A compactação do solo é um processo de reestruturação caracterizado pela diminuição dos espaços vazios (poros) entre os grãos que compõem o solo e consequente aumento da sua densidade. Pode ser causada por atividades humanas, como a agricultura e a pecuária, mas também apresenta causas naturais, como a redução da porosidade do solo pelo crescimento das raízes de árvores.
A susceptibilidade do solo à compactação varia de acordo com a sua textura, sendo que os solos argilosos estão mais propensos a serem compactados. A partir disso, entende-se que o fenômeno está ligado também à quantidade de água presente no solo.
A compactação do solo provoca mudanças em propriedades físicas do solo que regulam processos químicos, influenciam a dinâmica e a diversidade da fauna do solo, e afetam o crescimento de plantas.
A mecanização na agricultura é uma das principais causas da compactação do solo no mundo, devido ao peso exercido pelo maquinário sobre o solo durante as etapas da produção. Nesse caso, a compactação do solo depende da resistência do solo à pressão e às características da máquina.
A resistência do solo é um parâmetro importante nesse processo, e está associada à quantidade de matéria orgânica e água no solo, à sua estrutura e textura. As características relevantes quanto ao maquinário utilizado são a carga carregada, número de pneus, velocidade e interação do pneu com o solo. De qualquer maneira, a compactação total do solo decorre das passagens iniciais do maquinário, sendo que dez passagens são o suficiente para afetá-lo em até 50 centímetros de profundidade.
O pisoteio de animais em pastagens também pode compactar e degradar a estrutura do solo, a depender da intensidade do pisoteio, umidade do solo, cobertura vegetal, inclinação da terra e tipo de uso da terra. A compactação do solo por animais pode deteriorar entre 5 a 20 centímetros do solo a partir da superfície, e afeta a densidade do solo, sua condutividade hidráulica, o volume de macroporos e a resistência do solo.
Casos severos de compactação do solo são relativos à extração de madeira e atividades industriais de extração de minerais. A compactação ocasionada por atividades industriais estende seus efeitos em mais de 1 metro de profundidade no solo, persistindo por até 30 anos.
Existem também causas naturais da compactação do solo, embora não sejam tão prejudiciais quanto às causas antrópicas. O crescimento de raízes de árvores e variações na precipitação e ciclos sazonais provocam efeitos limitados a 5 centímetros de profundidade no solo.
As consequências da compactação do solo sobre suas dinâmicas e propriedades físicas, químicas e biológicas são extensas e possuem mecanismos de retroalimentação.
A redução no número de poros entre as partículas do solo é acompanhada de uma redução na taxa de infiltração de água e na difusão de oxigênio no solo, o que pode levar ao estabelecimento de condições anóxicas quando não há redução na demanda de oxigênio.
A formação de zonas anóxicas pode reduzir a taxa de nitrificação no solo até zero. Isto é, a partir da compactação do solo há um aumento na desnitrificação, processo responsável pela emissão de N2O na atmosfera, um gás intensificador do efeito estufa. Esse impacto decorre do triunfo de microrganismos anaeróbios sobre os aeróbios, por conta da redução da oferta de oxigênio.
Uma vez reduzida a taxa de infiltração de água no solo, o escoamento superficial aumenta e pode ocasionar o aumento da erosão do solo em encostas, afetando toda a paisagem e o ecossistema.
A compactação do solo também é responsável indiretamente pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera, uma vez que é causada pelo uso de maquinário movido a queima de combustíveis fósseis.
A fertilidade do solo também é deteriorada pela compactação, pois o fenômeno danifica as estruturas pelas quais a fauna do solo pode se movimentar e transportar nutrientes. Esse efeito é um grande revés para a produção agrícola, o que amplifica a importância de implementação de soluções de mitigação e métodos alternativos ao uso de maquinário pesado nas suas atividades.
Outros problemas para a agricultura incluem restrições no crescimento das raízes, causadas pela diminuição da acessibilidade de nutrientes, aumento da perda de nutrientes do solo por lixiviação e pela formação de zonas anóxicas.
A compactação do solo é um fenômeno discreto, mas pode ser detectada pela combinação de indicadores baseados em parâmetros físicos.
A densidade do solo (massa seca de solo por unidade de volume) é o parâmetro mais utilizado para identificar e quantificar a compactação do solo. No entanto, não deve ser utilizado individualmente, pois apresenta limitações quando se trata de solos inchados ou pedregosos. A porosidade do solo e sua resistência à penetração são parâmetros que também permitem identificar a compactação do solo. A combinação dos três métodos é desejável, pois a compactação se manifesta como um aumento na densidade e na resistência à penetração, enquanto diminui a porosidade do solo.
Para o monitoramento do estado do solo compactado, a taxa de infiltração de água é um parâmetro importante a ser avaliado, uma vez que a água consegue infiltrar mais rápido em solos descompactados, com maior número de macroporos e alta conectividade entre eles.
Após o entendimento sobre o estado do solo compactado, avaliado por meio dos indicadores mencionados acima, serão definidas as estratégias de mitigação e recuperação dos danos observados.
A irrigação por precipitação e a bioturbação (escavação de minhocas e penetração e decomposição de raízes) são alguns dos fenômenos naturais que ajudam na recuperação de solos compactados. Entretanto, a recuperação natural do solo compactado é um processo lento e complexo, que pode se estender em até 18 anos.Produtores agrícolas podem interferir nesse processo de maneira positiva, pela deposição de matéria orgânica no solo ou pelo aumento de vegetação nativa na área cultivada. Além disso, o uso de maquinário com rodas duplas, esteiras de borracha e pneus de flutuação pode reduzir a intensidade dos efeitos da compactação do solo.
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