Pesquisadores da University of British Columbia trabalham em modelos de máscaras N95 que sejam biodegradáveis e compostáveis
A alta demanda por máscaras profissionais e as questões envolvidas em seu descarte despertou em um grupo de pesquisadores da University of British Columbia (UBC), no Canadá, o interesse pela busca de uma opção mais sustentável. Os cientistas estão trabalhando em protótipos para uma máscara N95, o modelo usado por profissionais de saúde e considerado um dos mais eficientes, que seja também biodegradável.
A máscara, apelidada de máscara canadense ou Can-Mask, tem uma moldura feita de fibras de madeira BC, como pinho, abeto, cedro e outras madeiras macias. Um dos protótipos incorpora um filtro comercial N95; o outro possui um filtro feito de produtos à base de madeira.
O professor associado de engenharia química e biológica Johan Foster, da UBC, disse que os pesquisadores começaram a criar uma máscara em março. “Sabíamos desde o início que queríamos uma solução que utiliza materiais locais, fácil de produzir e barata, com o bônus adicional de ser totalmente compostável e biodegradável“, explicou Foster em comunicado emitido pela universidade. “Com milhões de máscaras e luvas descartáveis já poluindo as calçadas da cidade e potencialmente entrando em nossos rios e oceanos, precisamos urgentemente de uma opção biodegradável para evitar causar um impacto maciço no meio ambiente”, ressalta o professor.
O diretor do Instituto de Bioprodutos da UBC Orlando Rojas disse em entrevista à CTV News, de Vancouver, que o impacto ambiental do volume de equipamentos de proteção individual que estão sendo jogados fora agora pode ser realmente muito grande. “É realmente chocante ver quantas dessas máscaras e luvas acabam no ambiente no atual momento e, eventualmente, acabam como microplásticos nos oceanos”, disse. “O uso sustentável da madeira, neste caso as fibras para fazer filtros, faz muito sentido”.
Rojas relembra que o instituto produziu uma publicação sobre filtragem de ar usando fibras de madeira em 2008. “Essa não é uma ideia nova. O uso de fibra para filtragem é conhecido”, disse, e apontou a filtragem da água para fazer café como um exemplo. “Mas [o desenvolvimento de máscaras] é um pouco mais exigente em termos dos padrões exigidos”.
O diretor acredita que seria possível produzir as máscaras de fibra de madeira em massa. “Achamos que há uma oportunidade. A tecnologia que estamos usando já é conhecida e estamos em contato com os produtores das máquinas”, disse Rojas.
Ele acrescentou que, embora o custo de produção ainda não seja conhecido, “você pode imaginar isso como sendo semelhante ao custo de um pedaço de papel”.Os protótipos estão sendo testados e os pesquisadores planejam solicitar a certificação Health Canada em breve.
“Nossas esperanças são muito altas, mas é claro que esse é um processo que precisa de muitos testes e certificação, portanto não é para amanhã. Isso pode levar vários meses, com certeza”, declarou Rojas. “Mas acho que aumentar a conscientização anunciando essa possibilidade é importante para iniciar parcerias”.