Também chamada de açafrão-da-terra, a cúrcuma é uma planta originária da Índia e do sudeste da Ásia. Seus benefícios vão da culinária à saúde oral
A cúrcuma é uma planta herbácea originária da Índia e do sudeste da Ásia, de nome científico Curcuma longa. Ela também é conhecida como turmérico, açafrão-da-terra ou açafrão-da-índia.
Suas lindas flores brancas são similares às de uma bromélia, mas a parte mais utilizada é sua raiz tuberosa. É dela que se extrai a cúrcuma usada como tempero. Entre os benefícios da cúrcuma, estão suas ações digestiva, anti-inflamatória e cicatrizante.
Na hora de comprar a cúrcuma como tempero, cuidado para não confundir o açafrão-da-terra com o açafrão verdadeiro. Pois é conhecida assim no Brasil a especiaria extraída da Crocus sativus, originária da região do Mediterrâneo. O açafrão é mais caro do que a cúrcuma, já que são necessárias 150 mil flores para um quilo de açafrão seco. Os estigmas das flores precisam ser extraídos manualmente.
Já a cúrcuma, ou só açafrão, pertence à mesma família do gengibre (Zingiberaceae). O seu sabor e coloração às vezes são associados aos do açafrão verdadeiro, daí o nome açafrão-da-terra.
A parte usada como especiaria é a raiz da cúrcuma, que é limpa, seca e moída. Além de ser comum na culinária indiana e asiática, a cúrcuma também é usada na medicina alternativa por conter propriedades medicinais. Na Ásia, o vegetal integra receitas de cosméticos como máscaras faciais e pomadas para pele oleosa.
A cúrcuma pode ser utilizada também como corante natural para o tingimento de tecidos. Na Índia, ela foi muito usada para tingir de amarelo os mantos de monges budistas.
Para o que serve?
Cúrcuma na culinária
A raiz da cúrcuma é um alimento altamente energético. O vegetal é aromático e possui sabor picante, assim como seu primo gengibre. No sul da Índia, o açafrão-da-terra é consumido cru.
Devido à presença do pigmento curcumina, a raiz revela uma superfície de cor laranja forte quando cortada. Por esse motivo, é muito utilizada como corante alimentício natural em laticínios, bebidas, mostarda e macarrões.
Apesar do condimento ser muito utilizado para colorir pratos, não se deve esquecer que ele possui sabor amargo e picante. O curry, condimento muito popular na Índia, e em outros países asiáticos, é uma mistura de especiarias que leva cúrcuma em sua receita. E é a cúrcuma que confere a cor amarela ao pó de curry.
As folhas do vegetal são aromáticas e podem ser utilizadas na culinária. Elas podem ser empregadas para aromatizar receitas, o seu cheiro é semelhante ao da manga verde. Elas servem também como embrulho para pratos como peixes assados e bolinhos de arroz. O prato indiano Patholi ou Kadabu é servido em festividades. Ele utiliza as folhas longas de cúrcuma para embalar uma espécie de pamonha doce de arroz recheada de coco temperado com cardamomo.
Uso medicinal
Os benefícios da cúrcuma não se aplicam apenas à culinária. A raiz é muito utilizada na medicina alternativa. Os principais componentes responsáveis pelo uso medicinal da planta são a curcumina e seus derivados.
A curcumina é o pigmento de tom amarelo alaranjado presente no açafrão-da-terra que tem sido muito estudado por suas ações bioativas. O uso medicinal da cúrcuma é muito comum na medicina ayurvédica (sistema medicinal característico da Índia Antiga).
Na ayurveda, a curcumina é utilizada como:
- Antialérgico
- Digestivo
- Inibidora de gases intestinais
- Anti-inflamatório
- Cicatrizante
- Reduzir irritação no estômago e enjoo
- Antioxidante (que lida com os danos causados por radicais livres)
- Tratamento de patologias respiratórias
Diversos medicamentos utilizados atualmente derivam da medicina ayurveda. A curcumina tem sido utilizada no tratamento de câncer, artrites, diabetes, doença de Crohn, doenças cardiovasculares, osteoporose, doença de Alzheimer, psoríase, entre outras.
Há também pesquisas, ainda não suficientemente fundamentadas, que demonstram o potencial da cúrcuma na saúde oral. Devido a suas propriedades anti-inflamatórias, ela:
- Ajuda a aliviar dores de dente e inchaços;
- Auxilia no tratamento de gengivite;
- Combate a bactéria que causa placa e cáries dentárias;
Para saber mais, confira a matéria:
Um estudo mostrou que o extrato de cúrcuma também ajuda a aliviar dores no joelho causadas pela osteoartrite. Pacientes tratados com suplementos de cúrcuma tiveram redução da dor, em comparação ao grupo controle. Mas, a raiz não alterou aspectos estruturais da osteoartrite do joelho, de modo que sua ação é sobretudo analgésica.
Diversos estudos relatam resultados positivos em relação à ação anti-inflamatória e antibacteriana da cúrcuma. As pesquisas revelam efeitos positivos em diversas formas de uso, como extratos, soluções e administração oral e intraperitoneal.
Literatura científica e cúrcuma
A curcumina suprimiu uma grande variedade de micro-organismos em pesquisas in vitro. Além de mostrar-se antiparasitária, antiespasmódica e estimular atividades de enzimas responsáveis pela digestão. Existem também experiências que mostram os potenciais efeitos anti-inflamatórios e antiparasitários da curcumina. De acordo com outra pesquisa, a curcumina também promove a desintoxicação do fígado.
A curcumina é citada na literatura científica como um agente cerebral anti-inflamatório. Dessa forma, pacientes com Alzheimer, esclerose múltipla e demência provocada pelo HIV poderiam ser beneficiados pelo seu consumo. Ela repara células tronco cerebrais. Além disso, existem diversos relatos da curcumina como um antiviral que age como inibidor da replicação da proteína integrase de HIV-1.
Outros estudos também indicam que a curcumina estimula a vesícula biliar a produzir bile, podendo ajudar a prevenir aterosclerose. A condição é acúmulo de placas que podem bloquear artérias e levar a ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral. Pesquisas também apontam que ela pode auxiliar no tratamento de uveíte (uma inflamação da íris do olho).
Dentre suas potencialidades exploradas por estudos científicos, destaca-se seu uso na prevenção do câncer e também durante seu tratamento. De acordo com as pesquisas, ela possui ação na inibição de mutagênese e carcinogênese. Quando somada com a atividade anti-inflamatória e antioxidante, inibe também a resposta de neutrófilos e a formação de superóxidos em macrófagos.
Assim, a cúrcuma inibe o surgimento e a progressão de cânceres. Existem pesquisas do uso da curcumina no tratamento do melanona, por estimular a apoptose, ou seja, a morte de células diferenciadas. Contudo, mais pesquisas são necessárias.
Não é indicado usar apenas terapias alternativas no tratamento do câncer. Se você optar por usar terapias complementares juntamente com seu tratamento, consulte seus médicos.
Qual é a diferença entre cúrcuma e açafrão?
As duas são plantas bem diferentes. Conheça o açafrão verdadeiro:
Como já dissemos, é preciso estar atento: cúrcuma e açafrão não são a mesma coisa. Muitos confundem a cúrcuma com o açafrão, que é uma especiaria rara extraída dos pistilos de flores de Crocus sativus.
O açafrão verdadeiro, como é chamado no Brasil, é um item essencial da paella espanhola. Ele também confere coloração forte aos alimentos, mas é muito mais caro, sendo chamado até de ouro vermelho. A cúrcuma tem sabor e aroma muito diferentes dos do açafrão verdadeiro. De modo que a substituição de um pelo outro causa notáveis mudanças na receita.
Quais são os efeitos colaterais da cúrcuma?
Em excesso, a cúrcuma pode causar alguns efeitos negativos na saúde gastrointestinal, resultando possivelmente em dores de estômago, diarreia e refluxo ácido. Além disso, o consumo excessivo de suplemento de cúrcuma pode aumentar os níveis de oxalato urinário, facilitando a formação de cálculos renais.
Para evitar possíveis complicações, não exceda o valor diário recomendado, que é de aproximadamente 1,4 miligramas por quilo – até 12 gramas. Então, é possível consumir cúrcuma todos os dias seguindo esses valores.