Metais pesados presentes no tubo de raios catódicos dificultam reciclagem
A chegada dos novos televisores de plasma, LED e LCD, modelos que são modernos, trouxe também um problema: o descarte de televisores antigos, surgidos no ano de 1923, mais conhecidos como televisores de tubo.
A palavra tubo, que muita gente acredita ter esse nome devido apenas ao formato alongado do tubo do televisor, na verdade faz referência à sigla CRT (Cathode Ray Tube), que em português significa Tubo de Raios Catódicos. É nesse componente que também pode ser chamado de cinescópio que ocorre o processo de formação da imagem dos antigos televisores, através da aplicação de uma força magnética que se forma a partir de uma alta tensão de vários milhares de volts.
Os televisores de tubo são um problema na hora do descarte, principalmente devido aos materiais que compõem o CRT, que podem trazer graves danos ao meio ambiente e, consequentemente, à saúde humana.
Componentes tóxicos e danos à saúde
Bário
Apesar de ocorrer naturalmente no solo, em elevados teores pode causar toxidez a diversos organismos. Nos humanos pode causar inflamação severa gastrointestinal, paralisia do músculo respiratório, arritmia cardíaca, parestesias, hipocalemia profunda, entre outras doenças.
Cádmio
Por outro lado, diferentemente do bário, o cádmio, em concentrações baixas já é capaz de causar toxicidade aos organismos. Aos seres humanos pode causar câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose.
Arsênio
Assim como o bário, o arsênio ocorre naturalmente em rochas, entretanto, se vier a contaminar o solo e o lençol freático em altas concentrações pode conduzir a várias doenças através da ingestão de água e alimentos contaminados, causando conjuntivite, hiperqueratose, hiperpigmentação, doenças cardiovasculares, distúrbios no sistema nervoso central e vascular periférico, câncer de pele e gangrena nos membros.
Chumbo
O pior de todos, principalmente por ser encontrado em maior quantidade (cerca de 1-4 Kg por aparelho), tóxico para os humanos e os animais, e sem nenhuma função fisiológica conhecida no organismo, pode afetar todos os órgãos e sistemas do organismo humano.
Descarte
Essa tecnologia que já foi inovação em algum momento da nossa história atualmente se tornou obsoleta. E agora? Como podemos descartar esse tipo de material?
Felizmente é possível reciclar TV de tubo parcialmente, principalmente certos componentes plásticos e peças metálicas. No entanto, o CRT em si necessita de descontaminação minuciosa para poder ser reaproveitado em outros produtos, o que torna o processo caro.
No processo de reciclagem ideal, após a coleta do material obsoleto, o equipamento passa por uma triagem que definirá se o aparelho está em condições de uso, e, caso esteja funcionando, será levado para projetos de inclusão digital de comunidades e escolas.
As partes do gabinete e peças internas são separadas e acondicionadas em recipientes específicos. Para separar o painel um fio é aquecido eletricamente em volta da junta que une o painel e o funil componente do CRT. Entretanto, esse o processo é demorado e pode ocorrer imperfeições. No Japão, a Panasonic desenvolveu uma tecnologia a laser que tornou o processo três vezes mais rápido que esse método do fio aquecido eletricamente.
O funil de vidro contendo chumbo pode ir para a fundição de chumbo, que irá utilizar um processo térmico para recuperar o metal. Porém, para chegar nesse processo, uma televisão de tubo precisa minimamente ser descartado de forma correta. E é aí que nosso papel de consumidores responsáveis precisa atuar.
Onde reciclar
Com a entrada em vigor Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), fabricantes e revendedores serão obrigados a receberem seus antigos aparelhos de volta. Por enquanto, reciclar TV de tubo ainda não é tarefa tão simples, pois alguns locais que oferecem o serviço não vão até a casa do consumidor buscar o produto e, mesmo que o preço seja pequeno, cobram pelo serviço.