Além da gordura e do sal, as pipocas de micro-ondas carregam vários componentes danosos à saúde
Ela é um pouco mais prática, tem um cheiro bem característico e pode até parecer, mas não é igual à convencional. Estamos falando da cada vez mais popular pipoca de micro-ondas. Muitos se perguntam se a pipoca de micro-ondas faz mal. É fácil perceber que esse tipo de pipoca tem muito sal e bastante gordura, mas o que pouca gente sabe é que para a sua produção são necessários diversos procedimentos, como adição de substâncias sintéticas e preparação de uma embalagem específica que suporte temperaturas altas.
Vamos começar pela preocupação com relação à embalagem da pipoca de micro-ondas. As embalagens da maioria das comidas industrializadas prontas para consumo são especiais para impedir a absorção de água e gordura. Para que isso seja possível, elas levam componentes que são prejudiciais à saúde, como agentes perfluorados, que são considerados poluentes orgânicos persistentes (POPs) e podem ficar no ambiente por muito tempo até serem degradados. Pesquisas apontam que os perfluorados, quando descartados no meio ambiente, concentram-se em animais como águias, ursos, peixes, doninhas e mamíferos marinhos (saiba mais sobre a poluição da água e os efeitos de químicos nocivos em animais aquáticos).
Perfluorados que apresentavam longas cadeias de carbono foram banidos aos poucos do comércio interno nos Estados Unidos a partir de 2011. No ano de 2005, a Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA) dos Estados Unidos classificou os perfluorados de longa cadeia carbônica como provavelmente carcinogênicos para humanos.
Para que a gordura da pipoca de micro-ondas não passe para o exterior da embalagem, esses agentes atuam como impermeabilizantes. Os agentes perfluorados são fatores de risco para o surgimento de câncer de próstata, problemas no coração, fígado, tireoide e no sistema imunológico, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes, má formação do feto e alterações hormonais.
Outros problemas
Além do problema presente na embalagem da pipoca de micro-ondas, existem outras questões que merecem atenção: o tipo de gordura e o tipo de aromatizante que são adicionados à pipoca durante o processo de fabricação.
Olestra
A gordura adicionada na maioria das pipocas de micro-ondas atende pelo nome de olestra. Esse tipo de gordura não possui colesterol e contém zero de caloria e é usado para substituir totalmente a gordura tradicional (que aumenta os níveis de colesterol, como a gordura trans). Ela é adicionada aos salgadinhos prontos para consumo ou que necessitam de aquecimento, como é o caso da pipoca de micro-ondas.
Mas, afinal, isso faz mal? O problema da ingestão da olestra está relacionado à redução da absorção de vitaminas e carotenoides presentes nos alimentos. Por conta de uma reação que a olestra desencadeia no nosso corpo, as vitaminas A, D, E e K e os carotenoides são degradados e não conseguem ser absorvidos em quantidades suficientes pelo organismo.
Diacetil
O aromatizante mais comum que é adicionado à pipoca de micro-ondas é conhecido como diacetil. Essa substância confere “sabor queijo”, “sabor manteiga” e “sabor cheddar” à pipoca de micro-ondas. A inalação frequente de diacetil está relacionada ao desencadeamento de doenças respiratórias como bronquite e asma, além de existirem estudos que associam o consumo de produtos com diacetil ao desenvolvimento da doença degenerativa Alzheimer.
Outros problemas relacionados ao consumo de pipoca de micro-ondas industrializada envolvem o excesso de sódio e de gordura trans nesses produtos. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), marcas de pipoca de micro-ondas testadas apresentaram níveis de sódio e de gordura trans superiores aos permitidos pela Anvisa (Agência na Nacional de Vigilância Sanitária) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Leia mais sobre a gordura trans, a vilã em nosso prato).
Alternativas
No Brasil, é obrigatória a indicação da existência da gordura olestra em alimentos. Caso você não resista a uma pipoca de micro-ondas, existem marcas que não utilizam esse tipo de gordura.
A melhor alternativa é recorrer ao bom e velho milho de pipoca (crioulo), evitando o milho transgênico (entenda mais sobre o tema na matéria: “Milho transgênico: o que é e quais são seus riscos“). Use poucas quantidades de óleo e sal e faça sua pipoca sem olestra, diacetil, gordura trans e excesso de sódio. Ela é mais saudável para você e para o ambiente.
Além da panela, você também pode fazer a pipoca normal no micro-ondas – esse é o único jeito de comer uma “pipoca de micro-ondas” que não faz mal.