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Apelo pede que chefes de Estado e Governo mantenham a ação contra as mudanças do clima no topo de sua agenda política

Ursos polares. Foto: Flickr (CC)/Angell Williams

A Conferência da ONU sobre Mudança do Clima desse ano, a COP24, já acabou, mas a luta contra o aquecimento global continua. Governos, sociedade civil, setor privado, líderes religiosos e cidadãos de todo o planeta estão convocados pelo Talanoa Call for Action (Chamado de Talanoa à Ação) a fazer a sua parte para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

O apelo — que leva o nome de uma tradição das Ilhas Fiji em que membros de uma comunidade se reuniam para resolver problemas coletivos — pede que chefes de Estado e Governo mantenham a ação contra as mudanças do clima no topo de sua agenda política. O documento reconhece que medidas climáticas tomadas até 2020 serão vitais para colocar o no mundo no caminho adequado rumo ao cumprimento do Acordo de Paris.

Lançado durante a COP24 pelas presidências da conferência deste ano e do ano passado (Polônia e Fiji), o Chamado de Talanoa cobra que todos os países fortaleçam suas políticas nacionais e seus mecanismos regulatórios e institucionais na área climática até 2020 e também posteriormente. As nações, segundo o documento, devem criar um contexto estável que estimule o investimento e a ação em adaptação, mitigação e resiliência às mudanças do clima.

A convocatória também aponta que governos devem antecipar e combater efeitos negativos das transformações do planeta causadas pelo homem, em particular quando as consequências das mudanças climáticas afetarem trabalhadores.

O apelo de Talanoa pede ainda que os países-parte da Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) estabeleçam planos de desenvolvimento de baixo carbono.

O chamado pede que governos e agências internacionais ampliem a cooperação técnica e financeira em prol das metas do Acordo de Paris, que incluem conter o aquecimento global a 2º C ou 1,5º C, numa perspectiva mais ambiciosa, até o final do século. O tratado também prevê uma economia neutra em carbono até 2100.

Um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que uma elevação média da temperatura mundial a 2º C terá efeitos catastróficos — incluindo o desaparecimento de todos os recifes de corais do planeta e o degelo anual da Antártida durante o verão, além do agravamento de estiagens e processos de desertificação.

A pesquisa aponta a necessidade urgente de restringir o aquecimento global a 1,5º C. Para manter-se nesse teto, será necessário reduzir o volume de gás carbônico lançado na atmosfera em 45% até 2030 — tendo como base os níveis de 2010. Também será preciso zerar as emissões líquidas de gás carbônico até 2050.

E quem não é um país? Qual é o seu papel na ação de Talanoa?

O apelo de Talanoa também chama o mundo corporativo — de investidores e empreendedores, das pequenas e médias empresas às grandes corporações — a desenvolver planos e metas de transição, com vistas a reduzir emissões de gases do efeito estufa e cumprir o Acordo de Paris. O texto pede que líderes do setor privado sejam impulsionadores da mudança e exemplos de liderança em seus respectivos setores e cadeias de produção.

À sociedade civil, a convocatória da COP lembra a importância de estimular a vontade política e pública para apoiar o Acordo de Paris. “Chamamos eles (os líderes civis) a envolver as lideranças políticas, influencia e desafiar normas, ampliar a conscientização e mobilizar ação nos níveis regional, nacional e local”, diz o documento.

O chamado de Talanoa faz ainda um pedido específico aos líderes espirituais e religiosos, para que ajudem suas comunidades a se reconectar com as maravilhas da natureza e da criação, nutrindo o amor pelo planeta e fomentando a compaixão e a reconciliação.

A ação de Talanoa também chama os jovens a se mobilizar em maior escala, a fim de garantir que seu futuro seja protegido. De acordo com a convocatória, todas pessoas devem tomar consciência e ação em relação às preocupações particulares da juventude quanto às mudanças climáticas.

Por fim, o apelo convoca gestores a adequar sistemas de educação, com o intuito de ajudar os jovens a entender, combater e se adaptar às mudanças climáticas.

“Convocamos todos a agir com urgência e a reconhecer que estamos numa corrida contra o tempo. Temos de agir agora para garantir um desenvolvimento sustentável e a preservação da vida na Terra tal como a conhecemos”, conclui o chamado.

O texto é fruto da iniciativa Diálogo de Talanoa, lançada pelo governo de Fiji durante a COP23 para promover debates em todo o planeta sobre as mudanças climáticas. Ao longo de 2018, agências internacionais, governos, empresas, ativistas e pesquisadores participaram de diálogos sobre o aquecimento global, suas consequências locais e mundiais e suas soluções.

Na COP24, que aprovou o Talanoa Call for Action, o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, celebrou os eventos organizados sob o guarda-chuva da proposta, mas ressaltou que as discussões precisam ser acompanhadas de ações.

“Juntos, temos de reconhecer a gravidade do desafio que enfrentamos, a necessidade aumentar as nossas contribuições coletivas, nacionalmente determinadas, em cinco vezes, (é necessário) cinco vezes mais ambição, se quisermos alcançar a meta do 1,5 ºC”, disse o dirigente.

“Juntos, temos de aceitar sem reservas a ciência e a previsão de que nossas NDCs atuais (sigla para as metas nacionais de cada país junto ao Acordo de Paris) nos colocam numa meta de aquecimento de pelo menos 3º C até o final do século.”

Acesse o Chamado de Talanoa à Ação clicando aqui (em inglês).


Fonte: ONU Brasil

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