O potencial energético do sistema, criado em Paris, é equivalente ao do carvão. Filtragem permite reutilização da água como "greywater"
O uso de energia oriunda de fontes renováveis começa a se difundir e a se consolidar. As mais comuns são a hidrelétrica (apesar de discussões sobre a inundação de ecossistemas), a solar e a eólica. Mas dentre as fontes renováveis surgem novidades incríveis, como um sistema que cria energia a partir de algas que filtram águas residuais.
O método foi demonstrado em um projeto urbano, na cidade de La Defense, perto da capital Paris. Desenvolvido pela empresa de energia Environmental Energy Sistems (Ennersys), a criação teve participação conjunta da OriginOil, uma companhia americana especializada no cultivo e trato de algas.
Esse avançado sistema de algas no meio urbano funciona da seguinte maneira: as algas crescem em fotobiorreatores (saiba mais a respeito ao fim da página) de policarbonato, localizados na parte frontal do prédio. Quando essas algas estão totalmente crescidas, são colhidas, transformadas em biomassa. A partir daí, por meio de um processo de incineração, a biomassa se transforma em energia e alimenta os sistemas do prédio. Como nesse processo não são utilizados químicos, a água é reaproveitada, e eventualmente pode ser usada como “greywater” para uso nos banheiros do prédio.
Além de ser muito eficiente por ter seu potencial de energia equivalente ao do carvão, esse sistema é considerado mais barato e limpo do que os outros meios de obtenção de energia. Utiliza apenas luz, gás carbônico e águas residuais.
Assim, esse sistema se encaixa bem na rigorosa política ambiental RT202, criada na França, e que consiste na redução de 20% do consumo de energia no país até 2020, além de um aumento de 20% no uso de energias renováveis até o mesmo ano. Para alcançar esses objetivos, a França exige edifícios que gerem mais energia do que gastam e que processem águas residuais em vez de despejá-las no sistema de esgoto. E para isso o país contar com as energia de biomassa das algas que, de acordo com o CEO da OriginOil, Riggs Eckleberry, é a solução perfeita para a criação de energia e limpeza de água do esgoto.
A inspiração desse projeto veio da primeira estrutura com algas como gerador de energia, desenhado pela Splitterwerk Architects na Alemanha.
*Fotobiorreatores: existem vários formatos de fotobiorreatores, mas os mais usados são os tubulares, que podem ser instalados em ambientes fechados e abertos, necessitando de luz artificial ou solar. Além de produzir energia, esses fotobiorreatores tubulares, se ligados em série, podem remover ou fixar gás carbônico e outros gases causadores de efeito estufa. Isso acontece quando o gás fica em contato por muito tempo com o líquido onde as algas estão crescendo. Fofotobiorreatores caseiros podem ser feitos em garrafas PET ou em potes de sorvete.