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Cientistas podem ter encontrado a solução para combater uma praga poderosa

Bananas podem ser encontradas em qualquer mercadinho por aí, mas isso não significa que elas farão parte do cardápio da humanidade para sempre. Uma das variedades mais comuns da banana, a nanica (conhecida também como cavendish), é afetada por uma doença fúngica grave, a  Panama disease Tropical Race 4 (TR4), que eliminou dezenas de milhares de hectares de plantações de banana no sul da Ásia e na Austrália desde o início do século XXI. A TR4 se espalhou para África e Oriente Médio e é apenas uma questão de tempo até atingir a América Latina.

Quando a TR4 surge, não há nada que os fazendeiros possam fazer. Conforme descrito em reportagem do Washington Post, “o único recurso é erradicar todas as plantas e começar de novo”. Mesmo assim, é um desafio, pois a doença é muito contagiosa e pode durar décadas. Os agricultores pensam ter eliminado o patógeno e só depois de muito tempo são capazes de perceber que as frutas estão podres por dentro.

Solução?

Uma espécie de banana selvagem chamada Musa acuminata, original da Malásia e da Indonésia, foi encontrada “crescendo normalmente em plantações devastadas pela TR4”, de acordo com James Dale, um biotecnólogo e professor da Queensland University of Technology, da Austrália.

Dale mergulhou em um longo projeto de pesquisa para localizar genes resistentes à TR4 na M. acuminata e inseri-los em bananas cavendish. Seus estudos de laboratório produziram bons resultados, com “quatro das seis linhas de plantas cultivadas a partir de uma única célula mostrando resistência depois que os pesquisadores as fizeram crescer e introduziram TR4” – uma taxa de sucesso que Dale classifica como “incrível”.

Nos próximos três anos, Dale e seus colegas plantarão milhares de amostras para testar se essa modificação genética poderia potencialmente salvar as bananas canvendish.

Filme repetido?

O destino potencialmente trágico das deliciosas nanicas não deveria ser surpresa para ninguém. Antes que esse tipo de banana se tornasse popular, a variedade mais comum ao redor do globo era a Gros Michel, que quase desapareceu na década de 1950 devido a outra doença, chamada TR1. 

Resta saber qual a eficácia dos testes de Dale e se a tecnologia pode ser implementada em escala global. A alteração genética pode parecer boa em um primeiro momento, mas o princípio da precaução entra em cena: será que essa alteração não pode causar outras mudanças nas bananas, nas moscas, nos fungos e em outras espécies? Essas mudanças seriam positivas ou negativas? Tudo isso é muito difícil de prever, portanto, a mudança genética via transgenia não é uma opção totalmente recomendável – confira a matéria “Com seleção artificial, galinhas dobraram de tamanho desde a década de 50“.

E mesmo que o resultado seja positivo para o caso específico da banana nanica, seria importante que a produção de alimentos envolvesse menos monocultura e mais produção agroecológica, que prioriza rotatividade de culturas, evita agrotóxicos e utiliza sementes naturais. Quando apenas uma variedade de certo alimento é produzida massivamente, uma doença “certeira” pode afetar a segurança alimentar de muita gente.


Fonte: Treehugger

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