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Projeto reúne a história compartilhada pela humanidade em uma plataforma online

A queda do muro de Berlim, a chegada do primeiro homem ao espaço, o ataque às Torres Gêmeas. Esses acontecimentos históricos e muitos outros são compartilhados pela grande maioria das pessoas. Mesmo por aquelas que não os vivenciaram. Isso acontece porque há uma espécie de arquivo histórico abstrato que grava na memória de todas as gerações uma série de eventos sociais que foram altamente significativos para a história da humanidade. Tratam-se, portanto, de representações e memórias socais compartilhadas, cuja perenidade e cujo conteúdo pode variar de cultura para cultura e de época para época – mas que são registrados e tidos como importantes.

Em outras palavras, é essa memória que nos diferencia dos demais animais. Os humanos conseguem registrar descobertas ou acontecimentos importantes e passá-los para gerações futuras. Os simples atos de comer utilizando talheres ou ler um livro são conquistas com origens extremamente antigas.

E para tentar promover a importância da história em tempos mais tecnológicos, surgiu o Big History Project ou o Projeto da Grande História.

A minha, a sua, a nossa história

O pioneiro do projeto é o criador da Microsoft, Bill Gates. A ideia de criar o projeto surgiu quando ele assistiu algumas palestras do historiador David Christian. Segundo Gates, o seu interesse em desenvolver o projeto foi inspirado sobretudo pelo ideal de fazer com que acontecimentos científicos fossem apresentados de forma contextualizada, de modo a mostrar como eles podem explicar muitas das nossas preocupações contemporâneas.

Dois objetivos principais nortearam o desenvolvimento do Big History Project: despertar o interesse dos alunos do ensino médio e consolidar, numa plataforma online, os fatos históricos que influenciaram e influenciam a vida de todos. Tudo isso de modo dinâmico e interdisciplinar. Tais objetivos, apesar de ambiciosos, se mostraram alcançáveis.

O projeto abarca o período que parte do Big Bang e se estende até os dias atuais. Esse grande período de tempo foi batizado de Big History (Grande História).

Na plataforma online do projeto, há uma grande linha do tempo que está segmentada em períodos. O internauta pode escolher um desses períodos, clicar nele e acessar um conjunto de materiais explicativos que são dinâmicos e interativos. Nesse conjunto de materiais, há vídeos, fóruns de discussão, questões deixadas para a reflexão pessoal, artigos e um quiz, para que os interessados verifiquem se realmente compreenderam o conteúdo acessado.

Na realidade, o projeto apesar de estar disponível na internet, ainda está em desenvolvimento e só pode ser acessado em inglês. Mas já é possível notar a recepção positiva do público: mais de 40 mil pessoas já curtiram o projeto no Facebook.

Estudar pra quê?

Essa é a pergunta que muitos estudantes fazem ao longo da suas vidas escolares. Na realidade, esse desinteresse pode ser explicado pelo próprio modelo tradicional de ensino, que acaba mostrando o conteúdo de forma enrijecida e desvinculada da realidade dos alunos.

Um estudo divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e realizado pela Fundação Victor Civita, em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o Banco Itaú e a Fundação Telefônica Vivo, constatou, em termos estatísticos, o desinteresse demonstrado pelos alunos brasileiros.

Para os entrevistados, alunos do Ensino Médio, as disciplinas de língua portuguesa são consideradas úteis por 78,8% e 77,6% dos alunos. Já as demais, como biologia, história e geografia, são consideradas úteis por apenas 64% dos alunos.

Essa desmotivação, no entanto, pode ser superada. Uma das estratégias consiste em estimular a familiarização dos estudantes com os conteúdos aprendidos por meio das ferramentas digitais. Isso porque o desinteresse que se verifica na sala de aula não se verifica quando o assunto é tecnologia.

De acordo com a pesquisa, os adolescentes entrevistados conhecem e dominam com grande prioridade as tecnologias: 70,7% possuem internet em casa e 57,6% usam eletrônicos como celular e tablet para acessar as redes sociais. Esses dados mostram a aplicabilidade de projetos como o Big History Project: usar ferramentas digitais como um suporte para as salas de aula pode fazer com que os nossos alunos sejam mais interessados e tirem melhores notas também.

Não se preserva o que não se conhece

A importância de conhecer a história da humanidade, pode ser explicada nos seguintes termos.

Segundo Laurentino Gomes, autor do best seller “1808”, a falta de interesse em preservar o patrimônio histórico e cultural do Brasil se explica pela falta de interesse em conhecer a história do país. Para ele, ninguém preserva o que não conhece. Isso porque a falta de conhecimento de história, seja ela entendida com uma área propriamente de humanas ou como uma área de caráter interdisciplinar, é responsável pela incapacidade de reconhecer a relevância e a importância de um determinado fato.

A partir dessas considerações tecidas pelo autor, podemos sugerir que conhecer melhor os caminhos evolutivos que o planeta Terra percorreu também seja uma forma de incentivar um comportamento mais dedicado à preservação do meio ambiente.

Talvez se as pessoas soubessem que foram precisos mais de 4 bilhões de anos para que a atmosfera se formasse, elas pensariam duas vezes ao preferir usar o carro para fazer trajetos que poderiam ser percorridos a pé. Ou talvez se muitas indústrias soubessem quais foram os processos que antecederam a formação dos oceanos, não aconteceria com tanta frequência o descarte de substâncias tóxicas nos mares. Mas essas são só reflexões.

E também é importante lembrar que a história, assim como outras ciências, possui diferentes linhas de pensamento para explicar determinada teoria. De acordo com o desenvolvimento da sociedade, uma ou outra teoria pode se tornar defasada. Portanto, apesar de aproximações, não existem verdades absolutas na ciência.

Acesse o site do Big History Project.


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