Futuro presidente dos Estados Unidos adota medidas polêmicas em questões ambientais
O futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é conhecido por ser um negacionista climático. Ou seja, ele rejeita, por exemplo, que as emissões de dióxido de carbono e de outros gases oriundas de atividades humanas sejam determinantes para alterações climáticas. Com tantos meios de informação falando o contrário disso o tempo todo, o jeito de Trump pensar parece não fazer sentido, certo?
Só que realmente é difícil mostrar cientificamente que as emissões humanas têm influência direta no clima, isso porque o nosso planeta já passou por diversos períodos desde sua formação, com temperaturas muito variadas, e há literalmente milhares de fatores que influenciam o clima. Mesmo assim, pesquisas já conseguem provar que a influência humana existe e é relevante e negá-las realmente não é o caminho mais lógico.
Na própria COP22, que ocorre no Marrocos, um estudo usou a metodologia de “fingerprinting” (algo como “impressão digital”) – estudos desse tipo analisam a probabilidade de ocorrência de um determinado extremo na ausência de mudança climática, e tentam inferir o tamanho da “impressão digital” do aquecimento global antropogênico nele. As pesquisas deste estudo concluíram que o aquecimento da Terra causou diretamente ou aumentou significativamente a chance de extremos de temperatura – em alguns casos, ondas de calor ficaram até dez vezes mais prováveis do que seriam na ausência dele.
Já em 2016, cientistas chegaram a escrever uma carta aberta a Trump, afirmando que “a mudança climática causada pelos humanos não é crença, engano ou conspiração. É uma realidade física”.
E como se dará a política climática e implantação do Acordo de Paris, que já está em vigor, com o novo presidente dos EUA? Figuras importantes da entidade ambientalista Observatório do Clima dão suas opiniões:
“A eleição de Donald Trump, pelos interesses que ele representa, deve ter impacto sobre a ação climática dos Estados Unidos. Isto posto, a agenda climática deixou de depender de apenas um país, como no passado. O Acordo de Paris já tem 102 ratificações, além da americana, e esses países não vão esperar pelos EUA para agir, porque isso é interesse deles. Uma economia inteira baseada em energias renováveis está em movimento no mundo, e representa uma fatia crescente do PIB e da geração de empregos nos próprios EUA. As convicções pessoais de Trump terão, em alguma medida, de se enquadrar a essa realidade.” disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“Esta eleição, num momento em que a ação contra as mudanças climáticas no mundo finalmente começou a atingir a economia real, dá aos republicanos a chance de se reconciliarem com o resto do mundo e com a vida real. E, na vida real, continuamos batendo recordes de temperatura e de eventos extremos, que atingem democratas e republicanos sem distinção.” comentou André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário e coordenador-geral do Observatório do Clima.