Pesquisas mostram que muitas fragrâncias não constam na lista de ingredientes de cosméticos
Responsável pelo controle e pelos testes em diversos bens de consumo nos Estado Unidos, sendo referência mundial, a Food and Drug Administration (FDA) possui uma grande regulamentação sobre corantes, assim como proíbe certos componentes em cosméticos, como clorofórmio, o mercúrio e os parabenos. Mas as formulações usadas para dar fragrância a esses mesmos produtos não são controladas de forma tão rígida. Por isso, muitos fabricantes não colocam nos rótulos de seus itens todos os ingredientes que dão perfume de cosméticos que a gente tanto gosta ao utilizar cremes, loções e outros produtos.
Segundo um estudo do Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos, dos três mil produtos sintéticos usados em cosméticos, 900 são tóxicos e não deveriam ser consumidos. Alguns são conhecidos pelo poder de limpeza dos xampus ou efeito condicionante dos condicionadores, mas os principais responsáveis pelo aroma são os ftalatos, que muitas vezes também são usados para deixar plásticos mais maleáveis.
De acordo com pesquisas, eles podem causar anormalidade no sistema reprodutivo, proporcionando danos em períodos críticos do desenvolvimento e dificultando o funcionamento dos órgãos sexuais. Além disso, o uso do ftalato está relacionado à ocorrência de câncer em rins, pulmão e fígado, e desenvolvimento de obesidade. E, mesmo não sendo biodegradável, ainda não há legislação sobre o descarte correto dessa substância nos EUA, nem no Brasil.
Na Europa, onde é proibido comercializar cosméticos testados em animais, os ftalatos dos tipos DEP e DEHP já foram banidos. Mas esses dois componentes continuam liberados por aqui e nos EUA. Em outro estudo, foram encontrados níveis de contaminação por estas substâncias na população, sendo que essa medição apresentou maior contaminação em mulheres, devido à exposição aos cosméticos por seu uso frequente.
Outras substâncias perigosas encontradas na composição de fragrâncias foram os almíscares. Usados como fixadores, eles têm um odor persistente e suave, e, apesar de ainda não haver estudos definitivos sobre suas consequências em humanos, pesquisas mostram que eles foram os responsáveis por afetar negativamente a reprodução em ratos e peixes, além de danificar seus DNAs.
Problemas e prevenção
O uso de fragrância pode causar reações alérgicas em algumas pessoas, pois são adicionados sensibilizantes químicos, responsáveis pela dermatite, em sua formulação. E essas reações são acompanhadas, na maioria das vezes, por dores de cabeça e problemas respiratórios. Um modo eficiente para reduzir riscos que os compostos de aromas oferecem é diminuir o uso diário de certos produtos, como maquiagem, colônia ou produtos para limpeza de roupa com perfume, por exemplo.
Quanto aos rótulos, fique atento. Mesmo no produto dito “sem perfume”, há uma fragrância especial para encobrir o cheiro químico indesejável de outros componentes, e alguns perfumes “naturais” ou “hipoalergênicos” não são devidamente certificados. As fragrâncias verdadeiramente naturais são aquelas cuja essência é proveniente da diluição de óleos naturais altamente concentrados, como hortelã ou lavanda.
Ferramenta útil
Um site americano muito interessante fornece informações sobre 79 mil substâncias usadas em cosméticos, tanto de suas conseqüências ambientais como para nossa saúde. Vale a pena dar uma conferida antes de efetuar a compra (veja mais aqui).