Relatório apoiado pelas Nações Unidas revela que fungos podem ajudar o mundo a se livrar dos plásticos ao degradar poliuretano
Um novo relatório apoiado pelas Nações Unidas e divulgado no fim de outubro revela que fungos podem ajudar o mundo a se livrar dos plásticos ao degradar poliuretano em questão de semanas.
De acordo com o relatório inédito “State of the World’s Fungi”, cientistas do Kew Botanical Gardens, em Londres, relataram que esses organismos possuem o potencial de quebrar resíduos de plástico – um avanço importante em um momento de reverter a onda tóxica que está matando vida marinha e poluindo os oceanos.
A cada ano, ao menos 8 milhões de toneladas métricas de plástico vão parar nos mares e oceanos, frequentemente se decompondo em pequenos microplásticos que acabam indo parar na nossa cadeia alimentar.
A cientista sênior do Kew Gardens, Ilia Leitch, disse que outros fungos e microrganismos também estão sendo explorados por seu potencial de degenerar diferentes tipos de plástico, explicando que “ao entender como os fungos quebram estas ligações e quais são as condições favoráveis, você pode então aumentar a velocidade com que eles fazem isso”.
O relatório do Kew Gardens mostra o tipo de pioneirismo que estará presente na 4ª Assembleia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em março do ano que vem, sobre “soluções inovadoras para desafios ambientais e produção e consumo sustentável”.
Destacando que pode haver até 3,8 milhões de espécies de fungos, com somente 144 mil catalogadas, os autores – uma equipe de cerca de 100 cientistas de 18 países – afirmam que mais pesquisas sobre estes organismos podem fornecer respostas para alguns dos maiores desafios da humanidade.
O relatório explicita que avanços em suas aplicações na agricultura podem se transformar em segurança alimentar melhorada, sustentabilidade ambiental e aumento das receitas de produção.
Além de reciclar nutrientes e ajudar safras a crescerem com maior eficiência, fungos também fornecem componentes que produzem antibióticos, imunossupressores e estatinas que bloqueiam ação enzimática hepática produtora de colesterol.
De acordo com a ONU Meio Ambiente, há evidências crescentes de que a mudança climática está afetando as variedades de espécies e de biodiversidade em maneiras que ainda não são compreensíveis. Os próprios fungos estão sob ameaça, especialmente em áreas de altas latitudes, onde temperaturas médias continuam crescendo, como no Ártico. Estas mudanças já afetam a reprodução dos fungos, sua distribuição e atividades geográficas, com possíveis efeitos para nossos ecossistemas.
“Espécies reagem de formas diferentes à mudança climática, o que perturba a interação entre elas”, disse Niklas Hagelberg, especialista da ONU Meio Ambiente sobre mudança climática e ecossistemas.
“Isto complica ainda mais a conservação: nós precisamos acrescentar rapidamente o tema da mudança climática aos esforços de gerenciamento de nosso ecossistema”.