Resultados e projeções do estudo indicam que metas governamentais podem ser atingidas caso as conversões continuem
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Jaboticabal, realizaram um estudo que mostra a diminuição da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) que ocorre por conta da mudança no tipo de colheita – da maneira manual com queimada para a colheita mecanizada – realizada no Estado de São Paulo desde 2008. Essa alteração segue os objetivos traçados pelo Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético.
As quedas
Dos mais de 4,6 milhões de hectares de cana colhidos em 2012, o método manual com queimada foi utilizado em 27,4% do total; nos outros 72,6%, foi empregado o processo mecânico. Em 2006, quando o protocolo foi estabelecido e posto em ação, as frações eram de 65,7% de colheitas com queima e 34,3% no modo mecânico, dados do INPE.
A queda de emissão dos gases por hectare foi observada, apesar do aumento de área plantada, devido ao uso de diesel nas colheitadeiras e da utilização de fertilizantes sintéticos. As comparações foram feitas com projeções baseadas na metodologia do Painel Intergovenamental das Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês).
Três simulações
Os pesquisadores projetaram três cenários baseados em políticas diferentes para a diminuição das taxas de gases de efeito estufa. O primeiro estipulou qual seria a diminuição caso mais de 550 mil hectares por ano fossem convertidos da colheita com queimada para a mecanizada, em um período de três anos. Na segunda simulação, os cientistas estimaram qual seria a queda, até 2021, se mais de 160 mil hectares por ano de cana queimada fosse colhida mecanicamente, isso para verificar a possibilidade de se obter os resultados do Plano Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), de reduzir 20% das emissões até 2020. No último cenário, os estudiosos avaliaram qual seria a diminuição, caso a média atual, conversão de 92 mil hectares por ano, fosse mantida até 2029.
Resultados atingidos com manejo
Os pesquisadores afirmaram que, nos três cenários, tanto as metas do Protocolo Agroambiental quanto as do PEMC seriam atingidas caso as plantações combinassem a diminuição das queimadas com o manejo reduzido do solo. Nesse tipo de gestão, a quantidade de operações para o cultivo é reduzida, a pulverização também e os resíduos da colheita são deixados no solo para o alimentarem. A intensidade da diminuição das emissões seria ainda maior caso o manejo reduzido fosse combinado com a rotação agrícola.
É palha
Outro resultado importante observado foi que mudar da cana queimada para a cana crua aumenta o armazenamento de carbono no solo, porque os resíduos do cultivo, principalmente a palha, ficam no chão após a colheita, e o solo incorpora o carbono desses compostos. Assim, a presença da palha na superfície compensou parte das emissões de carbono, por causa da reincorporação, e ainda diminuiu em muito as emissões posteriores.
Fonte: Agência Fapesp
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