Ao contrário do que havia sido informado anteriormente, apenas uma barragem se rompeu em 5 de novembro
Representantes da Samarco, que é controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, mineradora responsável pela barragem que se rompeu em Mariana (MG), no dia 5 de novembro, disseram, no último dia 17, que há riscos de rompimento das represas de Santarém e de Germano, que ficam próximas à do Fundão (que se rompeu). Eles afirmaram ainda que a de Santarém não se rompeu, diferentemente do que a empresa vinha informando até agora.
“Tem o risco e nós, para aumentarmos o fator de segurança e reduzirmos o risco, estamos fazendo as ações emergenciais necessárias”, disse o gerente-geral de Projetos Estruturais da Samarco, Germano Lopes.
“O monitoramento dessas barragens está sendo feito de forma online. Todos os dias os fatores de seguranças são reportados. A gente não percebeu ainda nenhuma movimentação nessas barragens. Existe uma plano de ação montado [caso haja rompimento da barragem]”, completou o diretor de Operações e Infraestrutura da empresa, Kléber Terra.
Segundo Terra, o fator de segurança na barragem de Santarém é 1,37. Na de Germano, o dique Celinha, uma das estruturas que sustenta a barragem, tem índice de 1,22, o menor em todo o complexo. Esse índice vai de 0 a 2. O nível mínimo de segurança recomendado por lei é 1,5.
De acordo com os técnicos, estão sendo feitas obras emergenciais nas duas barragens, com a colocação de blocos de rocha de cima para baixo para reforçar a estrutura. Nesta semana, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais divulgou imagens feitas por drones da corporação que mostram uma rachadura na barragem de Germano.
“Nós estamos com aproximadamente 90 dias para transportar todo o material lá pra baixo, fazermos o preenchimento da erosão na margem direita, nivelamento da crista da barragem, de forma a aumentar o nível de segurança da estrutura e permitir o tratamento da água dentro do reservatório de Santarém”, disse o engenheiro e geotécnico da empresa José Bernado.
No dia 17, os representantes da empresa explicaram que a única barragem que se rompeu foi a de Fundão, diferentemente do que a própria Samarco informava desde o dia da tragédia. A empresa dizia que, além de Fundão, Santarém havia rompido. Segundo os técnicos, 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos desceram, provocando erosão em Santarém.
Para o Kléber Terra, “não é o caso de pedir desculpas” à população pela tragédia. “Nós somos profissionais orgulhosos dessa empresa. Não acho que seja o caso de pedir desculpas. É o caso de verificar claramente o que aconteceu. Nós somos parte de um processo que foi muito sofrido para tudo mundo”, afirmou o diretor de Operações e Infraestrutura da Samarco. Ele disse ainda que “não está poupando recursos” para investigar as causas do rompimento.
O absurdo caso
O rompimento da barragem de rejeitos da Samarco criou uma onda de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. A lama atingiu outros municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo e, passando inclusive por unidades de conservação e chegou ao rio Doce, causando a devastação da flora e da fauna locais e prejudicando o abastecimento de água (níveis de ferro, manganês e alumínio apresentaram valores absurdamente mais altos que os considerados seguros). São mais de 600 hectares de áreas de proteção ambiental nas margens dos rios cuja cobertura vegetal foi totalmente perdida. Doze pessoas permanecem desaparecidas. Sete mortos foram identificados e quatro corpos aguardam identificação. O governo federal começou a aplicar multas na empresa, após demorar cerca de uma semana para agir.