Saiba quais são os prejuízos dos organoclorados aos humanos e ao meio ambiente
Um organoclorado, organocloro, organocloreto, organocarbono ou hidrocarboneto clorado é um composto orgânico muito empregado pela indústria desde a década de 1940. Essas substâncias orgânicas podem ser encontradas nos agrotóxicos, utilizadas nos alimentos como pesticidas e outros defensivos agrícolas.
Também são encontradas nas tintas, no plástico, no verniz, entre outros. Elas se dividem nos grupos toxafeno, hexaclorocicloexano, dodecacloro, clordeconae ciclodienos. Além disso, são parte da composição do DDT — um inseticida orgânico desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial.
Como agem os organoclorados na agricultura?
Na agricultura, os organoclorados são utilizados em larga escala como pesticidas. Seu uso tem como finalidade viabilizar a produção agrícola através do extermínio de pragas. Isso porque essas pragas, muitas vezes, acabam com a produção de alimentos.
O problema, entretanto, é que os compostos organoclorados permanecem ativos no meio ambiente por grandes períodos após seu uso. Isso prejudica os ecossistemas ao contaminar solos, alimentos, água, ar e organismos. Eles chegam ao solo não só pela aplicação direta, mas também pelo seu uso em sementes.
As águas da chuva podem transportá-los para rios e lagos e esses pesticidas também podem se infiltrar no solo e contaminar águas subterrâneas.
Cerca de 25% da produção de organoclorados chegam ao mar por meio da atmosfera e podem entrar na cadeia alimentar oceânica.
Organoclorados no Brasil
A partir de 1970, a política de incentivo ao crédito agrícola obrigava os agricultores a utilizarem pacotes tecnológicos desnecessários. Esse incentivo tinha o objetivo de estimular a produção voltada à exportação,
Nesses pacotes estavam os pesticidas recomendados para o controle de pragas e doenças, mesmo sem ocorrência de pragas.
Quais são os problemas causados com o uso dos organoclorados?
A contaminação por organoclorados é mundial, e já é possível encontrá-los até na neve do Alasca.
A persistência no ambiente dessas substâncias (alta resistência à degradação química e biológica) prejudica a reprodução da truta-do-mar, da águia-marinha, dos golfinhos, dos falcões, das águias e dos açores, afetando a cadeia alimentar inteira, inclusive o ser humano.
Intoxicação nos seres humanos
Os organoclorados não se diluem em água, por outro lado, são solúveis em gordura. E os animais, incluindo os seres humanos, são muito ricos em gordura, por isso, a persistência dessa substância em nossos organismos é tão grande.
Podemos absorver os organoclorados pela pele, pela respiração, por meio do contato direto com o trabalho na indústria ou via exposição diária a materiais que contenham essas substâncias. Alguns deles incluem vernizes, paredes, plásticos e alimentos contaminados.
Se for absorvida uma dose elevada num curto espaço de tempo, os sintomas são imediatos. Eles podem ser reversíveis, mas também podem ser fatais.
Se a absorção de organoclorados for menor e em longo prazo, é pior. Isso porque não há sintomas, e os danos são irreversíveis.
Os organoclorados absorvidos pelo ser humano têm potencial de causar lesões renais, no fígado, no cérebro, no coração, na medula óssea, no córtex da supra-renal e no DNA (causando câncer).
Além disso, eles podem prejudicar o sistema nervoso central e o sistema reprodutivo, trazendo outros efeitos adversos à saúde, como óbito fetal, aborto espontâneo, diminuição de peso e tamanho do recém-nascido, depressão do sistema imunológico e redução da resistência óssea.
Mulheres são mais prejudicadas
As mulheres que também trabalham diretamente em contato com organoclorados na indústria e na agricultura estão expostas a esse tipo de substância tanto pelo contato com produtos do dia a dia que possuem organoclorados quanto por alimentos contaminados.
Entretanto, por possuírem maior quantidade de gordura corporal e maior variação hormonal, elas são mais prejudicadas que os homens, acumulando maior quantidade de organoclorados no organismo ao longo dos anos.
Por isso, há maior quantidade de mulheres afetadas pelo câncer de mama, fibromialgia, fadiga crônica e pela Síndrome de Hipersensibilidade Química Múltipla que os homens, geralmente diagnosticada como alergia.
Quem consome carne e leite é mais prejudicado ainda
O tecido do animal e o leite estão repletos de organoclorados oriundos da ração feita de soja contaminada. Isso acontece pois eles são substâncias lipossolúveis, ou seja, que se dissolvem em gordura.
Por isso, quem consome carne e leite, tem um acúmulo ainda maior de organoclorados que o grupo dos veganos.
Um estudo publicado pelo jornal pediátrico escandinavo Acta Paediatr Scand mostrou maior presença de agrotóxicos no leite materno de mulheres onívoras em relação às vegetarianas.
Incentivar a agricultura orgânica é uma saída
Uma forma de reduzir a exposição aos organoclorados é priorizar o consumo de alimentos orgânicos. Fazer campanha para diminuição e eliminação dos organoclorados da produção de alimentos também vale a pena!