Holandeses lançam campanha internacional de combate à utilização de microesferas em produtos cosméticos
O plástico é um dos materiais mais utilizados como matéria-prima pelos diversos ramos da indústria. Consequentemente, ele está muito presente no nosso dia a dia, mas o que muitos não sabem é que existem micropartículas de plástico (dificilmente visíveis a olho nu) que estão presentes em alguns produtos de higiene pessoal. É preciso tomar cuidado com esses pequenos itens, pois eles são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Mas o que são microesferas ou microplásticos?
Como o próprio nome dá a entender, microesferas são pequenas bolinhas. Elas podem ser produzidas a partir de alguns tipos de materiais naturais ou sintéticos. Os modelos mais comuns são compostos por vidro, polímeros (que são os microplásticos) ou cerâmica.
As microesferas mais utilizadas em produtos de higiene pessoal são as de polímeros, com destaque para as de polietileno, polipropileno, polietileno tereflalato, polimetilmetacrilato e náilon. Esses materiais têm contribuído para a poluição das águas, formando “sopas de plástico” que intoxicam animais marinhos (eles confundem os pequenos objetos com comida) e, consequentemente, causam danos também aos seres humanos, que ingerem animais contaminados.
A função das pequenas esferas é esfoliar a pele, retirando impurezas. No entanto, quando lavamos o rosto ou tomamos banho, as microesferas fluem direto do ralo do banheiro para o sistema de esgoto. Porém, as estações de tratamento de águas residuais não estão preparadas para filtrar essas pequenas partículas, o que acaba ocasionando a “sopa de plástico” que fica girando pelos oceanos do mundo. As microesferas não são biodegradáveis e, uma vez no meio ambiente, sua remoção é de difícil realização.
Para combater esse problema, duas ONG’s holandesas, a North Sea Foundation (Fundação Mar do Norte) e a Plastic Soup Foundation (Fundação Sopa de Plástico), desenvolveram, em 2012, um aplicativo que informa a presença ou não de microesferas em um determinado produto. O aplicativo se chama Beat the Microbead (Combata as Microesferas) e está disponível para smartphones.
Como funciona o aplicativo?
Após fazer o download do aplicativo (disponível para iOS e Android) e escolher o país em que você reside, basta escanear o código de barras do produto com o smartphone. Dessa forma, o aplicativo informa se o produto escaneado possui ou não microplásticos. A resposta é dada por meio de cores:
Vermelho:
Significa que o produto contém microesferas;
Laranja:
Significa que o produto contém microesferas, mas o fabricante anunciou que substituirá esse material em um determinado prazo ou, então, adaptará o produto;
Verde:
Significa que o produto não contém microesferas.
Em 2013, o Ministério de Infraestrutura e Meio Ambiente da Holanda e a ONG Fauna & Flora Internacional, localizada no Reino Unido, firmaram uma parceria com as ONGs criadoras do projeto para viabilizar o aplicativo para uso internacional.
No Brasil
O aplicativo foi lançado em versão internacional e está em fase de testes aqui no país. Enquanto isso, a ONG Global Garbage disponibilizou um e-mail (natalie.andreoli@globalgarbage.org.br) para que as pessoas tirem fotos da composição e do código de barras dos produtos adquiridos que contêm microesfera e as enviem para o e-mail.
Até o momento, estão catalogados apenas os seguintes tipos de produtos:
- Esfoliantes/Peelings;
- Limpeza fácil;
- Ducha/Banho;
- Creme Dental.
Os criadores do aplicativo pedem ajuda para aumentar o banco de dados dos produtos comercializados no país, a fim de que o consumidor possa ter mais opções na hora de fazer as compras. Saiba mais informações sobre a campanha.