Dieta baseada em vegetais pode mudar para melhor o futuro do planeta, dizem os cientistas da Lancet
A Comissão EAT-Lancet de Food, Planet, Health reuniu mais de 30 cientistas líderes de todo o mundo para chegar a um consenso científico sobre o que é uma alimentação saudável e sustentável. O estudo, publicado na revista The Lancet, concluiu que a produção e o consumo de alimentos devem mudar drasticamente para evitar milhões de mortes e danos catastróficos para o planeta.
A saída para evitar esses dois cenários é uma mudança significativa na dieta: comer metade da quantidade de açúcar e carne vermelha que é consumida atualmente e dobrar a quantidade de vegetais – isso inclui grãos, legumes, folhas, vegetais, frutas secas e frescas.
Os pesquisadores da comissão afirmam que se as pessoas seguissem essa dieta, mais de 11 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas a cada ano, as emissões de gases do efeito estufa seriam reduzidas e mais terra, água e biodiversidade seriam preservadas.
De acordo com os especialistas, quem não consegue aderir à dieta baseada em vegetais deveria limitar o consumo de carne vermelha a 14 gramas por dia (cerca de 30 calorias – um hambúrguer de 400 gramas contém cerca de 450 calorias), não mais do que 29 gramas de frango (cerca de um nugget e meio) e 13 gramas de ovos, ou o equivalente a um ovo e meio por semana!
O co-autor do estudo Tim Lang, professor da Universidade de Londres, disse que a gravidade da situação está no fato de não ser possível alimentar uma população crescente de 10 bilhões de pessoas até 2050.
“A comida que comemos e como a produzimos determina a saúde das pessoas e do planeta, e atualmente estamos errando seriamente”, disse Lang.
Doenças potencialmente fatais, incluindo obesidade, diabetes, desnutrição e vários tipos de câncer, que estão ligadas à dieta à base de ingredientes de origem animal, matam, no mundo, mais do que as doenças causadas por sexo inseguro, álcool, drogas e tabaco juntos.
Mas as mudanças na dieta seriam mais sentidas em algumas regiões do que em outras. Na América do Norte, por exemplo, as pessoas comem quase 6,5 vezes a quantidade recomendada de carne vermelha, enquanto as pessoas no sul da Ásia comem apenas metade da quantidade sugerida pela dieta planetária.
“Mais de 800 milhões de pessoas têm comida insuficiente, enquanto muitas consomem uma dieta pouco saudável que contribui para a morte prematura e doenças”, disse Walter Willett, da Universidade de Harvard. “Se não conseguirmos chegar lá, é melhor tentar chegar o mais perto possível.”