No Brasil, casos de intoxicação ainda são frequentes
O principal problema dos agrotóxicos, todo mundo sabe, é a intoxicação, tanto do homem quanto dos animais e do meio ambiente. Em nossa matéria especial sobre o uso de agrotóxicos, falamos de problemas que podem ser causados pelo uso desse tipo de substância. Mas em alguns casos, a seriedade é muito maior do que se poderia imaginar.
Ao longo dos anos, “acidentes” com agrotóxicos causaram graves problemas ambientais e de saúde por todo o mundo. Os casos vão desde a intoxicação de trabalhadores durante o processo de produção, até a intoxicação de cidades inteiras.
Um dos casos mais famosos aconteceu na cidade de Anniston, no estado norte-americano do Alabama, onde as atividades de uma grande empresa de tecnologia agropecuária causaram a intoxicação de toda população. Entre os anos de 1929 e 1971, a produção de agrotóxicos que possuem bifenilpoliclorado (PCB) em sua composição, levou à intoxicação de toda cidade. Muitos de seus moradores desenvolveram câncer, hepatite, diabetes e, eventualmente, tiveram morte dias após o ocorrido.
Problemas brasileiros
Seja pela falta de fiscalização, pela fragilidade legislativa ou qualquer outro motivo, problemas envolvendo a venda, o registro e a utilização de agrotóxicos ainda são comuns no Brasil.
Em um dos casos mais recentes, um profissional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi demitido após descoberta de irregularidades no sistema de registro de agrotóxicos junto ao órgão, onde produtos mais tóxicos que seus similares disponíveis no mercado eram autorizados a serem vendidos.
A venda ilegal de agrotóxicos é outro problema. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), apenas em 2011, as apreensões de produtos falsificados e contrabandeados chegaram a 55 toneladas, um aumento de 73% em relação ao ano anterior. No período entre 2001 e 2011, foram apreendidas 452 toneladas.
A fabricação de pesticidas também é um problema grave. No início do ano de 2013, duas empresas multinacionais entraram em um acordo para pagamento de indenização da ordem de R$ 200 milhões, em um caso envolvendo cerca de mil trabalhadores contaminados por substâncias cancerígenas, entre 1974 e 2002, numa fábrica de pesticidas em Paulínia, no interior de São Paulo.
O caso de Lucas do Rio Verde
Um dos casos mais graves da história é um dos menos mencionados. Em 2006, os moradores e animais da cidade de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, foram vitimas de intoxicação causada pela pulverização aérea do agrotóxico paraquat, proibido em diversos países e na União Europeia.
O produto, que era aplicado na produção agrícola da região, foi levado pelos ventos até a cidade, causando diversos problemas. Mas após estudos realizados pelo Dr. Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, foi descoberto que os problemas eram ainda maiores que o esperado.
Os moradores de Lucas do Rio Verde apresentaram problemas os mais diversos. Amostras de leite materno mostraram que 100% do material analisado tinha algum tipo de composto químico tóxico, incluindo o DDT, proibido desde 2009 no Brasil e, desde 1972, nos EUA, e o endosulfan, hoje também proibido no Brasil. Outros sintomas apresentados foram a má formação fetal, indução ao aborto, desregulamento do sistema endócrino, e o desenvolvimento de câncer.
Os dados também apontam para diversos problemas que poderão ser enfrentados por bebês, como dificuldades no desenvolvimento cognitivo e má formação física. Foram registrados também casos de vômito, diarreia e alergia de pele em crianças e idosos.
Mas o que está sendo feito sobre o assunto? O site da campanha permanente contra uso de agrotóxicos e pela vida, possui informações sobre o assunto e petições contra a utilização de agrotóxicos. Para saber mais, visite o site.