, reutilizar e, por último, reciclar. Para te ajudar nessa tarefa, preparamos um Guia de como reduzir o consumo de plástico. Confira algumas dicas:
Comece pelo mais simples e que afeta menos a sua rotina. Você precisa mesmo utilizar canudos de plástico? E copos, pratos e talheres descartáveis?
Se você possui algum problema de saúde e precisa utilizar canudinhos, saiba que existem canudos de titânio, além de opções de bambu, canudos biodegradáveis e até comestíveis.
Porém, no atual cenário, o melhor é reduzir os canudos. Só de dispensar esse item do seu dia a dia você talvez já esteja salvado uma tartaruga deste objeto que é tão perigoso para elas, mesmo quando descartado corretamente.
Uma opção é carregar com você um kit de alimentação para reduzir os descartáveis quando estiver na rua: leve uma caneca, um guardanapo de pano e um kit de talheres – existem opções retráteis, como talheres de acampamento, que facilitam o transporte e não pesam na sua bolsa ou mochila
Ao fazer suas compras, prefira embalagens de vidro, papel e papelão. Tome cuidado com algumas embalagens de molho e itens longa vida, que, apesar de parecerem ser apenas papelão, possuem finas camadas de BOPP, um plástico que dificulta a reciclagem. Preste atenção nos rótulos das embalagens e, se não for possível evitar o consumo de embalagens plásticas, procure embalagens recicláveis.
Vale lembrar que os plásticos identificados com o número 7 dentro do símbolo de reciclagem estão na categoria geral “Outros”, que é usada para diversos tipos de plásticos, incluindo misturas de plásticos que são de difícil reciclagem. Prefira outros tipos de plástico.
Troque sua escova de dentes de plástico por uma de bambu. Em vez de comprar lâminas de barbear descartáveis, use um barbeador de metal – o produto é durável, compensa financeiramente em bem pouco tempo de uso e você evita o descarte de produtos feitos por plástico e metal, cuja separação para reciclagem dificilmente ocorre. No lugar de tecidos de fibra sintética, utilize algodão orgânico.
Dê prioridade aos bioplásticos. Conheça o plástico verde, o plástico PLA e o plástico de amido. Mas evite alguns biodegradáveis como os plásticos oxibiodegradáveis, que não chegam a se biodegradar completamente e acabam provocando danos ambientais.
Tudo o que você consome é realmente necessário? Toda vez que for comprar algo, repense se vale a pena mesmo. Quanto menos consumo, menor a pegada ambiental. Existem alguns itens muito comuns em nosso dia a dia que causam um grande impacto ambiental, como é o caso de absorventes e fraldas descartáveis. Já existem opções sustentáveis para esses produtos, como o coletor menstrual, o absorvente de pano, e as fraldas de pano e biodegradáveis.
Lanches na rua e junk food costumam vir cheios de embalagens descartáveis. Que tal fazer suas compras a granel e cozinhar em casa, evitando a geração de tanto lixo? De quebra sua saúde também agradece. Procure lojas em que seja possível levar seus próprios recipientes para comprar grãos e frutas secas, por exemplo. Tome cuidado também na hora de comprar seus utensílios domésticos, preferindo produtos de vidro ou metal aos itens de plástico, que podem liberar bisfenol e outros disruptores endócrinos na sua comida durante o preparo e/ou armazenamento.
Se você não puder cozinhar, opte por um restaurante com comida de verdade, servida em pratos de louças, talheres de aço e copos de vidro. Para os lanches rápidos, como já dissemos, leve seus próprios utensílios duráveis. Na hora de embalar sua comida, evite também o filme plástico e os saquinhos de plástico, que podem ser substituídos por sacos de pano para pão, potes reutilizáveis ou opções como uma cobertura semelhante ao filme plástico, mas reutilizável e feita de cera de abelha.
Alguns esfoliantes contêm microplásticos, que são usados justamente para a função de esfoliar a pele. O problema é que eles acabam indo direto para os oceanos. Além disso e de conterem químicos potencialmente nocivos para a saúde humana, os cosméticos sintéticos ainda geram uma grande quantidade de embalagens plásticas contaminadas. Você pode substitui-los por produtos mais naturais, com embalagens reutilizáveis ou fazer seus próprios produtos de beleza. Confira algumas receitas:
Lembre-se que reduzir o consumo, principalmente de descartáveis, vem em primeiro lugar.
Antes de destinar para reciclagem, repense se o seu objeto de plástico não pode ser reutilizado. Pratique upcycle, uma maneira de reinventar objetos.
Tome cuidado com a reutilização indefinida de garrafinhas de água, que podem acabar cheias de bactérias, além de micropartículas plásticas deixadas na sua água. O ideal é escolher um modelo de garrafa reutilizável.
Faça um mapa mental do seu consumo de plástico e repense o que você pode fazer para reduzir esse consumo. Comece aos poucos, eliminando itens mais simples e substituindo objetos descartáveis por modelos duráveis, à medida que você precisar de novos produtos.
Tenha um plano para reduzir o plástico em sua vida. Uma sugestão é começar pela sacola plástica do mercado: você precisa mesmo dela? Leve uma ecobag ou uma mochila resistente da próxima vez que for ao mercado – isso vai inclusive deixar sua volta para casa mais confortável. Se você faz compras de carro, use as caixas de papelão que os supermercados disponibilizam para carregar suas compras. Conheça alternativas às sacolinhas de supermercado.
Em um segundo momento, se o supermercado que você frequenta possui postos de coleta seletiva, comuns em muitos comércios, aproveite as lixeiras para já deixar por lá as embalagens externas de alguns produtos. Depois que passar no caixa, tire a pasta de dente da caixa de papelão ou deixe o embrulho plástico da esponja de lavar louça na lixeira da coleta seletiva. Um terceiro passo pode ser trocar a esponja de poliuretano, feita com uma mistura de plásticos de difícil reciclagem, pela bucha vegetal, que é biodegradável (além de mais barata). Depois quem sabe você até não se anima a fazer sua própria pasta de dente.
Se você está preocupado com as sacolas que usa para os lixos, saiba que é possível fazer saquinhos de jornal para o lixo seco. Veja como:
Outras matérias aqui do Portal eCycle também podem te ajudar, como “Prós e contras do plástico para o meio ambiente”, “Conheça os tipos de plástico” e “Reciclagem de plásticos: como se dá e no que se transformam?”.
O plogging é uma prática que une corrida e coleta de lixo. Para aderir basta sair para correr ou caminhar equipado com um recipiente para coletar o lixo que você encontrar jogado ao longo do caminho – dê preferência para recipientes de coleta reutilizáveis, como ecobags, sacos de pano ou de papel. Dependendo de onde você mora, infelizmente, pode ser que você precise mais de sacolas do que de fôlego para o seu plogging.
A ideia é aproveitar o tempo da corrida ao ar livre para fazer bem ao meio ambiente. Recolher o lixo é um gesto simples, ajuda na limpeza da cidade e também na conscientização ambiental. Muitas pessoas que assistirão ao seu exemplo ficarão reflexivas a respeito do tema e, possivelmente, farão igual. Além disso, as paradas ocasionais para recolher o lixo podem ser usadas como oportunidade para fazer agachamentos e alongamento, além do peso extra que se carrega, o que melhora a intensidade do treino físico.
Se não teve jeito e você consumiu o plástico, lembre-se: se não for reutilizar ou reciclar, é preciso descartá-lo corretamente. Tome todas as precauções para que o seu lixo plástico não escape para o meio ambiente. Separe os itens por tipos de material, limpe-os (de preferência com água de reúso) e coloque o seu lixo plástico na lixeira vermelha da coleta seletiva. Saiba mais sobre as cores da coleta seletiva e confira no vídeo a explicação completa sobre como fazer a separação do lixo:
Se seu bairro ou cidade não tem coleta seletiva ou se você tiver itens maiores ou de difícil descarte, como restos de obras e reformas, tintas, equipamentos eletrônicos e outros itens que contenham plástico, acesse a seção Postos de Reciclagem do Portal eCycle e veja onde levar seus resíduos para fazer o descarte correto. O importante é cuidar para que o seu lixo tenha um destino correto. Em último caso, se você tiver consumido um plástico não reciclável, garanta que ele chegue a um aterro sanitário, onde ao menos não causará danos para nenhum animal ou contaminação de habitats.
Novas atitudes criam novos exemplos. A cada sacola dispensada, você influencia as pessoas que te acompanham nas compras a fazerem o mesmo! A coleta seletiva também pode virar um hábito e diversão em família, assim como a compostagem do lixo orgânico. Que tal começar a reduzir o plástico hoje mesmo? Compartilhe esta matéria!
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