Por ter substâncias que espantam parasitas, pássaros urbanos utilizam bitucas para formarem seus ninhos. Danos à saúde dos animais ainda são desconhecidos
O que fazer com as bitucas de cigarro? Essa nunca foi uma pergunta fácil de responder, já que se trata de um material com longo tempo de decomposição (entre cinco e dez anos), com muitas substâncias tóxicas e que proporciona grande quantidade de lixo (atualmente são 4,5 trilhões de pontas por ano). E quem achou uma resposta possível para a pergunta inicial foram os pássaros. Um grupo liderado pela pesquisadora mexicana, Monserrat Suárez-Rodrígues, buscando uma resposta para o fato desses animais utilizarem bitucas na construção de seus ninhos, surgiu com a seguinte pergunta: já que os pássaros constroem seus ninhos com materiais naturais ricos em compostos que inibem parasitas, eles podem estar utilizando as bitucas para fazer o mesmo?
Para verificar essa teoria, foram analisados ninhos de pardais e de outras espécies urbanas. O resultado encontrado mostrava que quanto maior a quantidade de acetato de celulose, componente das pontas, menor a quantidade de parasitas. Além disso, a pesquisa mostra que quanto maior a quantidade de nicotina nos filtros, menor a quantidade de parasitas.
Mas nem tudo é positivo. Ainda não é possível dizer o quão prejudicial é, para os pássaros, a presença dos compostos carcinogênicos e tóxicos encontrados nos cigarros, ou a presença de bitucas de cigarro na natureza.
Histórico de tentativas
Os avanços tecnológicos já permitem algum tipo de reutilização das bitucas. Cientistas chineses descobriram uma forma de extrair substâncias químicas desse tipo de material que podem ser utilizadas na produção de anticorrosivos e biólogos paranaenses criaram uma maneira de utilizar seus resíduos tóxicos no processo de hidro-semeadura.